Forma de fundir Fibria e Suzano divide acionistas minoritários
A modelagem da operação de venda da Fibria para a Suzano causou discórdia entre os acionistas minoritários da companhia. De acordo com os resultados divulgados, 51% dos que exerceram o direito de voto a distância ficaram a favor da proposta e 49%, contra. Mesmo desfavorável, o resultado animou aqueles que são contra a proposta que os obriga a vender as ações, pois leva-os a crer que eles podem conseguir a maior parte dos votos minoritários na assembleia de quinta-feira, fazendo com que a decisão seja determinada pelo voto do controlador.
Não se espera que a assembleia de hoje seja muito conturbada. Embora alguns minoritários não descartem medidas judiciais, o mais provável é que esperem o desfecho da assembleia. Há brecha nesse cenário para novos questionamentos por abuso de direito de voto. Se for o caso, várias iniciativas já são discutidas. Nenhuma delas almeja impedir a operação.
Uma das ideias dos minoritários é questionar novamente a modelagem com base no abuso de poder do controlador e no único voto favorável que conseguiram na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), onde perderam a primeira disputa. É proposto, também, que os acionistas busquem na Justiça o ressarcimento das perdas que tiverem pela modelagem.
O prejuízo mais óbvio da modelagem para os acionistas minoritários é o impacto do Imposto de Renda sobre o valor que receberão pela venda obrigatória de suas ações. O desconto pode chegar a até 22% para alguns, diferente do que aconteceria se a incorporação fosse feita por meio de troca de ações, caso em que não haveria incidência do IR.
Em ambos os casos, porém, a discussão se baseia na legalidade da operação e no impacto dela para os minoritários da Fibria. Eles estão sendo obrigados a vender suas participações em dinheiro, sem possibilidade de participar do capital da Suzano, como ocorreria em uma incorporação, e sem o tag along, como ocorreria em uma venda direta.