Acordo entre Brasil e EUA não prevê livre-comércio completo

O acordo comercial entre Brasil e EUA não deve incluir o livre-comércio em sua totalidade. Dessa forma, não aconteceria a retirada completa de tarifas e outros entraves entre os países, na sua forma tradicional.

Responsáveis pelas negociações do acordo comercial afirmam que não se tratam apenas de taxas, mas também de questões não tarifárias e de investimentos nos países. A integração da cadeia produtiva de aço e de peças de aviação até cooperação no setor do agronegócio são pautas em discussão.

Acordo comercial devido a boa relação

Entre analistas, a avaliação de que a boa sinergia entre os dois governos não é o bastante para romper os interesses em barreiras comerciais históricas entre os países, como cotas impostas pelos EUA sobre a importação do açúcar brasileiro. É preciso trabalhar nessas resoluções para que a liberalização comercial avance de fato.

No fim do mês de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que o seu governo buscaria negociar um acordo de livre-comércio com o Brasil, intenção vista com otimismo pelo presidente Jair Bolsonaro.

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O presidente brasileiro acredita que o movimento indica a ideia de desburocratização das políticas americanas, impulsionando a economia de ambos os países.

Wilbur Ross, secretário de Comércio dos EUA, entretanto, foi mais contido. Um dia após a declaração do presidente norte-americano, disse que a ideia das negociações existem, porém, existem outras pendências a serem resolvidas.

“Nunca finalizamos um acordo bilateral de investimento. Então há muito o que fazer no diálogo comercial antes do livre-comércio”, disse o secretário.

O secretário ainda afirmou que o país estadunidense espera que o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, anunciado no fim do mês de junho, não seja um obstáculo nas negociações.

Balança comercial

As exportações do Brasil aos EUA em 2018 representaram 12% do volume total do País, atingindo US$ 28,7 bilhões, frente a US$ 26,8 bilhões no ano anterior.

Em caso de sucesso nas negociações, o governo brasileiro tem a avaliação de que, se envolver tarifas, o acordo com os americanos pode ter que ocorrer em conjunto com o Mercosul, já que o Brasil faz parte da união aduaneira.

As autoridades mais otimistas acreditam que uma aliança consolidada dessa magnitude não deva acontecer antes de cinco anos, embora Trump e Bolsonaro aparentarem dispostos a conversar sobre o assunto, o que pode alterar o decorrer das negociações.

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Duas reuniões estão marcadas até o fim de 2019 para definir o escopo da possível resolução.

Já em setembro, entre os dias 24 e 26, as cúpulas do Ministério da Economia do Brasil e do Departamento de Comércio dos EUA se reúnem em Brasília para tratar do assunto.

Logo após, o Itamaraty e outros ministérios devem reunir-se a membros do governo americano na comissão sobre relações econômicas e comerciais entre os países (Atec), considerada reativada após a visita de Bolsonaro a Washington, em março, para discutir o acordo comercial.

Jader Lazarini

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