Em dia turbulento, Ibovespa fecha em forte queda; Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), bancos e varejo desabam

Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira (19) em forte queda de 2,21%, aos 103.912,24, após oscilar entre 103.603,70 e 106.148,97 pontos. O volume financeiro do dia somou R$ 24,2 bilhões. 

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bolsa de valores hoje operou avessa ao risco, com os juros futuros (DIs) avançando. “E lá fora observamos também um dia que começou com uma aversão ao risco, mas que foi diminuindo na parte da tarde. Porém, aqui no Brasil, houve uma continuidade da queda durante o decorrer do pregão”, explica Apolo Duarte, head de renda variável e sócio da AVG Capital.

Um quadro macro turbulento, agravado à tarde com a revelação de que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, esteve no Palácio do Planalto no 8 de janeiro, mantiveram o Ibovespa em espiral negativa nesta quarta-feira, em que o mercado também digeriu, com amargor, os detalhes do arcabouço fiscal, encaminhado ontem ao Congresso Nacional. No fim da tarde, veio a confirmação da demissão do ministro, a pedido – a primeira baixa na equipe do presidente Lula, no que foi seu 109º dia de governo.

Assim, o Ibovespa, que havia conservado a linha dos 106 mil pontos nas seis sessões anteriores mesmo quando o sinal se mostrava negativo, desceu hoje três andares, aos 103.912,94 pontos no fechamento, em queda de 2,12%, a maior desde 23 de março (-2,29%). Na semana, o índice acumula perda de 2,23%, reduzindo o ganho do mês a 1,99% – no ano, o Ibovespa tem retração de 5,31%. O giro financeiro de hoje ficou em R$ 24,3 bilhões, um pouco acima do que tem sido visto recentemente.

“Dia bem estressado, com frustração do mercado sobre o arcabouço fiscal. Mudança de última hora abriu 13 pontos de exceção à regra, e a sensação é de que haverá furos, não será cumprida mais uma vez, da forma como se viu em anos recentes em que se rompeu o teto. O que veio ontem acabou sendo uma cortina de fumaça”, diz Alan Dias Pimentel, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos.

Diante disso, o dólar hoje subiu (+2,22%) pela terceira vez na semana e retornou para a faixa dos R$ 5: cotado a R$ 5,0866, perto da máxima do dia (R$ 5,0871); na mínima a moeda estadunidense marcou R$ 5,0060.

Em contrapartida, o fechamento foi de perdas nas bolsas de Nova York, exceto pela Nasdaq. Confira abaixo:

  • Dow Jones: -0,23% (33.897,34 pontos);
  • S&P500: -0,01% (4.154,54 pontos);
  • Nasdaq: +0,03% (12.157,23 pontos).

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Entre as blue chips do Ibovespa, a Vale (VALE3) divulgou o seu relatório de produção e vendas do primeiro trimestre (1T23) e, para os analistas, os números foram decepcionantes. Além disso, a cotação do minério voltou a cair no mercado internacional (-0,96%). Com a soma dos fatores, a mineradora cedeu 2,92% no pregão de hoje.

“Tem se comentado no mercado que a China não vai crescer da maneira que se esperava. Não devemos esperar um crescimento ligado a construção civil como tivemos nos últimos anos, mas, sim, ligado a outros setores. Além disso, tivemos um relatório de produção abaixo do esperado”, pontua Duarte.

Outro ticker de peso da bolsa brasileira, a Petrobras (PETR4;PETR3) também recuou. Durante o início da tarde, o ministro de Minas e Energias, Alexandre Silveira, voltou a criticar a política de preços da estatal e a venda de ativos. Diante disso, os ativos preferenciais e ordinário da petroleira tiveram baixa 3,21% e 3,19%, respectivamente.

Na ponta negativa do Ibovespa, os ativos bancários caíram em bloco. O Banco do Brasil (BBAS3) recuou -1,17%, Itaú (ITUB4) cedeu 1,58%, Bradesco (BBDC4) caiu 1,83% e o Santander (SANB11) teve baixa de 0,22%.

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Assim como ontem, o varejo caiu em bloco nesta quarta. Segundo o head de renda variável, a curva de juros em alta hoje, tanto nos vértices mais curtos como nos mais longos, prejudica as empresas de varejo.

“Outro motivo da queda das empresas do setor é a quebra de expectativa em relação ao fim da isenção de US$ 50 para compras internacionais, assunto que vem sendo debatido durante essa semana”, reforça Duarte.

Ainda na ponta positiva do Ibovespa, destaque para o Carrefour (CRFB3), que teve a maior queda do dia, após o UBS BB cortar a recomendação dos papéis da empresa de neutra para venda.

Veja as maiores altas e baixas

Cotação do Ibovespa nesta quarta-feira (19)

Ibovespa fechou o pregão desta quarta-feira (19) em queda de 2,21% aos 103.912,24 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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Janize Colaço

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