Ibovespa sobe 0,20%; Petrobras (PETR4) desaba após mudança na Lei das Estatais

O Ibovespa hoje (14) terminou a sessão na bolsa de valores em alta de 0,20% aos 103.745,77 pontos, depois de oscilar entre 101.631,98 e 104.515,83 pontos. O volume financeiro foi de R$ 43,6 bilhões. Na semana, o índice de ações cede 3,51% e, no mês, cai 7,77%. Desde ontem em baixa no ano, o Ibovespa recua agora 1,03% em 2022.

PETROBRAS (PETR4) DERRETE COM DESMONTE DE LEI DAS ESTATAIS; SAIBA MAIS!

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A cotação do Ibovespa repercutiu alterações da Lei das Estatais, cogitadas desde a semana passada.

Nesta terça-feira (13) ocorreu o anúncio de nomes como Bernard Appy na secretaria especial para a reforma tributária e Gabriel Galípolo no papel de Secretário-Executivo do Ministério da Fazenda.

Um dos anúncios que mais repercutiram entre os investidores do Ibovespa ontem foi o do ex-ministro Aloizio Mercadante, que será o futuro presidente do BNDES.

Perto do final da sessão, o valor do Ibovespa virou para cima em movimento técnico de vencimento de opções e vencimento de índice. Essa mudança começou perto das 15h, com o vencimento de contrato futuro de índice.

Fed sobe juros

Na agenda externa, o Federal Reserve, conforme esperado, diminuiu o ritmo de elevação da taxa de juros de referência, de 0,75 para 0,50 ponto porcentual na decisão de dezembro, passando de 4% para 4,5%.

No entanto, a sinalização do BC americano de que os juros, por lá, ficarão em patamar alto por mais tempo do que se antecipava – ao menos até 2025 – fez os índices acionários oscilarem para o negativo em NY e os juros dos Treasuries acentuarem alta na sessão. Aqui, contudo, o Ibovespa manteve o mesmo grau de ajuste anterior à decisão do Fed, tendo mostrado desde mais cedo descolamento do sinal de Nova York, seja positivo ou não.

“O Fed deixou claro que novas altas de juro serão necessárias para trazer a inflação para a meta. Dentro desse contexto, os índices de atividade econômica dos EUA devem continuar a apresentar desaceleração”, nota Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. “No comunicado, destaque para mudanças nas projeções de diretores (do Fed), que passaram a apontar para patamar final no atual processo de elevação dos juros, a 5,1%, a ser seguido por gradual redução, para 4,1%, ao fim de 2024. Ou seja, cenário com uma ou duas altas nas próximas reuniões, a depender da magnitude”, observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos.

Até o sinal dado pelo Federal Reserve nesta tarde, o cenário que parecia prevalecer em Nova York era o do “buy the dip”, favorável a compras de ações e exposição ao risco. “Qualquer boa notícia, por menor que fosse a variação favorável – como no caso da recente leitura sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos -, era motivo para compras”, diz Nicolas Merola, chefe de análise da Inv. Ele ressalta a percepção de que o momento do ciclo parecia estar se diferenciando por lá, enquanto, no Brasil, as preocupações sobre o fiscal e a gestão de estatais impõem pressão sobre a curva de juros e obscurecem a perspectiva para o próximo ano.

Segundo Fabio Fares, especialista em análise macro da Quantzed, esse foi “um passo um pouco menor do que vínhamos tendo nas últimas reuniões, em que altas foram de 75 p.p, o que é positivo, demonstrando vontade de diminuir altas de juros”.

No entanto, o especialista explica que, apesar da decisão unânime, “o que assustou o mercado e ninguém esperava é que os membros disseram acreditar que a taxa deve ficar acima de 5,125% no ano que vem quando o esperado era 4,9%”.

Assim, se observou um tom mais duro no discurso. O mercado vai projetar uma taxa terminal agora entre 5 e 5,5%. “Ou seja, decisão esperada, porém discurso mais duro do que o imaginado”, completa Fares.

O discurso do presidente do Fed Jerome Powell sinalizou que o comitê possui vontade de diminuir o ritmo de alta de juros cada vez mais. Disse que não há pressa em subir rapidamente os juros, o que é positivo.

