Oi (OIBR3): qual a situação atual da companhia, que enfrenta sua segunda recuperação judicial?

A desaceleração econômica gerada pelo ciclo de alta de juros nos últimos dois anos no Brasil contribuiu para que o número de casos de recuperação judicial de empresas no Brasil saltasse no primeiro semestre de 2023, um cenário já conhecido pela Oi (OIBR3), que solicitou pela segunda vez na história no mês de março.

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Segundo dados do Serasa Experian divulgados pelo jornal O Estado de S. Paulo em julho, o total de pedidos de recuperação judicial chegou a 593 no primeiro semestre deste ano, alta de 52,1% na base anual e o maior volume registrado em três anos. Além da Oi, integra a lista a Americanas (AMER3), que entrou com a solicitação no mês de janeiro.

“Basicamente, em um intervalo de 2 anos, vimos a taxa básica de juros subir de 2% para 13,75%, processo que encarece o crédito corporativo, dificulta a negociação de dívidas e desaquece a economia. Todos esses fatores colocaram à prova a saúde financeira das empresas e, como consequência, alguns nomes ficaram no meio do caminho”, diz Heitor De Nicola, especialista de renda variável e sócio da Acqua Vero.

No caso da tele, os números do último balanço da companhia refletem um momento considerado desafiador, na visão dos analistas. 

No segundo trimestre de 2023, a Oi reportou um prejuízo líquido de R$ 845 milhões, aumento de 70% em relação às perdas reportadas no mesmo período de 2022 (R$ 497 milhões). O número, entretanto, foi 33,4% menor do que o prejuízo registrado no primeiro trimestre, que chegou a R$ 1,267 bilhão.  

Oi: financiamento ajudou a reforçar caixa da empresa

Um dos destaques citados no relatório da Oi no 2T23 foi a primeira tranche do financiamento DIP, recebida em junho de 2023. O montante, que chegou a US$ 200 milhões, ajudou a reforçar a posição de caixa da empresa, que atualmente está na casa dos R$ 2,6 bilhões. 

No período, os juros líquidos tiveram queda com a diminuição do endividamento da Oi, em razão dos pré-pagamentos feitos no 2T22, depois de concluídas as vendas de ativos. Ao todo, segundo a tele, a dívida bruta da Oi chegou a R$ 23,7 bilhões no segundo trimestre, crescimento anual de 12,3%, impactada positivamente devido à variação cambial.

Assim, De Nicola acredita que, apesar de contribuir para uma melhora dos negócios, a Oi segue com problemas em relação aos custos e despesas, endividamento e queima de caixa. “O cenário segue turbulento e sem uma perspectiva de melhora no curto prazo, mesmo com o reforço no caixa da empresa”.

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Foco está na redução do consumo, diz CEO da Oi

Em teleconferência de resultados logo após a divulgação do balanço, Rodrigo Abreu, CEO da Oi, informou que o plano de recuperação judicial da companhia inclui uma série de passos para manter a operação em funcionamento de forma adequada até que todo o processo seja concluído, sem dar maiores detalhes.

Segundo Abreu, o intervalo entre os meses de abril e junho foi um dos primeiros em que a companhia começou a se aproximar de uma comparação anual mais ‘limpa’, sobretudo depois da operação de venda dos ativos mobile.

Ainda de acordo com o CEO, a partir da entrada do montante via DIP, se discutem então as condições para a entrada de dinheiro novo na companhia. O plano prevê a entrada de um aporte que garanta a cobertura do consumo operacional, enquanto a Oi não gera caixa livre

A expectativa é de que esses novos recursos cheguem à empresa entre o final do primeiro e início do segundo trimestre de 2024, informou o executivo da Oi, que está focada em reduzir o consumo mais do que qualquer outra coisa no momento.  

Segundo Heitor De Nicola, da Acqua Vero, dada a atual situação da empresa, é difícil dizer qual a “melhor estratégia” neste momento. Para ele, Abreu tem um grande desafio em suas mãos e, aparentemente, uma estratégia bem definida. 

“A recuperação judicial foi o primeiro passo para a Oi recuperar sua estabilidade, um processo que, segundo o próprio CEO, é complexo, difícil e doloroso, porém necessário. Portanto, é fundamental acompanhar de perto o processo de recuperação judicial, além das novas informações sobre e dos próximos resultados e fatos relevantes para entender a efetividade da estratégia adotada pela Oi”, destacou.

Perspectivas para o futuro

Para o futuro, é natural se esperar por uma melhora no cenário da Oi, sobretudo com a entrada em um ciclo de queda para os juros para os próximos meses, diz De Nicola. 

Vale lembrar que no início do mês, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, anunciou o primeiro corte da taxa Selic desde agosto de 2020. A taxa caiu de 13,75% ao ano para 13,25%. A decisão não foi unânime, mas chamou a atenção pela intensidade do ajuste, abrindo caminho para um maior afrouxamento monetário.

“Ainda assim, é importante lembrar que esse processo leva tempo e deve acontecer de forma gradual para a empresa, à medida que a economia comece efetivamente a responder aos estímulos econômicos”, finalizou o especialista.

Desempenho das ações da Oi

Cotação OIBR3

Gráfico gerado em: 23/08/2023
1 Ano

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Giovanni Porfírio Jacomino

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