Lula promete aumento de salário mínimo atrelado ao PIB
Em encontro com lideranças sindicais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou hoje (18) a criação de uma comissão para tratar da política de valorização do salário mínimo e defendeu que os reajustes devem acompanhar os crescimentos do Produto Interno Bruto (PIB). Acentuando incertezas sobre o risco fiscal, o discurso do mandatário refletiu no Ibovespa, que perdeu força enquanto o dólar passou a subir no intradia desta quarta-feira.
Segundo o presidente, reajustar o salário mínimo “é a melhor forma de fazer distribuição de renda neste país”. Em sua fala, Lula defendeu que não adianta o PIB brasileiro crescer, caso não seja redistribuído à toda a população.
Se a economia cresceu, o trabalhador vai ter um aumento no salário equivalente a um PIB.
O grupo de trabalho que vai discutir da valorização do salário mínimo será uma comissão interministerial, composta pelas seguintes pastas: Fazenda, Trabalho, Planejamento, Previdência, Secretaria-Geral, Casa Civil e Indústria e Comércio. Eles terão até 90 dias para formular uma proposta ao governo.
No Ibovespa, o discurso de Lula já causou alguns reflexos. Isso porque o governo também tem prometido um ajuste fiscal que mude a previsão de déficit para superávit no final do ano. Com a promessa de um salário mínimo que acompanhe o PIB, a despesa pública tenderá a crescer.
Isenção no IR para ganhos de até R$ 5 mil
Outro ponto abordado por Lula, que também reavivou as incertezas do mercado com o governo, é a isenção no Imposto de Renda (IR) para ganhos de até R$ 5 mil — promessa feita durante a campanha eleitoral e que foi reforçada hoje.
Afinal, a isenção no Imposto de Renda prometida por Lula afetará na arrecadação do governo. Com isso, a preocupação no mercado financeiro volta à promessa do superávit. Se o salário mínimo subir acima da inflação, as despesas previdenciárias sobem, enquanto a arrecadação da União pode cair, se a isenção do IR for concretizada.
O tema divide opiniões até mesmo dentro do Partido dos Trabalhadores, destacou o presidente. Mas, segundo Lula, existe um caminho para isso:
Me perguntam como fazer a isenção do imposto de renda para ganhos de até R$ 5 mil, se 60% da arrecadação vem de quem ganha até R$ 6 mil? Então, vamos mudar a lógica: diminuir o imposto para o pobre e aumentar para o rico.
- Governo Lula: China e EUA criam cenário econômico melhor do que esperado, diz economista
- Indicada por Lula, Tarciana Medeiros assume presidência do Banco do Brasil (BBAS3)
- Lula vai relançar Minha Casa, Minha Vida em viagem à Bahia ainda em janeiro
- Salário mínimo vai aumentar? Ajuste desejado por Lula é “decisão política”, diz Haddad
Lula frisa reforma tributária no 1° semestre
O presidente ainda reafirmou a promessa feita ontem por Fernando Haddad, ministro da Fazenda, que disse que o governo quer votar uma primeira proposta da reforma tributária ainda no primeiro semestre de 2023. Porém, o presidente pediu o apoio da sociedade.
A gente não alcançará isso se não houver mobilização do povo brasileiro para mudar a política tributária e colocar o pobre no orçamento e o rico no Imposto de Renda. Assim, arrecadaremos o suficiente para fazermos políticas sociais nesse país.
Lula finalizou o discurso destacando que a reforma tributária, isenção de imposto e os aumentos do salário mínimos são feitos de acordo com a legislação. “Não é à base da vontade ou do grito. Temos que construir e vamos fazer isso. Iremos construir a chance de nos transformar em um país desenvolvido.”
