Lula e líder da Comissão Europeia sinalizam aproximação para acordo entre UE e Mercosul
Em encontro com a presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou a possibilidade de o acordo entre União Europeia (UE) e Mercosul acontecer ainda este ano.
Na reunião, os representantes concordaram que a aproximação da UE e Mercosul e países caribenhos será fundamental para lidar com os “grandes desafios do nosso tempo”. Para Leyen, isso fica ainda mais evidente após grandes acontecimentos como:
- A pandemia;
- A guerra entre Rússia e Ucrânia;
- O desafio das mudanças climáticas.
O encontro dos representantes não acontecia havia oito anos.
“Por isso dou boas vindas e saúdo o ressurgimento do Brasil como grande ator no cenário global. Isso vem em boa hora e já tem um bom impacto positivo para a parceria estratégica entre nossas duas regiões”, celebrou a presidenta da Comissão Europeia.
Acordo Mercosul-UE
Durante o encontro com Ursula von de Leyen, o presidente brasileiro reforçou sua expectativa para a conclusão de um acordo entre os blocos ainda em 2023. Para a líder europeia, a aproximação entre os blocos ajudará a Europa a diversificar suas cadeias de abastecimentos, reduzindo a dependência das produções de Rússia e China.
“Queremos trabalhar de mãos dadas com vocês para lidar com os grandes desafios do nosso tempo. Queremos discutir como conectar mais nossos povos e empresas; reduzir riscos; como reforçar e diversificar cadeias de abastecimentos; e como modernizar nossas economias, de uma forma que reduza as desigualdades e beneficie a todos. Tudo isso é possível se conseguirmos concluir o acordo UE-Mercosul. Nossa ambição é resolver qualquer diferença que existe, o quanto antes”, discursou a presidenta da Comissão Europeia.
Nesta segunda e terça-feira (17 e 18) acontece a Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia. O presidente Lula chegou no domingo (16) a Bruxelas, Bélgica, para participar do encontro, que reúne cerca de 60 líderes estrangeiros dos países componentes dos blocos.
Durante o encontro com Ursula, o presidente brasileiro lembrou que a União Europeia é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, e que o comércio entre o país e o bloco está estimado, em 2023, a ultrapassar a marca de US$ 100 bilhões.
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, também tem manifestado expectativa de os blocos concluírem um acordo comercial ainda no segundo semestre de 2023.
Crescimento balanceado
Lula explicou que o crescimento dos países sul-americanos e caribenhos só ocorrerá se for pensado de forma sustentável e regionalmente integrada. Ele lembrou que na última reunião de líderes sul-americanos, em maio, foi proposta uma atualização da carteira de projetos do Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento, reforçando a multimodalidade e priorizando os projetos de alto impacto para a integração física e digital.
“Ao construir o corredor bioceânico, que liga o centro-oeste brasileiro aos portos do norte do Chile, reduzimos o custo de nossas exportações para os mercados asiáticos e geramos emprego e renda para o interior do nosso continente”, disse o presidente.
Compras públicas e políticas industriais
Segundo Lula, as compras governamentais são um “instrumento vital para articular investimentos em infraestrutura e sustentar nossa política industrial”. Lembrou que tanto Estados Unidos (EUA) como União Europeia “saíram na frente e já adotam políticas industriais ambiciosas baseadas em compras públicas e conteúdo nacional”.
O presidente brasileiro ressaltou o papel que empresas, universidades e sociedade civil têm para as relações entre os países, e que os encontros que se iniciam hoje – 3ª Cúpula Celac-União Europeia e Fórum Empresarial União Europeia-América Latina – confirmam que “nossos empreendedores estão plenamente engajados no relançamento dessa histórica aliança, baseada na certeza de que o sucesso do outro é fundamental para nosso êxito comum”.
“A pandemia da covid-19, além de ceifar milhões de vidas, desorganizou o sistema produtivo nos quatro cantos do planeta. A mudança do clima evidencia a urgência em preservar a biodiversidade e os ecossistemas. E a guerra no coração da Europa lança sobre o mundo o manto da incerteza e canaliza para fins bélicos recursos até então essenciais para a economia e programas sociais”, acrescentou.
Aceleração de investimentos e empresas
Lula acrescentou que o Brasil lançará, em breve, um novo Plano de Investimentos que possibilitará, ao país, gerar empregos, combater a pobreza e aumentar a renda das famílias. Esse plano prevê, segundo ele, a retomada de empreendimentos paralisados e a aceleração dos que estão em andamento e seleção de novos projetos.
“Promoveremos a modernização de nossa infraestrutura logística, com investimentos em rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos”, disse o presidente ao lembrar que o país, além de ter uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, priorizará a geração de energias renováveis e detêm “enorme potencial” para a produção de hidrogênio verde.
Ele reiterou o compromisso do governo com o controle da inflação e o equilíbrio de contas públicas, e que as reservas internacionais do país estão “na casa dos US$ 343 bilhões”.
As expectativas para um acordo entre UE e Mercosul foram reforçadas com o encontro do presidente com a líder da Comissão Europeia e o mercado agora aguarda novos desdobramentos.
Com informações de Agência Brasil.