Carrefour (CRFB3) anuncia emissão de debêntures no total de R$ 930 milhões; ações recuam
As ações ordinárias do Carrefour Brasil (CRFB3) caíram nesta segunda-feira, apesar de a companhia ter anunciado sua quinta emissão de debêntures, avaliada em R$ 930 milhões. A nova emissão é vinculada à emissão de certificados de recebíveis do agronegócio (CRA), em três séries.
No fechamento, as ações ordinárias do Carrefour Brasil recuaram 1,49%, a R$ 9,90. Na semana, os papéis caem 0,40%.
Cotação CRFB3
Ao todo, foram 930 mil debêntures simples emitidas, não conversíveis em ações, com valor nominal unitário de R$ 1 mil. O valor total captado foi 24% superior ao inicialmente planejado (R$ 750 milhões) por causa do exercício da opção de lote suplementar, dada a alta demanda na coleta de intenções de investimentos.
A classificação preliminar de risco da emissão dos CRA atribuída pela agência Standard & Poor’s Ratings do Brasil (S&P) foi “AAA”, rating que indica baixas possibilidades de risco de crédito.
E por que as ações do Carrefour estão caindo?
Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos, explica: “Apesar da emissão ter sido um sucesso com captação superior ao valor planejado o mercado ainda está reticente quanto à recuperação do setor de supermercados principalmente após o 1T23 do Carrefour, o primeiro prejuízo da companhia desde o IPO.”
O especialista acrescenta: “A dinâmica de recuperação da economia e inflação tem levado a população a ser mais seletiva nas compras e principalmente escolha dos produtos ‘peneirando’ bem mais os preços e com isso havendo a famosa ‘troca de qualidade por preço mais baixo’. Empresas do setor sofrendo ainda mais com apertos em suas margens já castigadas pelos juros altos. Eventual melhoras nos juros impactaria positivamente o setor.”
Empresa reverteu lucro e anotou prejuízo ajustado de R$ 375 milhões no 1T23
O Carrefour Brasil (CRFB3) reportou prejuízo líquido ajustado ao controlador de R$ 375 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23). Com isso, reverteu a cifra positiva em R$ 421 milhões apresentada um ano antes. Trata-se do primeiro prejuízo registrado pela companhia desde o IPO, em 2017.
Já o Ebitda do Carrefour caiu 16,8% em relação a igual intervalo de 2022, para R$ 1,038 bilhão. Excluindo o Grupo BIG, a cifra ficou em R$ 1,254 bilhão, avanço anual de 0,6%.
A margem Ebitda ajustada no 1T23 foi de 4,3%, diminuição de 2,3 pontos porcentuais que reflete o impacto da integração do Grupo BIG, as despesas de conversão e o ramp-up de vendas das lojas convertidas.
As vendas líquidas do Carrefour no 1T23 somaram R$ 24,385 bilhões, o que significou um avanço de 29,4% ante o mesmo período do ano passado, enquanto as vendas brutas atingiram R$ 27,1 bilhões, 30,7% acima.
Carrefour negocia operação bilionária de venda de lojas e centros de distribuição
No mês passado, o Carrefour (CRFB3) informou ao mercado que começou a negociar a venda de cinco lojas e de cinco centros de distribuição para a Barzel Properties. A operação está avaliada em cerca de R$ 1,3 bilhão.
“Esses ativos serão arrendados de volta ao Grupo por meio de contratos de arrendamento com prazos de 20 anos, renováveis por períodos adicionais de 5 anos, garantindo a continuidade das operações”, explicaram os gestores da companhia.
A Operação de Sale and Leaseback está em linha com a estratégia do Grupo Carrefour Brasil de maximizar a eficiência operacional e financeira baseada na revisão contínua de seus ativos imobiliários. Nesse contexto e considerando as oportunidades observadas no setor imobiliário, o Grupo decidiu rentabilizar ativos com perfil voltado para distribuição e logística.
Essa operação está sujeita à aprovação das autoridades, negociações de contratos e cumprimento de demais condições precedentes. Segundo o Carrefour Brasil, o aluguel desses imóveis será de cerca de R$ 10 milhões/mês.