Renault e Nissan buscam recomeço da aliança após saída de Thierry Bollore
O conselho de administração da Renault decidiu, por meio de uma votação, destituir do cargo de presidente-executivo, Thierry Bollore. A decisão foi feita nesta sexta-feira (11). Com isso, a Renault e a gigante japonesa Nissan tentam recomeçar a aliança que pode ter sido enfraquecida por Carlos Ghosn, ex-dirigente da coligação que se envolveu em atividades de corrupção.
Com a demissão de Thierry Bollore, a diretora financeira da empresa, Clotilde Delbos, irá ficar a frente do cargo de executiva-chefe provisoriamente. A Renault e Nissan começaram a ter problemas de relação após a prisão de Ghosn, em Tóquio, em 2018. Na ocasião, o executivo era acusado de má conduta financeira, apesar de ainda negar.
Bollore foi promovido neste ano em uma tentativa de ajudar a Renault a se estabilizar, entretanto sua relação com a Nissan não era das melhores. Dessa forma, o Estado francês e a Renault decidiram destituir o presidente-executivo para melhorar o relacionamento com a empresa japonesa e reforçar novamente a aliança.
“Estamos em um novo estágio agora para esta aliança. Às vezes você precisa de uma nova administração para dar vida nova às coisas”, disse Jean-Dominique Senard, presidente da Renault, em entrevista coletiva em Paris.
De acordo com Senard, três membros do conselho administrativo da Renault não quiseram votar para destituir Bollore.
Investigação de Carlos Ghosn
Advogados da Nissan Motor afirmaram que as investigações sobre os ex-presidente do conselho da empresa multinacional japonesa, Carlos Ghosn, pode ter conflitos de interesses que estão criando “um risco e uma exposição desnecessária” para a companhia.
De acordo com informações do “The Wall Street Journal”, os conflitos de interesses seriam entre advogados externos da empresa Latham & Watkins LLP e um executivo da Nissan.
Veja também: Asiáticas Petronas e QPI se destacam em leilão da ANP
A Latham & Watkins é o escritório de advocacia responsável pela investigação interna da Nissan sobre as supostas irregularidades de Ghosn e outros membro da empresa.
“Acredito que essas questões criem preocupações substantivas e que virão à tona no devido tempo e criarão exposição e risco para a empresa”, disse o conselheiro geral da Nissan, Ravinder Passi.
A expectativa, no momento, é que a Renault e a Nissan voltem a se entender .
O ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, afirmou que o Estado francês tem um papel fundamental para definir a estratégia industrial da Renault. Entretanto, Le Maire salientou que o Estado não se envolverá em questões de governança da empresa.