Vale (VALE3): apesar do lucro menor, analistas veem pontos positivos no 2T23. Por que as ações tiveram forte queda?

A Vale (VALE3) registrou no segundo trimestre de 2023 um Ebitda (Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) ajustado de US$ 4,14 bilhões, alta de 12% no trimestre, queda de 25% na comparação anual. Para os analistas do Itaú BBA e BTG Pactual, os resultados foram em linha com as estimativas, com o esperado desempenho mais fraco da divisão de ferrosos. Porém, hoje (28), as ações da companhia lideraram entre as piores quedas no Ibovespa – com analistas e investidores de olho na queda do lucro da mineradora, que caiu 78%

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Segundo o BTG Pactual, a Vale apresentou resultados melhores no 2T23, após um primeiro trimestre altamente decepcionante. O Ebitda anunciado da Vale superou em 10% as projeções do banco, principalmente por causa dos embarques mais fortes de minério de ferro, que ficaram 4% acima do esperado, e preços de pelotas ligeiramente mais altos, com um aumento de 5%.

Diante desse cenário, a equipe do BTG mantém o otimismo em relação à Vale, recomendando a compra das ações e fixando sua ADR em US$ 18. “Agora estamos mais confiantes de que o baixo nível operacional da empresa ficou para trás e que a produção e o desempenho de custos devem continuar a melhorar à frente. A Vale também continua sendo um dos nossos nomes preferidos para exposição à reaceleração da economia chinesa “, mencionam os analistas.

Na análise do Itaú BBA, o Ebitda ajustado da Vale ficou conforme esperado, com sua deterioração anual gerada principalmente por um desempenho mais fraco na divisão de ferrosos, que foram prejudicados por preços mais baixos e custos altos. “Na divisão de ferrosos, o Ebitda caiu 23% na comparação anual, com uma realização mais fraca do preço do minério de ferro de US$ 98,5 por tonelada (queda de US$ 15/ton) e maiores custos, que compensaram um ligeiro aumento nos volumes”, diz o BBA.

Neste contexto, a equipe do Itaú BBA mantém recomendação outperform, equivalente a compra para ações da Vale.

Vale: resultados do cobre compensados pelo menor desempenho do níquel

Para a divisão de metais básicos, a Vale registrou um Ebitda de US$ 476 milhões , queda de 21% em relação ao ano anterior. “Os resultados na divisão de metais básicos diminuíram, já que os melhores resultados no segmento de cobre foram mais do que compensados pelo Ebitda mais fraco no segmento de níquel”, aponta o Itaú BBA.

No cobre, o Ebitda foi de US$ 236 milhões, alta de 7% no trimestre, pois o volume dos embarques mais do que compensaram os preços mais baixos do minério.

Por outro lado, no níquel, o Ebitda foi de US$ 235 milhões, queda de 30% em relação ao último trimestre, devido aos preços mais baixos do minério, bem como aos impactos negativos da continuidade da transição de Voiseys Bay para mineração subterrânea.

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Fluxo de Caixa Livre da Vale decepciona, apontam analistas

O fluxo de caixa livre da Vale no trimestre ficou em US$ 800 milhões (abaixo dos US$ 2,3 bilhões no 1T23), impactado negativamente por uma saída de capital de giro de US$ 600 milhões.

“As despesas extraordinárias continuam limitando o potencial do FCF da Vale em cerca de 10% ao ano, o que acreditamos ser decente, mas não ótimo”, alertam os analistas do BTG Pactual.

Segundo o BTG, a dívida líquida expandida permanece contida em cerca de US$ 14,7 bilhões, o que abre espaço para mais retornos extraordinários de caixa à frente. “Elogiamos a administração pelo agressivo programa de recompra em execução, recomprando US$ 1,4 bilhão somente no 2T, e a conclusão de 64% do 3º programa de recompra, com desembolso de US$ 4,9 bilhões.”

Já o Itaú BBA avalia que o US$ 1,4 bilhão em recompras, juntamente com um Ebitda mais baixos dos últimos doze meses, impulsionou a expansão da dívida líquida/Ebitda de 0,8 vez no 1T23 para 0,9 vez no 2T23.

Para Itaú BBA, desempenho de custo foi novamente ponto fraco

O custo caixa C1 (excluindo compras de terceiros) aumentou US$ 2,6 por tonelada em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando a US$ 23,5 por tonelada no 2T23.

O aumento levou a Vale a revisar seu guidance (projeção) de custo caixa C1 para o ano de 2023, que passou a ser de US$ 21,5-22,5 por tonelada, em comparação com a projeção anterior de US$ 20-21 por tonelada.

