Confira 4 ações que mais desvalorizaram no 1° semestre de 2019
As ações cotadas nas Bolsas de Valores registram perdas e ganhos diários que dependem de vários fatores. Esse andamento representa uma desvalorização ou valorização do valor total de uma empresa. Diversos fatores como: a economia do país, cenário externo e crise na empresa influenciam as variações dos papéis.
Para avaliar o desempenho médio da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) é utilizado o índice Ibovespa que mede o andamento das ações mais líquidas. A metodologia do indicador é definida pela própria B3 através de uma carteira teórica de ações, cuja composição é modificada periodicamente.
A escolha dos ativos que farão parte deste índice é baseada em dois fatores:
- liquidez
- volume das ações
Para entender melhor o que ocorreu no Ibovespa na primeira metade de 2019, o SUNO Notícias inicia uma série sobre as ações que mais se valorizaram, desvalorizaram e as que mais pagaram dividendos.
O especialista de renda variável da SUNO Research, Felipe Tadewald, apontou quatro empresas do Ibovespa que mais se desvalorizaram no primeiro semestre de 2019.
Ações que mais se desvalorizaram
Braskem
A Braskem (BRKM5) é uma empresa de química e petroquímica brasileira controlada pela Odebrecht. A empreiteira, envolvida em esquemas de corrupção, se tornou um dos principais alvos da Operação Lava Jato.
No dia 2 de janeiro de 2019, primeiro pregão do ano, as ações preferências da Braskem encerraram em alta, sendo cotadas a R$ 48. Entretanto, no dia 28 de julho os papéis encerram em queda sendo negociados a R$ 35.
Portanto, durante o período de seis meses, as ações da empresa petroquímica brasileira registraram uma desvalorização de -26,07%.
De acordo com Tadewald, a alta desvalorização da Braskem se deve as dificuldades encontradas por sua controladora, além do aumento dos preços dos produtos por ela vendidos.
“A Recuperação judicial da Odebrecht, e a queda dos preços PVC (Policloreto de Polivinila, a sigla em inglês) um dos principais produtos da companhia”, explicou Tadewald.
A Odebrecht está tentando vender a Braskem para tentar cobrir parte de suas dívidas, que a levaram a pedir recuperação judicial em meados de junho. Entretanto, vários tentativos de vender a empresa acabaram fracassando.
Saiba mais: Grupo holandês LyondelBasell desiste de comprar a Braskem
No começo de junho o grupo holandês LyondellBasell desistiu de comprar a Braskem. A empresa não conseguiu alcançar um acordo com a Odebrecht e encerrou sem sucesso as negociações.
No final de maio, a Braskem tinha assiado com a Controladoria-Geral da União (CGU) e Advocacia-Geral da União (AGU) um acordo de leniência. A petroquímica concordou pagar um total de R$ 2,87 bilhões à União até janeiro de 2025.
Ultrapar
O grupo Ultrapar (UGPA3) é uma companhia brasileira que atua nos setores de distribuição de combustíveis, por meio das controladas Ipiranga e da Ultragaz.
No dia 2 de janeiro, as ações ordinárias encerraram o pregão sendo negociadas a R$ 54,34. Entretanto, no dia 28 de junho, os papéis foram cotados em R$ 20,10. Durante o período de seis meses, as ações da distribuidora registaram uma desvalorização de -23,43%.
Segundo Tadewald, os resultados da Ultrapar em queda e margens em deterioração resultaram na desvalorização de seus papéis. Além disso, para o especialista “a empresa perdeu boa parte de sua competitividade após a nova política de preços da Petrobras”.
A Ultrapar registrou uma queda de quase 50% em seu lucro líquido no segundo trimestre de 2019. O valor obtido pela empresa foi de R$ 120,7 milhões.
Especialistas estimavam um resultado mais positivo para a Ultrapar, algo em torno de R$ 250,5 milhões. O resultado operacional medido pelo Ebitda ajustado (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) foi de R$ 677,2 milhões entre abril e junho. Isso significa uma baixa de 5,7% na comparação anual.
Saiba mais: Lucro da Ultrapar diminui quase 50% no trimestre e fica em R$ 120,7 milhões
Analistas também esperavam um resultado maior no desempenho operacional da empresa. O valor estimado era de R$ 831,1 milhões. A receita líquida do grupo, que atua na área de distribuição de combustíveis, diminuiu 4% em comparação ao mesmo período do ano passado, alcançando o valor de R$ 21,7 bilhões
Cielo
A Cielo (CIEL3) é uma empresa brasileira de serviços financeiros. Atua como adquirente multibandeira, sendo uma das responsáveis pela captura, transmissão e liquidação financeira de transações com cartões de crédito e débito.
No dia 2 de janeiro, as ações ordinárias da Cielo encerraram o pregão sendo negociadas a R$ 9,63. Por sua vez, no dia 28 de julho, os papéis encerraram em queda sendo cotados a R$ 6,72. Durante o período de seis meses, a empresa registrou uma desvalorização de -20,66%.
O cenário de guerra das maquinhas foi o principal motivo que causou a forte desvalorização da empresa que já foi líder no mercado.
“Cenário de intensa concorrência continua se intensificando, e o mercado vem precificando essa nova realidade da companhia, de forma a refletir as menores margens e lucros. Além disso, a Cielo anunciou uma redução de Payout para 30%, reduzindo sua atratividade em termos de dividendos”, salientou Tadewald.
CVC
A CVC (CVCB3) é a maior operadora e rede de varejo de turismo do Brasil e das Américas em valor de reserva contratada, passageiros, embarcados e número de lojas físicas.
No dia 2 de janeiro, as ações da CVC encerraram o pregão sendo negociadas a R$ 60,71. Por sua vez, no dia 30 de junho, os papéis encerram em queda sendo cotados a R$ 49,80. Durante o período de seis meses, a empresa de turismo registrou uma desvalorização de -18,56%.
A principal causa dessa queda na cotação das ações da empresa é o cenário político e econômico na Argentina. “A deterioração econômica argentina, bem como a possível vitória de Alberto Fernandéz, trouxeram volatilidade aos papéis que tem parte relevante de suas receitas naquele mercado”, explicou Tadewald.
A CVC registrou um prejuízo líquido do segundo trimestre de 2019. A empresa teve uma perda de R$ 17,4 milhões, calculado com base no período de abril a junho. No ano passado, a empresa teve um lucro líquido de R$ 24,8 milhões.
Excluindo as perdas de cerca de R$ 54 milhões, por conta de reembolsos de passagens da Avianca Brasil, a CVC teria um lucro líquido ajustado de R$ 41,1 milhões. O lucro compreende também atuações da empresa na Argentina (Grupo Bibam e Ola Transatlantica) e a Esferatur, empresa obtida há um ano.
Investir em ações, mas com cuidado
Antes de qualquer investimento em ações é importante ressaltar que quitar as dívidas deve sempre ser a prioridade. Segundo Tadewald, “é necessário sempre antes poupar e depois investir. Nunca se endividar para investir ou investir endividado”.