O que esperar dos fundos imobiliários com juros e inflação altas?
O cenário macroeconômico não está dos melhores para quem investe em renda variável, inclusive nos fundos imobiliários.
Com a taxa Selic em 13,75% ao ano e a inflação acumulada em 12 meses em 5,60%, o que esperar dos fundos imobiliários?
Os fundos de papéis que investem na renda fixa do setor imobiliário ganham destaque, já que esses FIIs distribuem rendimentos com prêmios acima do IPCA ou CDI.
Dentre os 10 maiores pagadores de dividendos em fevereiro distribuíram entre 1,24% a 1,56%. Em termos anualizados, o dividend yield desses fundos imobiliários ultrapassam a atual taxa Selic.
Assim, para o cotista de fundo imobiliário de papel, o aumento da inflação não necessariamente é uma má notícia.
Segundo Danny Gampel, gestor do CYCR11, os dividendos de FIIs que investem em CRI sobem nesse contexto. “O dividend yield vira um atrativo para o cotista”.
A head de crédito da Suno Asset, Amanda Coura, diz que com os indexadores em patamares mais altos, “pode se esperar um reflexo também nos rendimentos distribuídos”.
Mas a atratividade para o segmento de fundos imobiliários, na totalidade, fica maior quando os juros entrarem em rota de queda.
Coura explica que isso tornará os “retornos da renda variável mais interessantes, gerando um impacto positivo nos preços das cotas dos fundos no mercado”.
Rodrigo Possenti, gestor do VRTA11, explica que “continuamos sem ter uma previsibilidade de quando teremos maior controle da inflação e início do ciclo de queda da Selic”.
Alguns setores de FIIs têm menor correlação com a alta de juros. Segundo Pedro Bragança, diretor de Gestão da TG Core Asset, do fundo TGAR11, esse é o caso do setor de desenvolvimento residencial focado em loteamentos.
Por sua função social, a maior parte do volume do mercado de crédito habitacional tem suas taxas reguladas pelo governo.
Assim, Bragança acredita “que este é um dos melhores ramos do setor imobiliário para ‘surfar’ em um cenário de juros e inflação em alta”.
Em geral, a expectativa dos especialistas é que, enquanto os juros não caem, o jeito é aproveitar os rendimentos mensais de fundos imobiliários, observando o perfil de risco da carteira.