“Haddad está muito longe de ser um petista radical”, avalia economista do Banco Master

Com o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os investidores seguem incertos quanto aos rumos econômicos da nova gestão. Apesar disso, na avaliação de Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), há um agente dentro do governo que tem buscado dar voz ao mercado: Fernando Haddad, ministro da Fazenda.

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Ainda que não defenda uma política econômica de viés liberal, o ex-prefeito de São Paulo é apontado pelo economista como o “fiador do governo” na busca pela regra e responsabilidade fiscal. “Se olharmos o que ele tem defendido, qual estratégia tem adotado e seus discursos, claramente é essa a posição dele”, afirma.

Isso, porém, não necessariamente significa que a mesma postura seja adotada dentro do partido. Gala lembra do “fogo amigo” que o ministro da Fazenda tem recebido de alas importantes dentro do próprio PT, que são contrárias a uma política fiscal mais moderada.

Haddad está muito longe de ser um petista radical.

Gala ainda aponta, ao observar a equipe montada na Fazenda, uma frente ampla na composição da pasta. Afinal, há nomes como Rogério Ceron, economista que participou da redução de dívida da cidade de São Paulo, e Gabriel Galípolo, que já atuou em gestões do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

Novo arcabouço fiscal

Uma das decisões mais aguardas pelo mercado, o novo arcabouço fiscal tem sido trabalhado por Haddad e está em vias de ser divulgada ao país — nesta semana, deverá ser apresentada ao presidente Lula. Para o economista do Banco Master, a perspectiva é positiva.

Isso porque outro nome dentro da composição do governo pode já ter sinalizado positivamente quanto à proposta e tem uma longa experiência com contas fiscais: o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

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“Ao escolher a atual equipe econômica, Lula já deu sinal claro que quer uma equipe mais fiscalista e mais frente ampla. Se o Alckmin, que é um fiscalista por excelência, ‘sorriu’ para a proposta da nova regra fiscal, é um bom sinal”, pontua Gala.

Além disso, o economista defende que adotar uma âncora fiscal, ao contrário de um teto de gastos, é mais “crível”. Segundo ele, uma regra ajuda mais, pois significa que haverá uma “trava de gastos”, fato que poderá contribuir para a confiança dos investidores.

Redução da Selic?

Embora as críticas ao Banco Central feitas por Lula tenham sido constantes, e alas do PT peçam por um corte na taxa de juros, Gala não acredita que haverá uma redução da Selic tão cedo — sobretudo na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que será no fim de março.

Na avaliação do economista, os movimentos de bancos centrais costumam ser mais lentos e dificilmente seria tomada a decisão de cortar a taxa básica em poucas semanas, a não ser em casos de emergência, o que não é o caso do Brasil.

“O curso mais provável que iremos assistir nos próximos meses é o banco central, primeiramente, sinalizar um novo cenário — e é importante reconhecer que estamos em um novo cenário. O PIB brasileiro caiu no quarto trimestre do ano passado e o nível de atividade está muito ruim em janeiro e fevereiro”, pontua.

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Janize Colaço

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