IRB (IRBR3) pagará R$ 250 milhões em debêntures e ações têm maior queda do Ibovespa hoje. Veja motivos
O conselho de administração do IRB Brasil (IRBR3) aprovou a terceira emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, no valor total de emissão de R$ 250 milhões, conforme divulgado ao mercado nesta quarta-feira (7). Mas o anúncio não animou investidores, ainda desconfiados do processo de restruturação da empresa. As ações fecharam em queda de 6,24%, cotadas a R$ 38,29.
A emissão de debêntures do IRB Brasil será realizada em até duas séries, e tem o objetivo de “auxiliar na manutenção dos índices regulatórios da companhia, em especial de cobertura de suas provisões técnicas”, disse a companhia.
Segundo André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, o montante que a companhia captará com a emissão de debêntures não deve ser destinado a novos investimentos, mas, sim, para reforço de caixa da companhia. Por isso, o mercado reagiu mal à notícia.
“Além disso, o cenário de juros mais baixos é ruim para seguradoras, pois o financeiro que fica no float (montante recebido pelos prêmios pagos pelos segurados) rende menos, já que esse montante geralmente fica aplicado em ativos livres de risco indexados a taxa de juros atual”, acrescentou.
Ao todo, 250 mil debêntures serão emitidas, com valor nominal unitário de R$ 1000,00. A primeira emissão do IRB será de 100 mil debêntures e a segunda, 150 mil. As duas ocorrerão no dia 9 de junho de 2023.
As debêntures da primeira série terão prazo de vencimento de quatro anos, vincendas em 9 de junho de 2027. Já as debêntures da segunda série terão prazo de vencimento de quatro anos e meio, vencendo em 9 de dezembro de 2027.
O IRB Brasil destacou ainda que sobre o valor nominal unitário das debêntures, incidirão juros remuneratórios correspondentes a 100% da variação acumulada das taxas médias diárias do DI.
IRB paga US$ 5 milhões para colocar ponto-final em crise da fake news de Buffett
No mês passado, o IRB Brasil celebrou um acordo com o United States Justice Department (DOJ), em que pagará US$ 5 milhões para colocar um ponto-final nas acusações de fake news associadas a Warren Buffett. Em comunicado publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a resseguradora reforçou que seguirá cooperando com as autoridades norte-americanas.
“Em função da celebração do acordo e a assinatura do NPA [Non-Prosecution Agreement], a companhia continuará cooperando com a SEC [Securities and Exchange Commission, equivalente à CVM nos Estados Unidos] e o DOJ, visando aprimorar suas práticas de controles internos, governança e conformidade, submetendo-se ao acompanhamento e reporte periódico ao DOJ por um período de até 3 anos”, disse a empresa no Fato Relevante.
O acordo foi pactuado em um acordo de não acusação (NPA) assinado em 20 de abril. Devido em parte à ampla cooperação e remediação do IRB neste caso, a SEC não impôs qualquer penalidade como parte de seu acordo com a companhia.
Na semana anterior, a SEC anunciou que protocolou e solicitou aprovação do acordo pela U.S. District Court for the Southern District of New York.
Fake news no IRB Brasil
O caso ocorreu no início de 2020, quando o ex-vice presidente executivo de finanças e relações com investidores do IRB, Fernando Passos, teria espalhado a notícia falsa de que a Berkshire Hathaway, gestora de Buffett, teria investido na resseguradora.
A fake news visava sustentar o preço das ações do IRB, que haviam tido uma forte queda na época, quando a gestora de recursos Squadra Investimentos publicou uma carta em que questionava as práticas contábeis da resseguradora.
Segundo a SEC, os papéis da resseguradora subiram 6% após a divulgação desse ruído, mas tombaram mais de 40% após a Berkshire soltar um comunicado no qual negava a história e afirmava que não tinha interesse em investir na empresa.
Com a imagem manchada, entre janeiro e março de 2020, as ações foram de R$ 41,43 para R$ 6,47. Desde então, o IRB Brasil trabalha para recuperar a credibilidade junto ao mercado. Em fevereiro, a empresa aprovou o grupamento da totalidade de 2,468 bilhões de ações ordinárias de emissão da companhia, na proporção de 30 para 1.
IRB: lucro líquido tem queda anual de 89,4% no 1T23, para R$ 8,55 milhões
O IRB Brasil apresentou um lucro líquido de R$ 8,551 milhões no 1º trimestre de 2023 (1T23), baixa de 89,4% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o lucro da empresa fora de R$ 80,5 milhões.
Nesse resultado do IRB Brasil, já está sendo considerado o acordo de US$ 5,0 milhões realizado juntamente ao United States Justice Department (DoJ).
O prêmio total emitido pelo IRB teve queda 21% em relação ao 1T22, registrando R$ 1,6 bilhão. No 1T23, negócios firmados no Brasil representaram 64% do portfólio e diminuíram 19% em comparação ao 1T22, para R$ 1,0 bilhão.
“Seguimos com a meta de alcançar 80% do nosso portfólio no Brasil, reforçando nossos diferenciais competitivos, e completando com 15% de prêmios emitidos na América Latina e 5% em outros mercados”, diz o balanço trimestral do IRB Brasil.
No primeiro trimestre de 2023 (1T23), o IRB renovou 88% dos contratos que queria reter, dando continuidade à sua estratégia de diluir riscos e ter maior concentração no Brasil, que o IRB afirma ser seu “mercado prioritário em que vislumbramos oportunidades em setores-chave, como infraestrutura”.
Com Estadão Conteúdo