Nubank (NUBR33): Fundo de reserva de emergência sofre saque de R$ 800 milhões após crise da Americanas (AMER3)

Após a revelação do rombo bilionário nos balanços contábeis da Americanas (AMER3) e o consequente impacto no fundo Nu Reserva Imediata do Nubank (NUBR33), cerca de 178 mil cotistas deixaram de aplicar no fundo, somando um saque de cerca de R$ 800 milhões.

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Isso, já que o fundo – que era oferecido pelo Nubank como de baixo risco – tinha títulos de dívida da Americanas, que tiveram alta desvalorização após a descoberta das inconsistências contábeis.

A rentabilidade negativa do fundo do Nubank, assim, assustou boa parte dos que aportaram recursos destinados à reserva de emergência.

Apesar do saque em massa, o fundo ainda soma 1,1 milhão de cotistas, sendo ainda um dos maiores veículos de renda fixa do Brasil, dada a capilaridade do Nubank.

Em termos de patrimônio líquido, o fundo agora tem R$ 2 bilhões sob sua administração, ante R$ 2,5 bilhões antes dos saques em massa.

“O fundo Nu Reserva Imediata se encontra em posição de solidez financeira, com percentual relevante em ativos de altíssima líquidez para absorver impactos como o de evento específico que afetou centenas de fundos de investimentos na semana passada”, disse a gestora do Nubank, em nota.

“O Nu Reserva Imediata já mostra recuperação, com valor positivo das cotas registrado na data de hoje. Reafirmamos que este fundo segue trajetória de rentabilidade de longo prazo, apoiada em estratégia de diversificação de ativos”, acrescentou.

Quanto os cotistas do fundo do Nubank perderam

O problema com a Americanas, de fato, foi o grande motivo para a queda da rentabilidade. Isso pois, conforme reportado pelo Suno Notícias, antes da crise o fundo proporcionava um ganho de 7,39% nos últimos seis meses, enquanto o CDI marcava 6,63%.

Porém, quando o rombo nas Americanas foi revelado e os papéis da companhia entraram em uma crise de confiança, o fundo passou a marcar 6,4%, enquanto o CDI desse mesmo período foi de 6,69%.

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O Nu Reserva Imediata tinha quase 1% do seu patrimônio aplicado em debêntures da Americanas e da B2W em setembro de 2022, segundo o último dado disponível.

Somente em um intradia o fundo chegou a cair mais de 0,7% – uma variação relativamente grande para produtos de renda fixa e de alta seguridade, especialmente considerando que a recomendação geral para reserva de emergência é o CDI, que não apresenta risco de desvalorização.

Como os fundos perdem

Conforme explicado pelo cofundador e Head de Investimentos em Infraestrutura da Bocaina Capital, Gabriel Esteca em entrevista ao Suno Notícias durante esta semana, a deterioração da percepção do risco de calote faz com que especialmente os fundos que detinham títulos de dívida da varejista sofram mais.

“Quando você tem uma situação dessa como a da Americanas, o primeiro impacto é uma redução do valor das negociações de mercado. Já na semana passada vimos isso, considerando inclusive que a Americanas é um emissor frequente de debêntures que estão espalhados por muitos fundos do mercado, e que muitos fundos de crédito tinham exposição”, explica.

“Essa situação remete ao fato de que aquele valor [de perda] pode ser irrecuperável”, completa.

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Aliás, os problemas contábeis podem fazer com que alguns mecanismos sejam destravados e as dívidas da companhia com credores sejam vencidas.

“No caso da Americanas ou de outras corporações que são emissores frequentes, você tem o que chamamos de covenants. Um dos possíveis é a relação da dívida líquida pelo Ebitda, que é o indicador de endividamento da companhia. Isso mostra quantos anos de geração de caixa você precisa para pagar o estoque de dívida da companhia”, explica.

“Com isso você coloca a obrigação na empresa de não ter um endividamento superior aquele estabelecido previamente. Ou seja, se a empresa romper o covenant, ela fica sujeita a ter sua dívida vencida. Parte do caso da Americanas é esse. A reclassificação contábil levaria à dívida financeira da empresa a explodir, e então ela romperia os covenants de dívida das debêntures”, completa.

Quem foram os mais impactados?

Segundo acompanhamento de retorno da XP, os fundos que sofreram o maior impacto foram os fundos de investimentos de renda fixa do tipo high grade – ou seja, em que os gestores compravam títulos de dívida de empresas consideradas sólidas. Antes da revelação do rombo bilionário, a Americanas era bem classificada e tinha um risco de calote reduzido.

Dos 113 fundos analisados, 93 já publicaram suas cotas, sendo que média dos retornos foi de 0,06% de queda. O destaque negativo foi o Augme 45 Advisory FIC FIRF CP, que caiu cerca de 1,2% após os problemas contábeis da Americanas.

No caso de fundos de ações, os mais impactados foram os da gestora Moat Capital. Na categoria de Fundos de Ações Long Only (que possuem apenas posições compradas em ações), o Moat Capital FIA caiu pouco mais de 6,8% com a crise na Americanas.

Dentre os fundos long biased (com viés comprado, mas que podem ter posições vendidas), o destaque negativo foi do Moat Capital Long Bias, que caiu 3,5% ao ter uma exposição de 4,3% da carteira aos papéis AMER3.

Vale lembrar que o fundo do Nubank pode ser enquadrado no nicho de fundos de renda fixa – justamente o mais impactado, segundo os dados da XP.

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Eduardo Vargas

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