Corte da Opep+ mostra importância de se discutir PPI da Petrobras (PETR4), diz Ineep
Enquanto o mercado foi pego de surpresa pelo corte da Opep+, o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) acredita que o momento é ideal para que as discussões sobre a política de preços da Petrobras (PETR4) seja retomada.
Em comunicado divulgado após reunião ministerial, a Opep confirmou nesta segunda-feira (3) que alguns de seus integrantes reduzirão sua oferta em 1,16 milhão de bpd, a partir de maio e até o fim de 2023. As reduções serão feitas nos seguintes países:
- Arábia Saudita: 500 mil bpd;
- Iraque: 211 mil bpd;
- Emirados Árabes Unidos: 144 mil bpd;
- Kuwait: 128 mil bpd;
- Cazaquistão: 78 mil bpd;
- Argélia: 48 mil bpd;
- Omã: 40 mil bpd;
- Gabão: 8 mil bpd.
Segundo o Ineep, o movimento da Opep mostra que os produtores da commodity não estão dispostos a ver os preços caírem sem ensaiar uma reação. Para o instituto, os preços do petróleo e da energia deverão ser discutidos em função das estratégias de desenvolvimento de cada país.
“Deixar os preços praticados no Brasil flutuarem ao sabor dos movimentos internacionais é perder o papel de protagonista e ficar à mercê da estratégia de outros países”, afirma Adhemar Mineiro, pesquisador do Ineep, indicando a necessidade de se rediscutir o PPI da Petrobras.
Segundo ele, o corte da Opep mostra que o petróleo não é simplesmente uma commodity, mas parte de um preço estratégico, que é o da energia, e “precisa ser administrado em função de uma estratégia de desenvolvimento”, afirma.
Na opinião do pesquisador, os principais países produtores sinalizaram, com este anúncio, que não vão contribuir significativamente para que as principais economias ocidentais saiam da recessão e administrem suas situações inflacionárias.
Eles estão mostrando que o cartel de produtores está vivo e disposto a manter regulado o preço internacional do petróleo, sem baixas expressivas.
Petróleo vai subir?
Mineiro considera prematuro fazer previsões de preços. “Fala-se em uma alta de preços pouco menor do que 10%, mas isso ainda terá que ser verificado”, disse ele, destacando também que ainda não é possível avaliar se os efeitos destas medidas sobre a economia internacional serão de longo prazo.
E isso, diz ele, ocorre pelo fato de os elementos do lado da demanda ainda estarem sendo considerados, inclusive com uma possibilidade de aprofundamento da crise econômica nos principais países em função das turbulências financeiras ou uma retomada sustentada do crescimento chinês.
O que é o PPI da Petrobras?
Conforme explica Carla Ferreira, também pesquisadora do Ineep, o Preço de Paridade de Importação é uma referência usada para refletir os custos da internalização de combustíveis.
“Essa referência é calculada com base no preço de importação do combustível, considerando a cotação internacional do produto, taxas portuárias, os custos logísticos, acrescidos de uma margem”, afirma Carla.
A implementação do PPI como referência da Petrobras é relativamente recente. Foi adotada em 2016, durante o mandato do ex-presidente da República, Michel Temer, quando a estatal era comandada por Pedro Parente.
Na ocasião, a petroleira afirmou que a decisão do comitê executivo levou em conta “o crescente volume de importações, o que reduz a participação da Petrobras”, e também a sazonalidade do mercado mundial de petróleo.