Vale (VALE3): sustentabilidade é um atrativo para investimentos, diz Tiago Reis, fundador da Suno

Mesmo com as incertezas em relação aos rumos da economia da China, principal mercado para o minério de ferro da Vale (VALE3) desde 2006 e que responde atualmente pelo consumo de 60% da produção da mineradora, a preocupação da companhia com a sustentabilidade pode ser um atrativo em relação aos investimentos, tornando a empresa mais competitiva, disse Tiago Reis, fundador da Suno, durante o Suno Invest.

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“Se eu comprar uma empresa como a Vale, além do acesso a um minério muito puro, a gente acredita que a companhia tenha uma vantagem competitiva por essas preocupações de emissões de gás carbônico. Existem preocupações crescentes, inclusive na China, de ter uma indústria mais amigável com o meio ambiente. Quando você tem um minério mais puro, consegue produzir o mesmo aço com menos minério de ferro e, por esse motivo, emite menos gás carbônico. Então a Vale é uma das empresas que se beneficiam disso. Quem comprou ou vendeu com base nessa métrica fez um bom negócio”, destacou.

A queda de 78% no lucro líquido da Vale, segundo balanço do segundo trimestre divulgado no fim de julho, refletiu não só a maior apreciação do real diante do dólar no período como também os preços menores do minério de ferro e do níquel, além de algumas provisões tributárias.

Reis lembrou que em meados de 2015 o minério de ferro da China era negociado a um preço muito baixo, o que fez com que quase todas as unidades que produzem o material no país fossem fechadas. “Isso tira oferta do mercado e, dada a mesma demanda, quando você tira oferta o preço sobe. E a mesma coisa acontece quando o preço fica muito alto: vem muita oferta para o mercado”, pontuou.

Assim, de acordo com o fundador da Suno, quando o preço da commodity fica muito lucrativo, novas ofertas acabam sendo levadas para o mercado. “A gente não fica muito tentando adivinhar o que vai acontecer na China. Vai reabrir economia? Vai aumentar demanda? Nunca foi esse o nosso racional, porque a gente acha que é muito difícil prever isso, ainda mais no curto prazo“, afirmou.

Vale lembrar que desde março, quando o minério atingiu o pico de US$ 130 por tonelada, a cotação do insumo segue em queda livre e atualmente é negociada na casa dos US$ 110, com perspectiva de recuo nos próximos meses.

O Banco Goldman Sachs estima que a commodity possa bater US$ 90 já no segundo trimestre, devido à contração do setor imobiliário na China e dos ventos contrários à indústria globalmente.

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Vale pagará 12% em dividendos em 2023, projetam analistas

Em análise sobre as ações da Vale, os especialistas do BTG Pactual reiteraram sua recomendação de compra para as ações, com preço-alvo de US$ 18 para as ADRs – ante uma cotação de cerca de US$ 12.

Segundo as projeções da casa, os dividendos da Vale devem representar um dividend yield (DY) de 12% neste ano, ante 8,8% registrados no ano anterior.

Para o ano de 2024, a projeção é de um DY de 11,3%.

Os analistas do BTG recentemente estiveram com executivos da Vale, justamente em um momento de volatilidade e aumento de preocupações, apesar do “ainda razoável de interesse no nome”.

“Sem surpresa, boa parte das reuniões foi sobre o ambiente macro da China, onde a Vale detém uma visão mais construtiva vista do que os mercados. A empresa está observando bastante tendências de demanda estáveis na China (conflitando com o colapso dos dados do mercado imobiliário), com os estoques de minério de ferro e aço em tendência de queda, o que pode explicar os preços do minério de ferro atualmente acima de US$ 100 por tonelada”, diz a casa.

Segundo os analistas, a empresa reconhece que há “muito ceticismo sobre execução lá fora”. Apesar disso, destaca que há um valuation e potencial de crescimento subestimados para a empresa, além da “possibilidade de dividendos especiais de US$ 2,4 bilhões”.

Os especialistas apontam que durante o primeiro semestre a companhia passou por uma série de contratempos operacionais, o que exerceu pressão sobre as ações VALE3.

“Agora estamos mais confiantes de que a o desempenho de custo deve continuar a melhorar no futuro – acreditamos que há muito pouca auto-ajuda precificada ações neste momento. A Vale também continua sendo um de nossos nomes preferidos para exposição a a reaceleração da economia chinesa, enquanto o governo se esforça para alcançar suas metas de crescimento de cerca de 5% para este ano”, analisa o BTG.

“Nós saudamos a entrada de um acionista de referência (Cosan) no conselho da Vale e a de metais básicos monetização como um catalisador de liberação de valor para investidores de longo prazo. Em nossas previsões revisadas, a Vale negocia a cerca de 4x EV/EBITDA de 2023 e um FCF yield implícito de 9%. Nós acreditam que a empresa pode retornar cerca de 10-12% de rendimentos aos acionistas na forma de dividendos”, completa.

Desempenho das ações da Vale

Nos últimos pregões, a Vale mostra uma queda de 2,8% nas suas ações, a R$ 61,22. Em uma janela mais longa, desde o início do ano, os papéis caem 31,5%.

Cotação VALE3

Gráfico gerado em: 21/08/2023
1 Dia

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Giovanni Porfírio Jacomino

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