Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4): ações caem nesta terça; veja motivos
As ações preferenciais de Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) fecharam em queda nesta terça-feira (13), em um dia em que analistas de mercado definem como de realização de lucros. O avanço do petróleo também ajuda a pressionar os papéis dessas companhias.
No fechamento, os papéis da Azul recuaram 4,43%, a R$ 18,36. Na semana, as ações caem mais de 7%.
Cotação AZUL4
Já as ações da Gol caíram 5,03%, a R$ 10,00, no fim do pregão desta terça.
“Com a alta de quase 3% do petróleo, naturalmente as companhias aéreas como Gol e Azul sofrem um pouco mais, mesmo com o câmbio em queda. As curvas de juros subindo agora mais para a tarde, sobretudo as pontas mais longas, também penalizam um pouco as ações, dado que são empresas que possuem um endividamento relevante em seu balanço”, disse Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Ele lembrou a entrevista dada pelo CEO da Azul, John Rodgerson, à Folha de São Paulo no último domingo (11), na qual o executivo reforça que os gastos com combustíveis representam 45% do total de custos da empresa, mas que enxerga boa vontade por parte do governo em dialogar com as companhias do setor.
Além da alta do petróleo, a queda entre as aéreas também se justifica pela realização de lucros após as altas recentes. “Isso ocorre porque o combustível é um dos principais custos das companhias, que acabam sendo prejudicadas com essa alta”, acrescentou Leandro Petrokas, diretor de research, mestre em Finanças e sócio da Quantzed.
Há uma semana, os analistas do Citi elevaram o preço-alvo para as ações da Azul e Gol negociadas na Bolsa de Nova York (Nyse), o que fez com que os papéis das duas empresas disparassem.
Os analistas Stephen Trent, Filipe Nielsen e Jay Singh elevaram o preço-alvo para os ADRs da Azul de US$ 17,00 para US$ 20,50 e os da Gol de US$ 6,75 para US$ 7,75. Em ambos os casos, eles reiteraram a recomendação de compra.
No relatório, a equipe do Citi ressaltou que a demanda por passagens das companhias aéreas brasileiras continua em crescimento, além da receita por assento, que permanece próxima a níveis recorde. Os analistas enxergam, ainda, que as pressões cambiais e os custos com combustíveis parecem estar diminuindo.
Ainda no relatório, o banco alertou para a alavancagem financeira das companhias, o que pode ser um gatilho importante para as ações, caso as empresas não consigam avançar nos planos de redução de dívida.
Gol divulga dados de tráfego em maio
Também na semana passada, a Gol divulgou os números prévios de tráfego do mês de maio de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022.
Unindo voos domésticos e internacionais, a companhia aérea registrou demanda RPK, ou passageiros-quilômetro transportados, total de 2,71 bilhões em maio, alta de 13,1% na base anual.
A oferta ASK, ou assentos‐quilômetros oferecidos, total no período atingiu 3,57 bilhões, aumento anualizado de 14,9%. Já a taxa de ocupação caiu 1,2 ponto percentual na mesma comparação, a 76,1%.
Em relatório divulgado logo após a divulgação dos dados, os analistas Lucas Barbosa, Lucas Esteves e Gabriel Tinem, do Santander, consideraram “neutros” os números da aérea. Apesar da expansão geral da capacidade, muito absorvida pelo aumento da demanda doméstica, eles observaram uma desaceleração da demanda internacional, o que levou a uma queda da taxa de ocupação total no mês
“Destacamos, ainda, as baixas compensações face a 2022, dada a variante da Covid-19 (Ômicron) nessa altura, bem como a redução da rede de rotas prevista, no contexto de picos do preço do petróleo com o conflito na Ucrânia”, apontaram.
Os analistas do Santander firmaram o preço-alvo de R$ 9,30 para as ações da companhia.
Azul reduziu prejuízo em 10% no 1T23
Entre os meses de janeiro a março deste ano, a Azul teve um prejuízo líquido ajustado de R$ 727,6 milhões, queda de 10% ante o mesmo período do ano anterior. Segundo a empresa, o “resultado líquido foi ajustado por resultados não realizados de derivativos e taxa de câmbio”.
No comunicado de resultados, John Rodgerson, CEO da Azul, afirmou que está otimista com o futuro da companhia em 2023 e para o resto deste ano, estima que o crescimento de sua capacidade será de aproximadamente 14% ante 2022.
“Olhando para o futuro, não poderíamos estar mais animados com as tendências que estamos vendo no ambiente de demanda, combinadas com a queda acentuada nos preços dos combustíveis”.
Na última quinta-feira (1), a companhia divulgou em fato relevante que fará uma emissão de até R$ 600 milhões em debêntures simples com prazo de um ano, com o objetivo de pagar pelo fornecimento de combustíveis da Raízen (RAIZ4). Serão emitidas 600 mil debêntures da Azul, com valor unitário de R$ 1 mil cada.
No mês de maio, as ações da Azul dispararam mais de 55%, sendo uma das que mais se valorizaram no Ibovespa no período, em meio ao cenário mais otimista esperado pelos analistas do Bradesco BBI e Itaú BBA. Entre as companhias aéreas, as duas casas demonstraram sua preferência pela Azul.
A recomendação das duas casas foi outform para as ações da Azul, o que equivale à compra. Já o Bank of America elevou sua recomendação de underperform (equivalente à venda) para neutra.
O Bradesco destacou na Azul a sua maior liquidez de caixa quando comparada aos concorrentes locais, assim como a malha aérea diferenciada da companhia. Por fim, ressaltou que a empresa pode começar suas operações em novos slots no aeroporto de Congonhas, situado em São Paulo.