“O custo de equilíbrio com entrega na China (excluindo capex de manutenção) aumentou US$ 1/ton, na base anual, para US$ 53,0/ton, levando a Vale a revisar sua orientação para o custo total do minério de ferro em 2023 para US$ 52-54/ton (de US$ 47/ton anteriormente), para refletir o impacto potencial de fatores externos, como redução de prêmios pagos por produtos de alta qualidade e valorização do real”, destaca o BBA.

Vale (VALE) e mineradoras despencam no Ibovespa. Quais os motivos?

As ações da Vale (VALE3) fecharam em queda no Ibovespa nesta sexta-feira (28), assim como as demais mineradoras e siderúrgicas, pressionadas por preocupações com limites de produção de aço na China, além da falta de atualizações sobre estímulos à economia do país. Os resultados da Vale e da Usiminas (USIM5) no 2T23, que tiveram forte queda no lucro trimestral, também impactaram as ações. A única do setor que avançou foi a Metalúrgica Gerdau (GOAU4), que virou para leve alta no fechamento.

No fechamento, as ações da Vale caíram 3,92%, ao preço de R$ 67,66, em linha com as ações de mineradoras e siderúrgicas. Confira:

Entenda movimento das mineradoras no Ibovespa hoje

Os contratos futuros de minério de ferro nas bolsas de Dalian e Cingapura caíram nesta sexta-feira, pressionados por preocupações com limites de produção de aço iminentes e crescente impaciência com a falta de atualizações sobre estímulos da China, segundo informações divulgadas pela Reuters.

Na bolsa de Cingapura, o minério de ferro referência em setembro caiu 2,34%, para US$ 107,20 a tonelada. Já na Dalian Commodity Exchange da China, o contrato do minério de ferro mais negociado para setembro terminou as negociações diurnas em queda de 2,68% – assim, a tonelada chegou ao preço de US$ 116,60.

Segundo pesquisa da consultoria Mysteel, divulgada pela agência de notícias, a taxa de utilização da capacidade de altos-fornos entre 247 siderúrgicas chinesas tiveram a terceira queda semanal consecutiva entre os dias 21 e 27 de julho, uma vez que produtores de aço em todo o país reduziram ainda mais sua produção por solicitação das autoridades locais.

Assim, refletindo a queda na demanda por aço, as principais mineradoras de minério de ferro relataram queda nos lucros esta semana.

“No caso do resultado de Usiminas, era esperado que seria ruim, mas veio mais fraco do que o esperado, com um aumento da alavancagem e principalmente por conta do adiamento da retomada de operação do alto-forno 3, evento esperado e que foi postergado em alguns meses frente ao prazo inicial. Isso também está fazendo preço também na ação da empresa”, disse Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed.

“No caso da Vale, tivemos um resultado misto no segundo trimestre, mas em geral com números abaixo do esperado. Apesar da prévia ter vindo boa, tivemos pressão de custos, o que jogou os resultados para baixo”, acrescentou o analista.

Vale: lucro recua 78% no 2T23, para US$ 892 milhões

A Vale (VALE3) reportou lucro líquido de US$ 892 milhões no segundo trimestre, valor que representa uma queda de 78% em um ano, se comparado aos US$ 4,093 bilhões registrados no mesmo período de 2022. O resultado reflete os preços menores do minério de ferro no mercado internacional.

Em seu documento de demonstrações financeiras, a Vale também culpou a maior apreciação do real diante do dólar no período, somado aos preços menores do minério de ferro e do níquel e algumas provisões tributárias.

A queda de patamar dos preços provocou baixa de US$ 1,34 bilhão somente no lucro da Vale no 2T23.

O impacto da combinação preço e câmbio também foi sentido nos outros indicadores financeiros. A receita líquida da Vale somou US$ 9,6 bilhões, um recuo de 13% na comparação com o 2º trimestre de 2022.

No comunicado, a Vale explica que o resultado foi influenciado também pela menor marcação a mercado das debêntures participativas e pelo impacto da baixa de R$ 5,5 milhões de tributos diferidos de ativos relacionados às provisões da Fundação Renova, após o plano de recuperação judicial.

Cotação

Hoje, as ações da Vale tiveram forte queda no Ibovespa, caindo cerca de 3,01%, cotadas em R$ 67,99.

Cotação VALE3

Gráfico gerado em: 28/07/2023
1 Ano

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Vinícius Alves

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