Selic mantida em 13,75%: veja repercussão sobre a decisão do Copom desta quarta

Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, anunciou nesta quarta (22) a quinta manutenção consecutiva da Selic em 13,75% ao ano. Contudo, a decisão não pegou o mercado de surpresa.

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Conforme a prévia do Suno Notícias, todas as instituições financeiras e especialistas consultados projetaram manutenção da taxa Selic. Sem o arcabouço fiscal, em meio à pressão inflacionária no Brasil e no mundo, junto à crise bancária global, as expectativas eram de que o Banco Central escolhesse seguir o mesmo plano de voo.

E isso de fato aconteceu.

“Os dados desde o último Copom foram ruins para a dinâmica inflacionária, mas a incerteza aumentou. Choques recentes [Silicon Valley Bank (SVB), Americanas (AMER3), etc.] podem tornar dados passados menos relevantes neste momento”, explica o time de economistas da XP Investimentos.

De acordo com eles, a pressão política também é crescente, com o governo esperando uma sinalização de flexibilização monetária o quanto antes. No entanto, do ponto de vista técnico, isso não parecia provável de ser concretizado.

“Reconhecemos, entretanto, a possibilidade de cortes na Selic mais cedo, a depender da evolução dos choques financeiros e da forma que o Copom optará por administrar o balanço entre desaceleração da atividade e convergência da inflação”, avaliam.

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Mas quando a Selic vai cair?

É importante lembrar que a taxa Selic permanece no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano. Desde agosto do ano passado, o Banco Central não alterou a taxa básica de juros do País. Anteriormente, o comitê elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.

O economista-chefe da Blue3 Investimentos, Roberto Simioni, destaca que o arcabouço prometido para antes do Copom, e que prometia atender às exigências da responsabilidade fiscal, levou parte do mercado a acreditar que o BC sinalizaria o interesse de início de um ciclo de cortes da Selic.

“Entretanto, essa expectativa foi frustrada, com a alteração de datas previstas na apresentação e a natural incerteza quanto ao teor do arcabouço, levou o mercado a ajustar para cima as projeções sobre juros. De outro lado, o anúncio de manter a Selic no patamar de 13,75% mostra que o Banco Central segue empenhado no controle da inflação”, pontua Simioni.

No comunicado, o Copom destacou que a recente reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza dos resultados fiscais no curto prazo. Contudo, o comitê enfatizou que está mais atento à conjuntura marcada pela alta volatilidade nos mercados financeiros e expectativas de inflação desancoradas em relação às metas em horizontes mais longos.

Segundo o economista, a queda na inflação observada com a desoneração do preço dos combustíveis, da energia elétrica e das telecomunicações “perde seu efeito” no momento em que o mercado de trabalho segue aquecido. “E a reoneração dos impostos federais dos combustíveis sinalizam futuras pressões no IPCA, mantendo-o em níveis elevados em 2023”, afirma.

O inverno vai continuar

Enquanto isso, Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, destaca que apesar de o comunicado do Copom ter adotado um tom “duro”, reforçou a independência do Banco Central.

“O comitê foi na contramão das expectativas de agentes de mercado mais otimistas, que esperavam um tom mais leve e até mesmo uma eventual antecipação de corte de juros para o curto prazo. O inverno continua e, segundo o Banco Central, vai ser longo”, pontua.

Segundo ele, o BC manteve a postura de que fará o necessário para conduzir a inflação para a meta, e avalia que a melhor forma para a desancoragem das expectativas de inflação de de longo prazo é através da manutenção da taxa de juros por mais tempo.

“O BC deve manter a Selic no patamar atual por mais tempo, até que haja uma real deterioração da inflação, e o indicativo para uma eventual ‘luz no fim do túnel’ pode ser o novo arcabouço fiscal, além de um cenário externo menos conturbado, o que tornaria válido uma eventual nova discussão sobre corte de juros no segundo semestre de 2023″, finaliza.

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Janize Colaço

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