Marisa (AMAR3) fechará lojas pelo País; varejista mapeia pontos durante crise milionária
Enquanto enfrenta uma crise financeira e tenta renegociar dívidas avaliadas em R$ 600 milhões, a Marisa (AMAR3) estuda fechar lojas pelo País. João Pinheiro Nogueira Batista, novo CEO da varejista de moda, disse nesta quinta (23) que “não faz sentido uma empresa com alta margem ter prejuízo”.
“Já teremos um diagnóstico para apresentar ao conselho em meados de março”, ressaltou Nogueira em entrevista ao Valor Econômico. Segundo o executivo, um dos principais problemas da Marisa já foi identificado: o custo operacional está alto demais.
A gestão ainda trabalha em um mapeamento de quais lojas irá fechar, mas acredita que invariavelmente terá que fechar algumas das suas 344 unidades. Conforme dados atualizados do Status Invest, a margem bruta é de 43%, ante uma margem Ebitda de 1,5%.
A expectativa é de que, no próximo mês, Nogueira e sua equipe levem ao Conselho de Administração um plano concreto de como serão os cortes de lojas para melhorar a eficiência de custos da companhia. Além disso, a empresa também movimenta uma reestruturação na sua diretoria.
Marisa faz ‘dança das cadeiras’
Além da indicação de Nogueira para o comando da Marisa, o executivo Alberto Kohn de Penhas assumiu a posição de chefe de operações da varejista.
Kohn havia sido escolhido como presidente interino da companhia após a renúncia de Adalberto Pereira Santos, CEO da empresa até o início de fevereiro.
Em meio a crise, a companhia contratou a BR Partners para assessorá-la no processo de renegociação de seu endividamento financeiro e a Galeazzi Associados para apoiá-la no aperfeiçoamento da estrutura de custos.
Mais negócios da família são afetados
Conforme reportado pelo Suno Notícias, a crise financeira enfrentada pela acabou prejudicando outro negócio da família Goldfarb, dona da companhia: o fundo imobiliário Brasil Varejo (BVAR11) também pertence aos fundadores da varejista de moda.
Na sexta (17), os gestores do BVAR11 revelaram ao mercado o calote da Marisa. Segundo a Rio Bravo Investimentos, administradora do fundo imobiliário, a varejista corresponde a 81,47% da receita imobiliária do FII.
“A inadimplência representa um impacto negativo no resultado do fundo de aproximadamente R$ 5,95 por cota”, ressaltou a Rio Bravo no comunicado.
Além do BVAR11, a Marisa também está devendo para o Kinea Renda Imobiliária (KNRI11). A varejista é inquilina do CD Itaqua, galpão logístico próximo de São Paulo (SP). Esse contrato equivale a 4% da receita total da carteira de imóveis do fundo.
AMAR3 em queda
A companhia enfrenta uma crise severa desde que comunicou que renegociará as dívidas de R$ 600 milhões e de que o vencimento das mesmas é de curto prazo.
Desde que isso veio a público, no início de fevereiro, as ações AMAR3 somam uma baixa de cerca de 45%. Em uma janela mais longa, de 12 meses, as ações da Marisa caem 75%.