Haddad nega existência de projeto de moeda única no Mercosul
Fernando Haddad negou nesta quinta-feira (5) que haja planos do novo governo em criar uma moeda única para o comércio dentro do Mercosul. A declaração ocorre dois dias depois após o embaixador da Argentina, Daniel Scioli, dizer que debateu o projeto com o ministro da Fazenda.
“Não existe uma moeda única, não existe essa proposta”, disse Haddad a jornalistas, ao deixar o Palácio do Planalto.
Apesar da negativa do ministro da Fazenda sobre a criação de uma moeda única no Mercosul, o embaixador argentino havia declarado na terça-feira (3) que a proposta seria de usá-la nas transações comerciais entre os países do bloco econômico regional.
Desta forma, as moedas locais (o real, o guarani e os pesos argentino e uruguaio) não deixariam de existir em seus respectivos países. Porém, não seriam usados nessas negociações e nem haveria a dependência com o dólar.
A moeda única do Mercosul seria uma espécie de evolução do atual Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML), operado pelo Banco Central.
Proposta foi sinalizada por Haddad e Galípolo em 2022
No ano passado, Haddad e seu secretário-executivo, Gabriel Galípolo, escreveram um artigo propondo o uso de uma moeda única no comércio sul-americano. O objetivo, segundo eles, seria de impulsionar a integração na região e fortalecer a soberania monetária dos países do continente.
O instrumento único para transações no Mercosul não é uma ideia nova e já foi defendida inclusive pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes.
Primeiras medidas econômicas serão anunciadas semana que vem
Haddad deverá anunciar as primeiras medidas econômicas na próxima semana. A declaração foi feita após o ministro da Fazenda se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem (4).
A fala de Haddad sobre as medidas econômicas ocorre num dia em que o governo teve de corrigir declarações divergentes na área econômica. Hoje, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, disse que não está em estudo nenhuma revisão da reforma da Previdência, ao contrário do que tinha anunciado ontem (3) o ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Durante a transição, Haddad tinha afirmado que a equipe econômica pretendia analisar as contas públicas para reestimar as receitas do governo e refazer a previsão de déficit primário para este ano.
Com informações do Estadão Conteúdo