Após semestre desafiador, fundos de ações e ETFs de renda variável atraem investidores e aumentam captação
Após um primeiro semestre difícil, o mercado brasileiro de renda variável começa a mostrar sinais de otimismo, melhorando junto com o bom humor dos investidores em relação aos ativos de risco. O início confirmado do ciclo de corte de juros pelo Banco Central, agora em agosto, vem impulsionando desde o fim de junho um interesse maior por fundos de ações e ETFs (fundos de índice). Os fundos de investimento responderam por R$ 1,55 bilhão (29%) do total, aumento de 2% em relação a dezembro.
A alta do Ibovespa contribuiu para que os fundos de ações terminassem os primeiros seis meses com participação de 19,4%, retornando ao patamar de dezembro de 2021. A classe fechou o último semestre com R$ 231,7 bilhões investidos, alta de 4,5%.
Os fundos de renda fixa acumularam R$ 520,6 bilhões, aumento de 2,3%. Os multimercados seguiram em linha com o visto no semestre anterior, com R$ 657,8 bilhões.
Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os fundos de ações tiveram em julho o melhor resultado em captação desde agosto de 2021. Embora ainda tenha havido mais saídas do que entradas, o montante final captado alcançou R$ -261,6 milhões.
Essa recuperação é significativa, considerando que os fundos de ações enfrentaram meses de forte resgate ao longo deste ano, com o ápice das saídas em janeiro de 2021, totalizando R$ 23,3 bilhões em resgates líquidos. O aumento do fluxo para esses fundos também é atribuído ao maior interesse pelo risco e pelas ações, conforme revelado por uma pesquisa da XP com assessores.
Além dos fundos de ações, os ETFs de renda variável estão atraindo mais investidores. Após um mês com mais saídas do que entradas em junho, esses ETFs apresentaram captações líquidas positivas de R$ 966,4 milhões em julho. O desempenho foi liderado por ETFs ligados a finanças descentralizadas e criptoativos, que registraram ganhos expressivos.
Os fundos imobiliários cresceram 14,25% nos primeiros seis meses do ano e acumulam R$ 105 bilhões em investimento. A classe passou a compor 10,7% das carteiras no varejo alta renda, contra 9,4% em dezembro. No varejo tradicional, a participação subiu de 10,9% para 12,4%. No private, a participação foi de 2,1%. em linha com o apurado no fim de 2022.
“A atratividade dos fundos imobiliários, sobretudo para o varejo, se explica pela isenção de imposto de renda, rendimentos periódicos e pela possibilidade de se aplicar no segmento de imóveis, algo tradicional no nosso país”, diz Correa Júnior.
Fundos multimercados: saques líquidos de R$ 8,9 bilhões em julho
Entretanto, os fundos multimercados enfrentaram saques líquidos de R$ 8,9 bilhões em julho. Embora estejam em uma trajetória de redução de saques, ainda estão atrás dos fundos de ações na recuperação do interesse dos investidores em relação ao risco. Mesmo assim, a pesquisa da XP aponta um aumento no interesse por produtos multimercados.
Enquanto isso, os fundos de renda fixa, previdência, FIDCs e FIPs registraram captações líquidas positivas em julho, indicando uma busca por maior segurança e diversificação em tempos de volatilidade.
A perspectiva é de que, com a redução gradual da taxa de juros pelo Banco Central, o fluxo para fundos de ações continue a se fortalecer ao longo deste ano e do próximo. Contudo, é fundamental que os investidores permaneçam atentos às oportunidades e riscos do mercado para tomar decisões financeiras prudentes.