Americanas (AMER3) detalha trabalhos de comitê que apura fraudes na varejista

A Americanas (AMER3) divulgou na última sexta-feira (28) detalhes sobre os trabalhos do comitê independente criado para apurar as circunstâncias que ocasionaram as inconsistências contábeis na varejista, que vieram à público no início do ano.

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Segundo a varejista, o grupo de trabalho da Americanas é composto por três membros independentes e conduz os seus trabalhos com o apoio de uma equipe de investigação, selecionada pelo próprio comitê. Ela é composta por integrantes do escritório de advocacia Maeda, Ayres & Sarubbi, especializado em compliance e investigações, e da Ernst & Young Assessoria Empresarial Ltda., que presta serviços de tecnologia e investigação forense ao comitê.

“Tanto os membros quanto a equipe de investigação são independentes em relação à companhia e à sua administração e atuam de maneira estritamente técnica, com o zelo exigido em uma investigação de alta complexidade”, pontuou a Americanas.

No comunicado, a empresa destacou que, logo no início de seus trabalhos, a equipe concentrou esforços na preservação de dados de pessoas que podem ser fonte de informações relevantes para a investigação na Americanas (os chamados “custodiantes”), bem como de servidores corporativos (que contêm dados financeiros, contábeis, entre outros).

“Até o momento, foram coletados e preservados cerca de 200 terabytes de dados. São processados e filtrados e, posteriormente, analisados pela equipe de investigação. Além dos dados coletados, o comitê tem recebido informações de outras fontes”.

Uma outra dimensão dos trabalhos de investigação, também em andamento, envolve a realização de entrevistas com colaboradores e ex-funcionários da companhia para melhor esclarecimento dos fatos, assim como dos processos e procedimentos adotados pela Americanas, disse.

“Por tratar-se de comitê de assessoramento do conselho de administração, realiza reportes sobre os seus trabalhos àquele órgão. Esses reportes sempre observaram – e continuarão a observar – as melhores práticas para resguardar a investigação”, acrescentando que essas interações são importantes, inclusive, para que a administração da companhia possa dar passos relacionados, por exemplo, à produção de demonstrações financeiras fidedignas.

A Americanas esclareceu, ainda, que a posição final do grupo de trabalho sobre os fatos investigados e as pessoas envolvidas depende da conclusão dos trabalhos das “frentes” da investigação que ainda estão em andamento.

Segundo a empresa, o comitê busca concluir a investigação com rapidez, mas o andamento dos trabalhos é afetado não só pela complexidade da investigação, mas também por outras demandas, como a liberação de certificadores das demonstrações financeiras.

Por fim, a varejista afirmou que, sem prejuízo aos trabalhos do comitê, vem realizando atos diretos de apuração dos fatos divulgados ao mercado, seja para permitir a produção de demonstrações financeiras, seja para outros fins, tendo em vista as diversas dimensões do presente caso.

“Tais atos não se confundem com a atuação do comitê e não antecipam posições ou conclusões do mesmo. Na mesma linha, é importante destacar que o comitê também não é responsável por tomar decisões de cunho administrativo, como aquelas relacionadas ao desligamento de colaboradores da companhia”, finalizou a Americanas.

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Americanas: STF decide que ex-CEO terá que depor à CPI, mas permite silêncio, diz jornal

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, decidiu que o ex-diretor presidente da Americanas, Miguel Gutierrez, deve comparecer à CPI que investiga as fraudes contábeis na varejista, mas que poderá permanecer em silêncio, segundo apuração do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

Segundo a publicação, a defesa de Gutierrez solicitou o silêncio por ele ser alvo de investigações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Polícia Federal (PF).

Mendonça determinou ainda que, ao ser sabatinado na Câmara, o ex-executivo da Americanas tenha direito ao auxílio de um advogado e não sofra constrangimentos físicos ou morais ao fazer uso do benefício do silêncio, diz a reportagem.

Fraude envolveu ao menos 30 funcionários

Em junho, o atual presidente da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, disse à CPI que a fraude contábil envolvendo os balanços da empresa teve a participação de ao menos 30 funcionários.

O presidente da Americanas chegou a apresentar uma relatório de uma investigação independente que ocorre na companhia. Documentos como esse revelaram que a fraude contábil ‘inflou’ o resultado da varejista em R$ 25,3 bilhões.

Além disso, os relatórios indicam participação da ex-diretoria da empresa nos atos fraudulentos, tal como no esforço em ocultá-los. Os diretores, tal como o antigo CEO, foram afastados.

Até então, segundo Coelho, as fraudes não envolvem nem os acionistas de referência – que incluem Lemann, Telles e Sicupira – nem o Conselho de Administração da companhia.

Um dos ex-diretores, José Timotheo Barros, emitiu nota rebatendo as acusações, citando que “o fato relevante informado ao mercado na data de ontem (terça-feira) contém inverdades e faz acusações que precisarão ser provadas”.

“No mesmo dia, baseado em documento elaborado de modo parcial para perturbar as apurações, trechos do que seria parte de relatório de investigação feita pelos advogados da empresa (não pelo comitê independente) foram mostrados de maneira leviana em comissão do Congresso Nacional, apresentando meras opiniões de suspeitas como verdades”, diz o pronunciamento.

Americanas demitiu 1,4 mil funcionários entre os dias 17 e 24 de julho

Americanas informou ao mercado que desligou 1.404 funcionários na semana entre os dias 17 e 24 de julho, de acordo com um documento divulgado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

No comunicado, a varejista afirmou também que até o último domingo (23), tinha 35.741 colaboradores. As demissões ocorreram na Americanas S.A, não havendo desligamentos na ST Importações.

A Americanas disse ainda que, na última semana, encerrou as operações em uma loja localizada em Campo Grande (MS) e que até o último domingo, tinha 1.825 lojas em atividade.

Entre os dias 17 e 24 de julho, a varejista efetuou R$ 356 milhões em pagamentos e somou R$ 344 milhões em recebimentos.

Em nota enviada ao Suno Notícias, a Americanas informou que, diante da reestruturação de algumas frentes de negócio a partir de seu plano de transformação, realizou o desligamento de colaboradores. A companhia informou, ainda, que segue com foco na manutenção de suas operações e no aumento de sua eficiência.

“A Americanas reforça seu comprometimento com a transparência na relação com os sindicatos, mantendo-os informados dos movimentos de reestruturação, assim como garante o cumprimento integral e tempestivo de suas obrigações trabalhistas, na forma da legislação vigente”, pontuou.

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Giovanni Porfírio Jacomino

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