Veja 3 investimentos que podem proteger seu patrimônio da inflação

A inflação é um dos maiores vilões da economia brasileira. O aumento dos preços corrói o poder de compra do consumidor, afetando diretamente seu capital. Porém, existem boas opções de investimentos que contribuem para proteger o patrimônio e ainda gerar ganhos no longo prazo.

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O Boletim Focus, elaborado semanalmente pelo Banco Central, tem expectativa que a inflação termine 2023 em 5,74% e o ano de 2024 em 3,90%. Pela quinta vez seguida, os especialistas revisaram para cima suas projeções sobre o IPCA, que dá sinais que continuará subindo.

Por isso, a escolha de investimentos com potencial de ganhos acima da inflação pode proteger o capital do consumidor.

Nesta matéria, vamos mostrar ativos de renda variável que pagam rendimentos mensais e isentos de imposto de renda. São eles:

Tradicionalmente, os investimentos em títulos públicos atrelados à inflação – via Tesouro Direto – são muito utilizados pelos investidores para proteção da inflação. Mas os fundos listados na bolsa de valores têm vantagens que vão além da proteção, oferecendo um prêmio a mais aos investidores.

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1. Investimentos em Fundos imobiliários

Entre os investimentos com características de proteção da inflação estão os Fundos Imobiliários. Os aluguéis dos imóveis são corrigidos pela inflação, sendo uma proteção óbvia contra a alta dos preços.

Os fundos de papel que possuem ativos de crédito indexados à inflação distribuem aos cotistas a correção monetária de forma mais imediata, trazendo uma grande vantagem ao consumidor.

Já os fundos de tijolo – que investem diretamente em imóveis – também garantem ganhos acima da inflação. Mas Pedro Ernesto Bragança, diretor de Gestão da TG Core Asset, investida da Trinus .co, reforça que essa proteção não é transmitida ao investidor da mesma forma em cada uma das classes de FII.

Bragança lembra que para os fundos de tijolo, a inflação não é repassada de um mês para o outro. Essa classe de ativos está mais exposta aos ciclos do mercado imobiliário. Porém, no longo prazo, os bons fundos que investem em imóveis possuem resultados que superam “com folga” a inflação.

Em momentos de bonança, esses fundos performam ainda melhor. Bragança reforça que em cenários de crescimento econômico, os valores podem crescer a níveis acima do IPCA, “como estamos vendo atualmente em algumas regiões da cidade de São Paulo”, destaca.

Esse raciocínio descrito para a classe de tijolos aplica-se a vários segmentos, como o de lajes corporativas, shoppings, galpões logísticos e renda urbana.

Fundos de desenvolvimento

Outra categoria que protege o investidor dos efeitos da inflação é a de fundos de desenvolvimento imobiliário residencial, segmento que tem no TG Ativo Real (TGAR11) seu maior representante.

O fundo se expõe ao desenvolvimento tanto via participações societárias quanto via operações de crédito.

No caso das participações societárias, os contratos de compra e venda firmados entre as chamadas SPEs e o comprador final da unidade imobiliária são corrigidos pela inflação, somado a uma taxa de juros.

“Isso protege o investimento frente a perda do poder de compra da moeda”, ressalta o diretor de gestão da TG Core.

No caso da carteira de crédito do fundo de desenvolvimento, o racional é o mesmo adotado para os fundos de papel. Ou seja, há apuração e distribuição mensal da correção monetária aos cotistas.

2. Fundos de infraestrutura (FI-Infra) superam a inflação

Os FI-Infra investem majoritariamente em debêntures incentivadas, que são títulos de dívida aplicados aos projetos de infraestrutura. Esses fundos investem em projetos de rodovias, telecomunicações, geração de energia, óleo e gás, portos e etc.

Gabriel Esteca, head de infraestrutura da Bocaina Capital, explica que os fundos de infraestrutura possuem um duplo benefício, pois são isentos de impostos tanto nos rendimentos mensais quanto no ganho de capital, em caso de venda das cotas com lucro.

Ao investir em FI-Infra, o investidor pode ter acesso a uma carteira diversificada, gerida por profissionais com especialização no mercado de crédito e de infraestrutura.

