STF derruba orçamento secreto e enfraquece posição de Lira na Câmara

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria de votos nesta segunda-feira (19) para considerar inconstitucional o Orçamento Secreto. O primeiro a votar na sessão de hoje foi o ministro Ricardo Lewandowski, que acompanhou a relatora e presidente da corte Rosa Weber no voto que considera que o mecanismo viola a Constituição. Em seguida, o ministro Gilmar Mendes afirmou que as ações são parcialmente procedentes.

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Lewandowski se juntou aos ministros Cármen Lúcia, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux. Os cinco seguiram o posicionamento da presidente do STF, que define o esquema como um dispositivo “à margem da legalidade”. A maioria dos ministros julga que a falta de transparência do orçamento secreto viola a Constituição.

Cinco ministros votaram pela manutenção do orçamento secreto, desde que critérios mais transparentes na distribuição dos recursos sejam adotados. Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, André Mendonça, Kassio Nunes Marques e Gilmar Mendes seguiram este posicionamento.

O orçamento secreto, como é chamado, permite que parlamentares apresentem requerimento de verba da União sem que seja necessário dar detalhes ou transparência sobre a destinação dos recursos ou mesmo sobre qual foi o parlamentar solicitante. A questão principal no julgamento do STF é justamente a falta de transparência, que originou as primeiras críticas em relação ao esquema praticado por integrantes do Centrão no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Congresso aprova alterações no orçamento secreto

Com a possibilidade de ser barrado no Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional aprovou na última sexta-feira (16) uma proposta que trata da transparência das emendas de relator. A alteração cria regras mais rígidas para a distribuição de recursos do orçamento secreto.

Ao analisar o tema e as alterações trazidas pelo Congresso, o ministro Ricardo Lewandowski disse que as medidas não foram suficientes para adequar o modelo do orçamento secreto à legalidade.

Emendas de relator serviam como moeda de troca entre Executivo e Congresso

As emendas de relator ganharam valores bilionários ao longo do governo do presidente Bolsonaro. Desde 2019, o orçamento secreto se apropriou de R$ 53,9 bilhões dos recursos públicos para redutos de deputados e senadores. Para o orçamento de 2023, mais de R$ 19 bilhões foram reservados para o Orçamento Secreto.

Durante o mandato de Bolsonaro, o mecanismo foi usado pelo governo para conquistar apoio no Congresso. O chefe do Executivo disse diversas vezes, no entanto, que não tinha poder algum sobre as emendas, e até vetou o orçamento secreto para 2020 e 2021. Nas duas ocasiões, parlamentares pressionaram Bolsonaro contra a decisão e o veto presidencial foi derrubado.

A utilização das emendas para garantir apoio na aprovação de medidas apenas aumentou o poder do Congresso e, consequentemente, diminuiu o do Executivo.

O atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-Alagoas) fica enfraquecido agora na recondução ao cargo em fevereiro de 2023. O deputado contava com a continuidade do orçamento secreto, que se tornou sua principal ‘arma’ nos últimos anos.

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Beatriz Boyadjian

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