Ibovespa cai 1,54% e fecha aos 109 mil pontos, com queda da Americanas (AMER3) e ações de commodities
O Ibovespa encerrou o esta segunda-feira (16) em queda de 1,54%, aos 109.212,66 pontos, após oscilar entre 108.752,91 e 110.907,91 pontos. O volume financeiro do dia somou R$ 18,50 bilhões.
O pregão de hoje foi marcado pela recuperação de varejistas com os papéis de Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) liderando as altas do dia. Carrefour (CRFB3) e Pão de Açúcar (PCAR3) também lideraram os ganhos do dia, com +4,40% e +4,40%.
Enquanto isso, a Americanas (AMER3) ficou isolada no setor, caindo mais de 38%, com papéis cotados a R$ 1,94, após oscilar entre R$ 1,80 e R$ 2,41. Ao todo, o volume financeiro somou R$ 250 milhões.
Junto à queda da varejista, a Ambev (ABEV3) também foi associada à empresa, cujos executivos compõem o 3G Capital — acionista preferencial da Americanas. Com isso, a fabricante de bebidas recuou 4,9% nesta segunda.
Além disso, no Ibovespa hoje bancos como o BTG Pactual (BPAC11) e o Santander (SANB11) também caíram, marcando presença na ponta positiva por serem credores da Americanas e terem uma exposição relativamente grande ao segmento de varejo.
Política econômica no radar dos investidores
Já sob o radar político, o mercado segue atento aos últimos movimentos do ministro Fernando Haddad, com as medidas anunciadas na semana anterior e a participação no Fórum Econômico Mundial.
Em Davos, Haddad disse que redução do déficit primário para 1% do PIB neste ano é realista e que, apesar das pressões sobre o Orçamento, o governo não trabalha com a possibilidade de aumentar a carga tributária. “A ideia é que a reforma (tributária) seja neutra”, afirmou o ministro.
“O apetite ao risco na semana passada foi forte e o dólar está devolvendo hoje. A notícia do salário mínimo acabou estressando um pouco o mercado e contribui para maior pressão sobre a moeda no fim da tarde”, afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.
“Basicamente, o que refletiu hoje foi a questão do aumento do salário mínimo acima do que já está no Orçamento e o efeito sistêmico da recuperação judicial das Americanas, com o mercado preocupado principalmente com Americanas”, diz o sócio e economista da Valor Investimentos Gabriel Meira.
“Com a questão de a dívida da Americanas ter batido perto de R$ 40 bilhões e da recuperação judicial, o mercado está bem receoso quanto a um efeito sistêmico”, completa.
Queda nas commodities
Outras quedas foram vistas nas commoditites, com o contrato futuro de petróleo negociado em Londres em queda, em meio a dúvidas sobre os efeitos econômicos da reabertura chinesa. Hoje, o Brent teve baixa de -0,96%, a US$ 84,46 o barril, e o WTI com queda de -1,18%, a US$ 78,92.
Sob esse cenário, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) encerraram o pregão desta segunda-feira em queda de -2,49% e -2,16%, respectivamente.
O Ibovespa começou a semana também com recuo nos papéis da Vale (VALE3), em -1,92%, CSN (CSNA3), em -2,01%, e CSN Mineração (CMIN3), em -3,71%. Já a Gerdau (GGBR4) e a Usiminas (USIM5) caíram 1,97% e 0,94%, respectivamente.
Os recuos se devem à desvalorização do minério de ferro na China. Nesta segunda-feira (16), o país, que é o maior consumidor da commodity no mundo, voltou a trazer preocupações com o aumento de casos de covid — e um possível adiamento da sua reabertura econômica.
Além disso, a commodity negociada para maio encerrou o Dalian em queda de 4,3%, abaixo de US$ 124 por tonelada. O valor vai ao encontro da Bolsa de Cingapura, em que o minério de ferro de referência de fevereiro recuou 4,4%, para US$ 120 a tonelada.
Dólar fecha em alta
Em um dia que as bolsas de Nova York não operaram, visto o feriado nacional de Martin Luther King Jr, o dólar encerrou o dia em alta de 0,83%, a R$ 5,1486, após oscilar entre R$ 5,0939 e R$ 5,1620. Apesar da alta hoje, o dólar ainda acumula baixa de 2,49% em janeiro.
Analistas atribuíram o tropeço do real a uma correção natural, desencadeada pelo ambiente externo menos propício a emergentes e nova leva de dúvidas sobre a política fiscal doméstica. Declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Fórum Econômico de Davos, foram monitoradas, mas não tiveram impacto relevante na formação da taxa de câmbio.
“O dólar subiu contra outras moedas emergentes hoje, em que tivemos quedas das commodities”, afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, ressaltando que a alta de hoje não é expressiva. “Temos que lembrar que o dólar caiu em sete dias seguidos, de R$ 5,45 até mínima de R$ 5,05. Então, tem uma realização após essa queda forte”.
