Endividamento de famílias atinge maior valor em 6 anos, diz CNC

Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) divulgada nesta quinta-feira (03) mostra que por conta do não crescimento na renda, famílias recorreram mais ao crédito no mês de setembro, tornando o período com a maior parcela de famílias endividadas desde 2013. A informação foi divulgada pelo jornal “Valor Econômico” em entrevista com a economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Marianne Hanson.

Em setembro, o total de famílias que declararam endividamento chegou a 65,1%. Em agosto, o valor tinha sido de 64,8%, já em setembro de 2018 foi de 60,7%. O resultado de setembro é o maior desde julho de 2013, quando chegou a 65,2%.

Já em relação a inadimplência, 24,5% das famílias afirmaram não ter condições de quitar débitos. O resultado foi superior ao de agosto (24,3%) e de setembro de 2018 (23,8%).

Contudo, a economista do CNC não descartou a possibilidade de melhora do cenário a partir do quarto trimestre. A melhora ocorreria graças aos pagamentos de bônus, 13º salário e a autorização de saque de parte do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), dando maior folga ao orçamento das famílias.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/03/1420x240-Minicurso-FIIS.png

“Como existe essa restrição (de aumento de renda] no mercado de trabalho, há essa expansão do crédito das famílias. Como o mercado de trabalho não acompanha na mesma velocidade (a alta no acesso a empréstimos), aumenta o comprometimento das famílias, da renda, com endividamento”, afirmou Hanson.

Na pesquisa da CNC, a renda comprometida com dívidas das famílias ficou em 29,8% no período de agosto e setembro, mas cresceu em comparação a setembro de 2018, quando registrou 29,6%.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2021/04/5755aa6d-relatorio-ipo-da-caixa-seguridade-cxse3.png

Dos cenários de famílias com mais endividamento, as mais afetadas são as de menor renda. Na pesquisa da CNC, duas faixas são citadas:

  • A 1º faixa, enquanto o cartão de crédito foi citado por 77,7% dos endividados como principal modalidade de dívida.
  • Na 2º faixa, a fatia é de 80%, acima da média para todas as faixas (79,5%), registrando a maior da série histórica da pesquisa.

De acordo com a economista, o cartão é um meio de acesso a crédito mais rápido e com menor burocracia do que outros perfis de empréstimo, e por isso seria mais acessível às pessoas de baixa renda que se encontram neste momento entre os maiores níveis de endividamento do país.

Rafael Lara

Compartilhe sua opinião

Receba atualizações diárias sobre o mercado diretamente no seu celular

WhatsApp Suno