Nilio Portella

Os desafios de ser investidor-anjo

Qual o segredo para uma startup em estágio inicial conseguir investidores? A pergunta não tem uma resposta fácil (nem única!) ou uma receita que, se o empreendedor seguir, terá aos seus pés vários investidores querendo aportar capital e acelerar o negócio como se fosse a última novidade tecnológica

Como investidor-anjo, várias pessoas do mercado já vieram à minha procura com uma dúvida em comum: qual o segredo para uma startup em estágio inicial conseguir investidores?

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Apesar de simples, essa pergunta não tem uma resposta fácil (nem única!) ou uma receita que, se o empreendedor seguir, terá aos seus pés vários investidores querendo aportar capital e acelerar o negócio como se fosse a última novidade tecnológica ou uma espécie de panaceia 4.0.

Em um cenário em que os investidores estão mais cautelosos após um período fértil de aportes e M&As nos últimos dois anos, o mercado de Venture Capital talvez esteja em seu momento mais desafiador. No primeiro trimestre deste ano, os aportes caíram 12% em relação ao 4º trimestre de 2022, somando R$ 1,42 bi em investimentos, segundo o relatório da Abvcap (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital) feito em parceria com a TTR Data.

Essa queda no volume de investimentos vem desde o ano passado, como mostram os resultados de investimentos nas startups brasileiras ao longo de 2022. Levantamento da plataforma de inteligência de dados SlingHub mostra que, em comparação com 2021, os investimentos caíram pela metade de um ano para o outro, saindo do patamar de US$ 10,5 bilhões (R$ 53,7 bi) para US$ 5,2 bilhões (R$ 26,6 bi).

Portanto, como saber em qual startup investir? Como selecionar as empresas com menor risco? Ou, para os mais conservadores, vale a pena se aventurar no mercado de venture capital nos dias de hoje?

Sim, vale a pena investir nas startups, sobretudo no mercado nacional e na fase early stage (startups em estágio inicial de desenvolvimento). É verdade que tivemos um boom de investimentos durante a pandemia, sobretudo em 2021, mas uma análise comparativa mais justa e cabível é quando observamos os números de 2019. Ou seja, o mercado de venture capital está voltando ao patamar, digamos, normal.

Além disso, outro ponto a se destacar é que o Brasil mostra sinais de recuperação econômica e os números traduzem essa confiança do investidor no país. Ainda de acordo com o relatório da Abvcap, os fundos brasileiros lideram as operações de Corporate Venture Capital: das 9 transações registradas no primeiro trimestre de 2023, 8 envolveram fundos brasileiros.

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Portanto, sim, vale a pena investir. Sendo assim, como avaliar as startups? Como ter a segurança de uma jornada de crescimento sustentável para, lá na frente, garantir um bom exit?

A primeira dica que dou é também uma das mais importantes: tenha em mente que, sozinho, você não vai fazer a diferença e decisões errôneas podem ocupar mais espaço na hora de selecionar empresas para investimento. Opte por associar-se a um fundo ou grupo de investidores. Há pool de investidores – que nada mais são que um grupo de empresas ou investidores que se unem em busca de uma finalidade comum – no Brasil muito bem estabelecidos que podem ajudá-lo a entender esse mercado com profundidade.

Outra dica de igual importância é ter um conhecimento prévio dos founders do negócio. Se há uma startup em estágio inicial que despertou seu interesse, é fundamental saber quem são os fundadores, conhecer a jornada empreendedora deles, suas habilidades, se eles se vendem bem e se o mercado confia na capacidade de entrega deles. Os founders precisam estar 100% dedicados à operação do negócio.

Outros fatores, tão importantes quanto, devem ser observados na hora de avaliar o investimento para a tomada de decisão. É necessário olhar o cap table para saber se a startup está ou não comprometida com vários investidores e, consequentemente, com pouca participação dos sócios-fundadores. Saber se o product market já está testado e validado e se a startup apresentou um CAC (Custo de Aquisição de Cliente) aceitável para a sustentabilidade do negócio nos primeiros meses de operação.

Como disse no início, não há receita pronta. Mas um bom começo para quem deseja trilhar o caminho do venture capital é pesquisar, estudar e se relacionar. Três palavrinhas que, juntas, são um excelente guia para qualquer empreendedor e investidor ter sucesso na sua jornada.

*Nilio Portella é cofundador do M&P Group, sócio da Bossanova Investimentos e investidor-anjo.

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Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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