Lula se reúne com governadores após atos de extremistas: “Vândalos queriam golpe – e golpe não vai ter”

Nesta segunda-feira (9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu presencialmente com governadores e vice-governadores das 27 unidades federativas do País. O encontro ocorreu no Palácio do Planalto para tratar das ações após os atos golpistas ocorridos no domingo em Brasília.

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Além dos governadores, participam do encontro com Lula a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e o presidente em exercício do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB).

Além disso, estiveram presentes os ministros da Defesa, José Múcio, da Justiça, Flávio Dino, das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, da Secretaria Especial de Comunicação Social, Paulo Pimenta, da Casa Civil, Rui Costa, e o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Representando o Supremo, além de Weber, estavam presentes os ministros Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso.

“É importante ressaltar que este fórum [de governadores] se reúne respeitando as diversas matizes políticas que compõem a pluralidade ideológica e partidária do nosso país, mas todos têm uma causa inegociável, que nos une: a democracia”, destacou o governador do Pará, Hélder Barbalho, que articulou o encontro, e fez uma fala representando os governadores da Região Norte.

Durante a reunião, os líderes estaduais foram unânimes em enfatizar a defesa do estado democrático de direito no país. “Essa reunião de hoje significa que a democracia brasileira vai se tornar, depois dos episódios de ontem, ainda mais forte”, disse o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, em nome da Região Sudeste.

“Indignação com os atos de destruição do patrimônio público”

A governadora Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, falou da indignação com as cenas de destruição dos maiores símbolos da democracia republicana do país e pediu punição aos golpistas. “Foi muito doloroso ver as cenas de ontem, a violência atingindo o coração da República. Diante de um episódio tão grave, não poderia ser outra a atitude dos governadores do Brasil, de estarem aqui hoje. Esses atos de ontem não podem ficar impunes”, afirmou, em nome da Região Nordeste.

Pela Região Sul, coube ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, destacar algumas das ações conjuntas deflagradas pelos estados, como a disponibilização de efetivos policiais para manter a ordem no Distrito Federal e desmobilização de acampamentos golpistas nos estados. “Além de estar disponibilizando efetivo policial, estamos atuando de forma sinérgica em sintonia para a manutenção da ordem nos nossos estados”.

A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão, disse que o governo da capital “coaduna com a democracia” e lembrou da prisão, até o momento, de mais de 1,5 mil pessoas por envolvimento nos atos de vandalismo. Celina Leão substitui o governador Ibaneis Rocha, afastado na madrugada desta segunda, por decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Ela aproveitou para dizer que o governador afastado “é um democrata”, mas que, “por infelicidade, recebeu várias informações equivocadas durante a crise”.

Desde ontem, o DF está sob intervenção federal na segurança pública. O decreto assinado pelo presidente Lula foi aprovado pelo Congresso Nacional de forma simbólica depois do encontro, como havia asseguradi o presidente da Câmara dos Deputados. “Nós votaremos simbolicamente, por unanimidade, para demonstrar que a Casa do povo está unida em defesa de medidas duras para esse pequeno grupo radical, que hostilizou as instituições e tentou deixar a democracia de cócoras ontem”.

Financiadores do vandalismo

Em discurso aos governadores, o presidente Lula agradeceu pela solidariedade prestada e fez duras críticas aos grupos envolvidos nos atos de vandalismo.

“O que nós vimos ontem foi uma coisa que já estava prevista. Isso tinha sido anunciado há algum tempo atrás. As pessoas não tinham pautam de reivindicação. Eles estavam reivindicando golpe, era a única coisa que se ouvia falar”, disse.

O presidente também voltou a criticar a ação das forças policiais e disse que é preciso apurar e encontrar os financiadores dos atos democráticos. “A polícia de Brasília negligenciou. A inteligência de Brasília negligenciou. É fácil a gente ver os policiais conversando com os invasores. Não vamos ser autoritários com ninguém, mas não seremos mornos com ninguém. Nós vamos encontrar quem financiou [os atos golpistas]”.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que que as investigações em curso devem resultar em novos pedidos de prisão preventiva e temporária, principalmente contra os financiadores.

Compromisso democrático

Presente na reunião, a ministra Rosa Weber, presidente do STF, também fez questão de enaltecer a presença dos governadores em um gesto de compromisso democrático com o Brasil. “Eu estou aqui, em nome do STF, agradecendo a iniciativa do fórum dos governadores de testemunharem a unidade nacional, de um Brasil que todos nós queremos, no sentido da defesa da nossa democracia e do Estado Democrático de Direito. O sentido dessa união em torno de um Brasil que queremos, um Brasil de paz, solidário e fraterno”.

