BCE eleva juros em 50 pontos, para 3,5%, apesar da tensão no setor de bancos
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu elevar suas principais taxas de juros em 50 pontos-base (pb), após concluir reunião de política monetária nesta quinta-feira (16), como já havia sinalizado no começo do mês passado, apesar de recentes incertezas no sistema bancário global.
Com a decisão, a taxa de refinanciamento do BCE passará de 3% a 3,50%, a de depósitos, de 2,50% a 3%, e a de empréstimos, de 3,25% a 3,75%.
Em comunicado, o BCE avaliou que o “elevado nível de incertezas” reforça a importância de se usar uma abordagem dependente de dados econômicos.
O BCE também afirmou estar monitorando de perto as atuais tensões nos mercados e garantiu estar disposto a agir, se necessário. “O setor bancário da zona do euro é resiliente, com fortes posições de capital e liquidez”, disse a autoridade monetária.
A decisão do BCE veio um dia após preocupações com o Credit Suisse deflagrarem uma forte liquidação de ações de bancos europeus nas bolsas da região.
Na quarta à noite, o Credit disse que irá aceitar empréstimos oferecidos pelo banco central da Suíça. Dias antes do episódio do Credit, dois bancos regionais dos EUA – o Silicon Valley Bank e o Signature Bank – entraram em colapso.
As dificuldades do Credit levaram alguns economistas a acreditar que o BCE poderia optar por um elevação de juros mais moderada na reunião deste mês.
Projeções do BCE
O Banco Central Europeu divulgou também nesta quinta-feira projeções atualizadas, com revisão em alta na expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro, enquanto na inflação houve ajustes para os dois lados, levando-se em conta também o núcleo do índice, que exclui alimentos e energia.
A instituição ressaltou, em comunicado, que as novas projeções de seu staff foram finalizadas no início de março, “antes da recente emergência de tensões no mercado financeiro”, e acrescenta que isso implica “incerteza adicional” nas expectativas.
Para a inflação ao consumidor, houve revisão para baixo no índice cheio, diante de contribuição menor dos preços de energia do que o antes esperado. O staff do BCE projeta agora que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da região avance 5,3% em 2023, 2,9% em 2024 e 2,1% em 2025 (em dezembro, projetava altas de 6,3%, 3,4% e 2,3%, respectivamente).
Já o núcleo da inflação “segue forte”. Para 2023, o BCE espera que o núcleo do CPI avance 4,6%, quando em dezembro projetava alta de 4,2%. Para 2024, a alta de 2,8% antes prevista foi revisada para uma de 2,5%, e para 2025 a expectativa de alta de 2,4% foi cortada para alta de 2,2%.
O BCE acredita que com o tempo as pressões de alta de choques passados para a oferta e com a reabertura da economia devem perder fôlego, com a política monetária mais apertada pesando cada vez mais na demanda.
O staff do BCE projeta também que o PIB da zona do euro avance 1,0% em 2023, quando em dezembro esperava alta menor, de 0,5%, mencionando queda em preços de energia e maior resistência econômica ao “ambiente internacional desafiador”.
Para 2024, espera crescimento de 1,6% (de 1,9% anteriormente) e também alta de 1,6% em 2025 (de 1,8% em dezembro). As leituras para 2024 e 2025 tiveram portanto revisões para baixo, “graças ao aperto da política monetária”, diz o BCE.
Com Estadão Conteúdo