Galípolo, aprovado como novo diretor de Política Monetária do BC, critica Copom e diz que ‘linguagem gera ruído’

O plenário do Senado aprovou, no início da noite de terça (4), as indicações de Gabriel Galípolo e de Ailton Aquino para compor a diretoria do Banco Central. Galípolo, que era o número 2 de Fernando Haddad na Fazenda, vai assumir a diretoria de Política Monetária do BC.

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Galípolo recebeu 39 votos a favor e 12 contra. Aquino, indicado para dirigir a área de Fiscalização, obteve 42 votos favoráveis e 10 contrários. Houve uma abstenção em ambas as votações.

Mais cedo, Galípolo e Aquino haviam participado de sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), que ao final também havia aprovado seus nomes: Galípolo teve 23 votos favoráveis e dois contrários, enquanto Aquino foi confirmado por 24 a 1.

Durante a sabatina, Galípolo disse que a comunicação do Banco Central tem uma “linguagem própria” e que a publicação de documentos da autarquia provoca um verdadeiro “campeonato” de interpretação de texto.

O economista é visto no mercado como uma voz favorável ao afrouxamento da atual política monetária – contrário, portanto, à manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75%, nível que se mantém desde agosto do ano passado.

“A cada vez que sai a ata do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), na (Avenida) Faria Lima (principal centro financeiro do País), se inicia um campeonato mundial de interpretação de texto, sobre o que cada vírgula quer dizer”, afirmou ele, lembrando que o BC já está preocupado em aumentar a transparência e clareza da sua comunicação.

Galípolo também disse que não se sente como “preposto” do governo na diretoria do BC. “Realmente, espero que a indicação do presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) e de vocês venha da capacidade técnica para desempenhar o papel e ajudar na interlocução”.

Galípolo sobre juros

Galípolo disse ainda que o mercado financeiro vê com bons olhos o esforço que foi feito até aqui para que os juros recuem ao longo do tempo.

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E lembrou que até o início do Plano Real, em 1994, toda a literatura econômica brasileira era basicamente sobre a inflação. “Desde então, a discussão migrou para os juros altos. Não é questão de agora, (o juro) é estruturalmente alto (no País)”, disse ele durante a sabatina.

Quanto ao papel das expectativas dos agentes financeiros sobre o nível da Selic, ele comparou essa atuação a um concurso de beleza, dizendo que, se há a intenção de se antecipar o nome do vencedor, é preciso analisar quem seria o candidato ou candidata com maior potencial de ser aprovado pela audiência, sem considerar a opinião pessoal.

Autonomia do Banco Central

Com a lei que estabelece mandatos fixos e não coincidentes para a cúpula do BC, os dois novos escolhidos pelo governo Lula terão de conviver com uma diretoria majoritariamente indicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Caso, inclusive, do atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto – alvo frequente de ataques da equipe econômica, que quer a queda da Selic o quanto antes.

Nos bastidores do governo, aliás, Galípolo já é visto como o sucessor de Campos Neto, que deixa a presidência do BC em dezembro do ano que vem. Antes, porém, a expectativa é de que tanto ele quanto Aquino sejam vozes pró-afrouxamento monetário no Comitê de Política Monetária (Copom). Para o governo, a queda da Selic já deveria ter acontecido há algum tempo.

Na última reunião do Copom, a maioria dos seus membros concordou já haver condições para uma queda de juros “parcimoniosa” já a partir de agosto, caso o processo de desaceleração da inflação continue.

Com Estadão Conteúdo

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Eduardo Vargas

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