Em outro gesto de unidade, após o encontro, presidente, governadores e ministros do STF atravessaram a Praça dos Três Poderes a pé, até a sede do STF, edifício que ontem também foi brutalmente destruído. A ministra Rosa Weber garantiu que o prédio estará pronto para reabertura do ano judiciário, em fevereiro.

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Governadores na reunião com Lula

Participam do encontro entre governadores e vice-governadores com Lula:

  • Antônio Denarium (PL), governador de Roraima
  • Carlos Brandão (PSB), governador do Maranhão
  • Carlos Massa Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná (voo atrasado)
  • Celina Leão (PP), governadora em exercício do Distrito Federal
  • Cláudio Castro (PL), governador do Rio de Janeiro
  • Clécio Luís (Solidariedade), Governador do Amapá
  • Augusto Leonel de Souza Marques, superintendente de Integração do Estado de Rondônia em Brasília (Sibra) – governador de Rondônia mandou representante
  • Daniel Vilela (MDB), vice-governador de Goiás
  • Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul
  • Eduardo Riedel (PSDB), governador do Mato Grosso do Sul
  • Elmano de Freitas (PT), governador do Ceará
  • Fábio Mitidieri (PSD), governador de Sergipe
  • Fátima Bezerra (PT), governadora do Rio Grande do Norte
  • Mailza Assis (PP), vice-governadora do Acre
  • Helder Barbalho (MDB), governador do Pará
  • Jerônimo Rodrigues (PT), governador da Bahia
  • João Azevedo (PSB), governador da Paraíba
  • Jorginho Mello (PL), governador de Santa Catarina
  • Otaviano Pivetta (União), vice-governador de Mato Grosso
  • Paulo Dantas (MDB), governador de Alagoas
  • Rafael Fonteles (PT), governador do Piauí
  • Raquel Lyra (PSDB), governadora de Pernambuco
  • Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo
  • Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais
  • Tarcísio de Freitas (PL), governador de São Paulo
  • Wanderlei Barbosa (Republicanos), governador do Tocantins
  • Wilson Lima (União), governador do Amazonas

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“Vocês vieram prestar solidariedade ao país e à democracia”, diz Lula

Ao iniciar seu discurso, Lula ressaltou que os governadores presentes foram ao encontro “prestar solidariedade ao país e à democracia”. O presidente ainda questionou as reivindicações levantadas pelos golpistas no último domingo.

Estavam reivindicando o quê? Reivindicando melhoria na qualidade de vida das pessoas? Reivindicando mais liberdade? Aumento de salário? Não, eles estavam reivindicando o golpe.

Lula ainda destacou que precisou tomar “uma atitude forte”, em referência à intervenção federal na segurança do DF, pois, segundo ele, houve negligências da Polícia Militar de Brasília.

Governadora em exercício do DF defende Ibaneis Rocha

Em seu pronunciamento, a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), defendeu o governador afastado Ibaneis Rocha. Segundo ela, o político recebeu informações “equivocadas”, por isso não foi capaz de conter a invasão aos Três Poderes.

“Preciso trazer esse posicionamento do nosso governador que foi interinamente afastado que, por infelicidade, recebeu várias informações equivocadas no momento da crise”.

Celina também destacou que acompanhou de perto a situação junto aos ministros Alexandre Padilha, Flávio Dino. “[Ibaneis Rocha] não saiu do Ministério da Justiça até que todos os poderes tivessem minimamente controlados”, disse ela durante seu discurso.

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Presidente conversa com Biden e líderes estrangeiros sobre atos antidemocráticos

Ainda na tarde de hoje, Lula conversou com líderes estrangeiros sobre os atos antidemocráticos de domingo. Em postagem nas redes sociais, o presidente destacou que todos lamentaram a tentativa de um golpe contra a democracia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu um telefonema, nesta segunda-feira (9), do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que ligou para prestar solidariedade após os atos antidemocráticos que resultaram na depredação dos prédios públicos na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Segundo comunicado emitido pelos dois governos, “Biden transmitiu o apoio incondicional dos Estados Unidos à democracia do Brasil e à vontade do povo brasileiro, expressa nas últimas eleições do Brasil, vencidas pelo presidente Lula”.

Ainda segundo o comunicado, o presidente norte-americano condenou a violência e o ataque às instituições democráticas e à transferência pacífica do poder.

No telefonema, Biden reforçou o convite para uma visita oficial de Lula aos EUA, prevista para o início de fevereiro.

“Os dois líderes comprometeram-se a trabalhar juntos em temas enfrentados pelo Brasil e pelos Estados Unidos, entre os quais mudança do clima, desenvolvimento econômico, paz e segurança. O presidente Biden convidou o presidente Lula a visitar Washington no início de fevereiro para consultas aprofundadas sobre uma ampla agenda comum, e o presidente Lula aceitou o convite”, informou o comunicado.

Com informações da Agência Senado e da Agência Brasil

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Janize Colaço

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