Oi (OIBR3): CEO defende viabilidade operacional e diz que foco é reestruturar dívida
O CEO da Oi (OIBR3), Rodrigo Abreu, defendeu na manhã desta terça-feira (7) que a companhia é sustentável do ponto de vista de estratégia e operação e que a reestruturação da dívida financeira da empresa não irá afetar as atividades.
“Ela carrega dívida do passado. Não tem nada a ver com a operação atual da Oi“, disse Abreu. As declarações foram dadas após os executivos da empresa saírem de reunião em Brasília com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
De acordo com Abreu, o encontro teve caráter de “acompanhamento de status” da Oi, em que ela prestou contas e mostrou seus planos e passos para a sustentabilidade futura da tele. “Se não acreditássemos na sustentabilidade não estaríamos fazendo todo o plano que estamos fazendo há bastante tempo”, disse a jornalistas. “A Anatel tem dever de ofício de acompanhar concessão.”
A reunião aconteceu após a Oi precisar buscar na Justiça proteção contra seus credores, pouco mais de um mês após ter decretado o fim de seu processo de recuperação judicial da Oi. Nesse contexto, Abreu dividiu o plano da empresa em três blocos de atuação.
O primeiro, “operacional”, relativo à continuidade do processo de reconstrução da Oi, focada no negócio de fibra. “Fizemos aposta estratégica de investimento em fibra, já agora há pouco mais de três anos. E de fato se não tivesse sido feito a companhia não teria perspectiva para futuro, ela tem aspiração de se tornar maior empresa de fibra do País, do ponto de vista de banda larga”, afirmou o Executivo.
O segundo pilar é o de reestruturação de dívida da Oi. Defendendo que a operação da Oi é viável e que o problema da dívida passada foi parcialmente resolvido com a primeira recuperação judicial, Abreu destacou que se “nada for feito”, a dívida que a tele carrega não é compatível com a capacidade de geração de resultados futuros. É por isso, segundo ele, que a empresa está focada na reestruturação desse passivo, “primordialmente” o financeiro.
“Renegociação de dívidas financeiras, e esse é o foco de todo nosso processo atual de medida, cautelar, de possível entrada de um plano pré-acordado para poder registrar e formalizar negociação. O pedido de tutela faz parte, não é medida exótica”, diz ele.
“Esperamos resolver o mais rápido possível. Portanto, foi feito pedido para que possamos chegar a acordo de reestruturação de dívida”, acrescentou o executivo. “Não existe intenção de causar impacto em qualquer outro tipo de obrigação. Primordial é a dívida financeira”.
Já o terceiro pilar de atuação da Oi se volta à resolução em torno do contrato de concessão de telefonia fixa, que acaba em 2025. “Concessão é deficitária, na nossa visão, e há muito tempo temos discutido isso”, afirmou Abreu, que não quis entrar em mais detalhes sobre esse tema, que é tratado junto à Anatel. “Não temos intenção de rever nenhum tipo de acordo e negociação de transação de crédito de Anatel, ou qualquer outro tipo de obrigação que já tenha sido transacionada. Isso já foi deixado claro”, afirmou.
“Temos convicção de que, se não tivesse tomado todos os passo de reestruturação de companhia, de venda de ativos, de criação de operações, a companhia hoje não existiria”, afirmou Abreu.
Questionado sobre como enfrentar o endividamento atual sem os ativos que ajudaram a Oi a sair da primeira recuperação judicial, o executivo respondeu que o processo de renegociação está sendo discutido com credores e que a companhia “tem sim ativos”, citando a V.tal.
A Oi vai pedir recuperação judicial de novo?
Enquanto a Oi (OIBR3) não decide se entrará novamente em recuperação judicial, a empresa estendeu o período de negociação com os seus credores em uma tutela de urgência. De acordo com informações divulgadas nesta terça (7), a companhia tem 30 dias para definir qual será o seu próximo caminho.
Segundo a apuração do Estadão/Broadcast, o alto escalão da Oi ainda não definiu o momento em que encaminhará o pedido à Justiça.
A empresa de telecomunicações tem buscado manter as negociações com os credores para conseguir chegar a um acordo de refinanciamento das dívidas. O desenrolar dessas conversas será o termômetro dos próximos passos da Oi.
Na última semana, a empresa conseguiu uma proteção jurídica que suspende pagamentos a credores e impede execuções de cobrança por um prazo de 30 dias. Na petição, os advogados classificaram a situação financeira da Oi como “insustentável”.
A companhia tem R$ 29,7 bilhões em dívidas financeiras. Caso não haja um acordo entre os credores, a Oi não terá alternativa a não ser pedir um segundo processo de recuperação judicial.
“Essa tutela basicamente protegia a ação dos credores da Oi. Ou seja os credores não poderiam cobrar nesse momento”, resume Rafael Maluly Bombini, assessor da DOM Investimentos. Na visão do especialista, a perspectiva atual de recuperação judicial é uma notícia “ruim” para as ações da companhia.
“A reestruturação financeira é uma medida crucial para garantir o futuro da Oi e o comprometimento da empresa com esta ação mostra sua determinação em se recuperar. Além disso, a solução para o contrato de telefonia fixa pode ser uma oportunidade para a Oi, permitindo a empresa alocar recursos em áreas mais estratégicas e rentáveis, o que pode ter um impacto positivo nas receitas e lucratividade futuras da empresa”, diz Fabrício Gonçalvez CEO da Box Asset Management.
Gonçalvez explica que, no curto prazo, as declarações do CEO da Oi podem ter um impacto positivo na cotação da OIBR3, transmitindo confiança aos investidores sobre o futuro da empresa. No médio e longo prazo, as ações da Oi poderão ser positivamente impactadas se a empresa cumprir suas metas financeiras, completa. “É importante destacar que ainda há muito trabalho a ser feito, mas as declarações de Abreu transmitem otimismo e determinação em superar as dificuldades e garantir o futuro da empresa.”
As ações da Oi subiam 6,4% às 14h20 desta terça-feira (7), cotadas a R$ 1,33.
Com informações do Estadão Conteúdo