Maioria das bolsas europeias no positivo
Já os mercados acionários europeus fecharam na maioria com sinal positivo. A segunda-feira (16) foi marcada por um pregão com agenda esvaziada e investidores se guiando por comentários de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco da Inglaterra (BoE) sobre os próximos passos de política monetária.
Os avanços ficaram da seguinte maneira: Frankfurt (DAX) em +0,31%, Londres (FTSE 100) em +0,20%, Milão (FTSE MIB) em +0,46%, Moscou (MOEX), em +1,13% e Paris (CAC 40) em +0,28%. No entanto, houve quedas em Lisboa (PSI 20) e em Madri (IBEX 35), de -0,26% e -0,01%, respectivamente.
Entre os papéis em destaque desta segunda, a CMC Markets aponta para os ligados a viagens e lazer, com foco na EasyJet, que teve alta de 2,36% em Londres, estendendo os ganhos da semana passada. Entre empresas relacionas a commodities, a Polymetal teve alta de 2,15%, liderando as altas de Londres, ao passo que a Rio Tinto teve baixa de quase 2%.
Notícias que movimentaram a Bolsa de Valores hoje
- Americanas contrata Rothschild & Co para renegociar dívida
- IPCA e Selic maiores
- Ações da C&A disparam após rumores de compra pela Lojas Renner
Americanas bate o martelo e contrata Rothschild & Co
A Americanas contratou o banco Rothschild & Co para assumir a renegociação das suas dívidas bilionárias. Nesta segunda (16), a varejista afirmou que a instituição financeira comandará as negociações dos débitos no Brasil e no exterior.
“A Americanas reforça seu compromisso na busca de uma solução de curto prazo com os seus credores. Todos os órgãos sociais (conselho, diretoria e comitês) estão trabalhando conjuntamente com o objetivo de manter as operações da companhia de forma adequada”, disse a companhia no comunicado publicado na CVM.
A ação ocorre após a varejista conseguir uma proteção judicial que impede credores de anteciparem a cobrança das dívidas da empresa. As “inconsistências contábeis” da Americanas, avaliadas inicialmente em R$ 20 bilhões, podem levar ao vencimento antecipado de R$ 40 bilhões em dívidas.
IPCA e Selic maiores: previsões do mercado financeiro para 2023
O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (16), mostra pela quinta vez projeções mais elevadas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023, estimando 5,39% de inflação no acumulado do ano.
Na semana anterior, as projeções de IPCA do Boletim Focus estimavam uma inflação de 5,36%. Já há quatro semanas, as projeções eram de 5,17%.
Já as projeções da Selic para 2023 ficam em 12,50%, aumentando a projeção da semana anterior, que era de 12,25%.
A estimativa fica abaixo dos 13,75% da taxa atual, após a manutenção feita pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em sua última reunião, em dezembro. O dólar tem projeções de R$ 5,28, exatamente iguais as das projeções da semana anterior.
Já as estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) caíram, e agora são de 0,77%. Na semana anterior, o mercado financeiro estimava um PIB de 0,78%.
C&A: ações disparam 14% após rumores de compra pela Renner
As ações da C&A disparam no pregão desta segunda (16), sendo negociadas em alta de 14% após os rumores de que a Lojas Renner (LREN3) negocia a compra da operação brasileira da varejista de moda.
No domingo (15), o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, afirmou que a Renner está em negociações preliminares para a compra da operação brasileira da C&A. As varejistas ainda não se manifestaram oficialmente sobre a notícia na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Segundo dados do Status Invest, as ações da C&A fecharam o pregão de sexta (13) sendo negociadas a R$ 2,43. Na manhã desta segunda, por volta das 11h55, os ativos já eram avaliados em R$ 2,77. Porém, na contramão da C&A, os papéis da Renner registravam queda de 0,94%, ao preço de R$ 19,95.
Maiores altas do Ibovespa
- Magazine Luiza (MGLU3): +12,25%
- Via (VIIA3): +10,55%
- Carrefour (CRFB3):+4,4%
- Embraer (EMBR3): +3,94%
- Pão de Açúcar (PCAR3): +2,23%
Maiores baixas do Ibovespa
- Americanas (AMER3): -38,41%
- BRF SA (BRFS3): -5,38%
- Gol (GOLL4): -5,19%
- Ambev (ABEV3): -4,9%
- Meliuz (CASH3): -4,46%
Fechamento dos outros índices brasileiros
- Small Caps (SMLL): -1,16%
- BDRs (BDRX): +0,21%
- Fundos Imobiliários (IFIX): +0,07%
Cotação do Ibovespa nesta segunda-feira (16)
O Ibovespa fechou o pregão desta segunda-feira (16) em queda de 1,54%, aos 109.212,66 pontos.
Com informações do Estadão Conteúdo