Multinacionais querem acordos contra dupla tributação, mostra pesquisa

A maioria dos investidores internacionais que operam no Brasil salientaram a necessidade de realizar acordos contra a dupla tributação (ADT) no País. Esse é o resultado indicado por uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Câmara Americana de Comércio (Amcham). 

Segundo a pesquisa, 63% das multinacionais dos Estados Unidos,
Alemanha e Reino Unido que atuam no Brasil acreditam que a assinatura de acordos contra a dupla tributação ajudaria a aumentar comércio e investimentos no País.

33 acordos contra dupla tributação

A CNI e a Amcham conversaram com as 55 maiores multinacionais que têm investimentos produtivos no Brasil. O País tem atualmente ADTs com 33 países. Outros quatro estão em processo de ratificação.

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Entretanto, não há ADTs com Alemanha, Reino Unido ou Estados Unidos. Esses três países são origem ou destino de importantes fluxos de investimentos diretos estrangeiros.

No total, mais de US$ 250 bilhões (mais de R$ 1,1 bilhão) de investimentos no Brasil têm como origem apenas esses três países.

Acordos reduzem custos para investidores estrangeiros

Para a CNI, os acordos contra a dupla tributação reduzem os custos para os investimentos estrangeiros no Brasil. A redução do Imposto de Renda sobre rendimentos importantes, como por exemplo envio de dividendos, comércio de serviços, financiamento e royalties, facilitaria a entrada de capitais no País.

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A pesquisa da CNI-Amcham mostra que 86% dos investidores consideram que, caso esses acordos sejam concluídos, poderiam aumentar o comércio com o Brasil.

Além disso, 54% das empresas consultadas afirmaram que, caso o Brasil assine um acordo contra dupla tributação com esses três países, poderia aumentar a aquisição de tecnologia por parte do País.

“O resultado do levantamento é bem claro. As empresas afirmam que a celebração desse acordo aumentaria seus investimentos no Brasil. Assinar acordos de dupla tributação com EUA, Alemanha e Reino Unido seria uma grande contribuição para melhorar o ambiente de negócios no país e atrair mais investimentos num momento em que o Brasil mais necessita”, informou o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi.

BNDES espera R$ 1,1 tri em investimentos

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem uma previsão de R$ 1,1 trilhões em investimentos estrangeiros no Brasil até 2021. O montante é esperado no quadriênio 2019-2022, um aumento de 6,8% em relação à expectativa anterior válida para o período entre 2018 e 2021.

Os números do BNDES levam em consideração investimentos apoiados e não apoiados pelo banco de fomento. O estudo envolve 19 setores, sendo 11 da indústria e oito da infraestrutura. Em termos reais, os investimentos no período devem ser elevados em 2,7%, segundo o banco.

O investimento é alavancado principalmente pelo segmento de petróleo e gás, puxado pela recuperação do preço do petróleo e também pelos leilões de concessão ou de partilha de blocos exploratórios entre 2017 e 2018.

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Na no segmento da infraestrutura, a estimativa é de previsão é de um investimento médio anual próximo do aguardado anteriormente (para 2018-2021)

“Os segmentos de logística e saneamento devem mostrar melhor desempenho dos investimentos nas áreas mais carentes de desenvolvimento, sobretudo a partir de 2020”, afirma o BNDES.

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A análise realizada pela equipe econômica do banco relata uma diminuição do alto endividamento e restrição de caixa das empresas na parte de mineração. Outro elemento relevante, segundo o estudo, foi a siderurgia, com maiores margens de lucro do setor.

Para o banco estatal, privatizações, concessões e mudanças regulatórias também impactam positivamente o quadro previsto para os investimentos, enquanto o cenário fiscal dos estados continua sendo um fator de dificuldade.

Além disso, acordos contra a dupla tributação também poderiam ajudar a aumentar o montante dos investimentos diretos estrangeiros no Brasil.

Carlo Cauti

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