Carrefour (CRFB3): lucro no 4T22 tem queda de 28% na comparação anual, e fica em R$ 550 mi
O Grupo Carrefour Brasil (CRFB3) apresentou lucro líquido ao controlador de R$ 550 milhões no quarto trimestre de 2022, o que representa queda de 28% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Para o diretor financeiro da companhia, David Murciano, a queda dessa última linha do balanço do Carrefour é natural se considerada a dívida da empresa e o patamar de juros do País. A companhia trabalha com o cenário de que a taxa de juros brasileira permaneça em dois dígitos em 2023.
“A queda (do lucro) vem do custo da dívida do Carrefour. O nível de alavancagem, na verdade, melhorou”, disse Murciano. Ele explica que, como o modelo de negócios de atacarejo gera caixa para a companhia, o endividamento deve progressivamente diminuir. Além disso, o executivo cita sinergias com o BIG, empresa adquirida pela rede, e o braço de ativos imobiliários da companhia, que também deve trazer recursos novos e, consequentemente, reduzir proporcionalmente o endividamento do grupo.
Para além disso, Murciano diz que há negociações com bancos para melhorar o custo das dívidas, apesar dos outros movimentos serem mais significativos. “O mais lógico é baixar a alavancagem pela geração de caixa. O ambiente de negociação (com instituições financeiras) ficou um pouco mais difícil, mas o Carrefour tem boa entrada nos bancos”, afirmou.
O lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização (Ebitda do Carrefour) ajustado foi de R$ 1,974 bilhão, alta 12,4% ante o último trimestre de 2021.
A receita líquida do Carrefour, por sua vez, foi de R$ 28,158 bilhões, alta de 36% ante o mesmo período de 2021.
Pressão sobre as margens do Carrefour
As conversões de lojas adquiridas do Grupo Big para os formatos do Carrefour, pressionam as margens do Carrefour, mas Murciano se diz satisfeito com o ritmo de conversões e com a saúde financeira da empresa. Se o Grupo Big fosse excluído da conta, a margem Ebitda teria sido de 8,9%, no resultado consolidado, ela foi de 7%.
“No trimestre convertemos 34 lojas do Atacadão (21 do Maxxi e 13 do BIG Hipermercado), 17 lojas do Hipermercado Carrefour (convertida do BIG Hipermercado) e 1 loja Sams Club (convertida do BIG Hipermercado). Encerramos o ano com 48% do total de lojas a serem convertidas já abertas”, dia a companhia em seu release de resultados. Murciano acrescenta que o ritmo acelerado de conversões deve ser mantido neste primeiro semestre de 2023.
Alta nas vendas
As vendas brutas no modelo de atacarejo atingiram R$ 20,7 bilhões, alta de 23,9%, frente ao mesmo período de 2021. O desempenho do Carrefour foi impulsionado por vendas em mesmas lojas (conceito que considera apenas estabelecimentos abertos há um ano) de 10,0%. Outros 4,6% de crescimento vieram da expansão orgânica do Atacadão e mais 9,3% das conversões de lojas da bandeira Maxxi em Atacadão e lojas Maxxi que seguem com mesma marca.
“Vimos os volumes melhorando gradativamente de forma sequencial no Atacadão, impulsionados pela sazonalidade do trimestre (Black Friday, Copa do Mundo e Festas de fim de ano). Como a inflação voltou a crescer no período, também vimos um efeito ligeiramente positivo dos clientes B2B (pessoa jurídica)”, diz a companhia no release de resultados.
Murciano destacou que o atacarejo manteve margem bruta e Ebitda (excluído o Grupo Big) “praticamente estáveis” em 15,3% e 7,8%, com ligeiras quedas de 0,2 ponto porcentual e 0,1 p.p, respectivamente. A margem Ebitda dessa divisão de negócios com o Grupo Big na conta caiu 1,6 p.p., ficando em 6,3%
Vendas no varejo
As vendas brutas do varejo totalizaram R$ 9,1 bilhões, com alta de 49,8% na comparação anual, sendo R$ 6,7 bilhões no Carrefour e R$ 2,4 bilhões no BIG. O desempenho no 4T22 foi impulsionado pelo crescimento em mesmas lojas (excluindo gasolina) de 14,4% no Carrefour.
As despesas com vendas, gerais e administrativas foram de R$ 1,8 bilhão, alta de 81,3%, e representaram 22,3% das vendas líquidas. Esse foi o reflexo do impacto das conversões de lojas.
O faturamento do Banco Carrefour totalizou R$ 14,5 bilhões no último trimestre de 2022, com alta de 9,1% ante o mesmo período de 2021. Murciano destacou melhoras na inadimplência das carteiras do banco. “Após um terceiro trimestre mais volátil, ajustamos algumas alavancas de concessão de crédito que foram liberadas no período, levando o índice Over 30 (atrasos acima de 30 dias) a uma melhora de 0,7 p.p., na comparação com o trimestre anterior, ficando em 17,5%. Over 90 (atrasos acima de 90 dias) também melhorou 0,6 p.p. para 13,3%”, escreveu a companhia.
Com Estadão Conteúdo