Por esse motivo, Esteca vê maior vantagem em investir em debêntures via FI-Infra em detrimento da compra direta em debêntures no mercado secundário. Além disso, os fundos de infraestrutura possuem debêntures que são indexadas ao IPCA.

Ou seja, esses ativos são emitidos com um prêmio acima dos títulos públicos que também possuem a inflação como referência. “Isto quer dizer que em cenário de aumento de inflação, a remuneração da parcela IPCA desses papéis crescerá acompanhando o índice”, ressalta Esteca.

FI-Infra possui “prêmios” que batem os títulos públicos

Fundos como FI-Infra da Bocaina Capital, o BODB11, oferecem esse portfólio ao investidor, permitindo a exposição a essa carteira IPCA+, ou como é chamado no mercado, uma carteira com base em “juros reais”.

O head de infraestrutura da Bocaina Capital afirma que os fundos de infraestrutura podem superar os títulos públicos, conhecidos como bons ativos que também protegem o capital da inflação.

O fundo BODB11 tem como objetivo de rentabilidade entregar um prêmio superior aos títulos públicos de 1,5%a 2,5%. A carteira de debêntures do fundo possui um prêmio que chega a IPCA + 9%.

Obviamente, o investidor também deve se preocupar com o risco associado aos investimentos em títulos de crédito privado. O ideal é escolher fundos com perfil de risco mais adequado às expectativas do investidor.

3. Fiagro

Além dos fundos imobiliários e FI-Infra, os investidores têm outra opção para investir e mitigar os efeitos da inflação. O Fiagro “abre uma porteira” para o público geral realizar investimento no agronegócio, obtendo retornos acima da inflação.

Os Fiagros são fundos de investimentos cotados em bolsa que investem em títulos de renda fixa do agronegócio, e também em terras e ativos rurais.

Basicamente, o Fiagro-FII funciona de modo semelhante aos fundos imobiliários. A diferença básica é que esses ativos investem em produtos relacionados ao agronegócio.

Sobre a oportunidade de investimento no setor, desde 2019 o agronegócio tem uma taxa de crescimento expressiva.

Maria Tereza Vendramini, head de produtos estruturados da AZ Quest, lembra que a soja saiu de R$ 75 para R$ 170. O milho saiu de R$ 19 chegando a valer R$ 70. Esse movimento foi parecido em outras commodities, como a cana, café e algodão.

“Isso fez várias empresas ampliarem suas margens operacionais de maneira muito robusta”, comenta a especialista em estruturação de crédito rural.

Investimentos em Fiagro: ganhos acima do CDI e inflação

Em sua grande maioria, o Fiagro investe em títulos da dívida do setor, por meio dos certificados de recebíveis do agronegócio (CRA).

Como esses CRAs são indexados ao CDI ou IPCA, com a alta dos juros e da inflação, os Fiagros têm distribuído rendimentos com ganhos reais.

De acordo com Maria Tereza Vendramini, a proteção da inflação vem de maneira indireta, através do mandato do Banco Central independente, cuja principal missão é controlar a inflação. “Isso é notório a partir do último ciclo de alta de juros, quando a taxa de juros real saiu de -1% para algo entre 6 e 7%”, destaca.

Com ativos indexados ao CDI, os fundos do agronegócio pagam prêmios superiores ao indexador com relação direta à taxa Selic, que está atualmente em 13,75%.

Assim como os fundos imobiliários e FI-Infra que possuem prêmios que superam a inflação, os ativos de crédito nas carteiras dos Fiagros pagam cupons acima do CDI. Isso também permite a proteção do capital dos efeitos do aumento dos preços.

Para exemplificar, Vendramini cita o Fiagro da AZ Quest, o AAZQ11, recém lançado na bolsa de valores. A gestora espera alcançar um rendimento de até CDI + 5% com o fundo, incluindo os dividendos mensais.

Por fim, os fundos fechados – FIIs, FI-Infra e Fiagro – podem compor uma carteira diversificada de investimentos para proteção da inflação, escolhendo fundos que atendam suas expectativas de risco e retorno.

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Gustavo Bianch

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