Entrevista de Haddad repercute

O Ibovespa chegou a zerar perdas no meio da tarde durante entrevista ao vivo do próximo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à GloboNews, sem tropeços que desagradassem ao mercado, que segue atento também, em especial, ao caminho que a PEC da Transição terá na Câmara sob o presidente Arthur Lira (PP-AL), com sinais de que poderá ainda sofrer desidratação frente ao texto aprovado na semana passada pelo Senado. E resistiu depois à piora em Nova York, onde Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq oscilaram ao negativo, em queda além de 1% nas mínimas do dia, após indicação de que os juros permanecerão altos por mais tempo nos Estados Unidos.

Aqui, como ontem, os investidores na B3 se mantiveram concentrados, também, nos rumores e nas deliberações de Brasília, atentos ao caminho que a PEC da Transição terá na Câmara. Líderes partidários foram nesta tarde à residência oficial do presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL), para discutir a proposta. Como o Broadcast Político vem mostrando, deputados têm reclamado que não foram ouvidos no acordo fechado no Senado sobre o texto. A apreciação do chamado orçamento secreto, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), tem se mostrado um elemento complicador na equação.

Hoje, a ministra Rosa Weber, presidente do Supremo, disse que o relator-geral do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) é guardião dos “segredos de caixa-preta” do Orçamento. Rosa é relatora de quatro ações que contestam a constitucionalidade das emendas do relator, em julgamento agora na Corte.

No Ibovespa hoje, o principal destaque de alta foi o Méliuz (CASH3), que disparou 7%. SLC Agrícola (SLCE3) e Cielo (CIEL3) subiram mais de 6%, enquanto a valorização de Usiminas (USIM5) e Alpargatas (ALPA4) superaram os 5%.

Na ponta negativa, a Petrobras registrou uma derreteu 9,80% nas ações ordinárias (PETR3) e 7,9% nos papéis preferenciais (PETR4), após a alteração na Lei das Estatais.

Gol (GOLL4) e Magazine Luiza (MGLU3) despencaram mais de 6%, enquanto as ações da São Martinho (SMTO3) caíram mais de 5%.

Maiores altas do Ibovespa

  • Méliuz (CASH3): +7,02%
  • SLC Agrícola (SLCE3): +6,33%
  • Cielo (CIEL3): +6,27%
  • Usiminas (USIM5): +5,50%
  • Alpargatas (ALPA4): +5,38%

Maiores baixas do Ibovespa

  • Petrobras ON (PETR3): -9,80%
  • Petrobras PN (PETR4): -7,93%
  • Gol (GOLL4): -6,35%
  • Magazine Luiza (MGLU3): -6,07%
  • São Martinho (SMTO3): -5,06%

Bolsas de Nova York

As bolsas de Nova York fecharam em queda, após decisão unânime de aumento de 50 pontos-base (pb) na taxa de juros por parte do Federal Reserve (Fed) e sinalização do presidente da instituição, Jerome Powell, de que os juros seguirão altos por “período prolongado” .

  • Dow Jones: -0,42%, aos 33.966,35 pontos
  • S&P 500: -0,61%, aos 3.995,32 pontos
  • Nasdaq: -0,76%, aos 11.170,89 pontos

A cotação do dólar à vista encerrou em queda de 0,27%, a R$ 5,3010, depois oscilar entre R$ 5,2931 e R$ 5,3725.

O petróleo fechou em alta nesta quarta-feira, seguindo a fraqueza do dólar na maior parte da sessão, cujo foco ficou no Federal Reserve (Fed).

O BC americano confirmou a esperada moderação em seu ritmo de aperto monetário nos EUA, ao elevar o juro básico em meio ponto porcentual nesta quarta.

Além disso, o mercado da commodity reagiu a um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), que elevou suas projeções para oferta e demanda globais em 2022 e 2023, e dados de estoques semanais do óleo e derivados nos EUA.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para janeiro fechou em alta de 2,51% (US$ 1,89), a US$ 77,28, e o do Brent para fevereiro avançou 2,50% (US$ 2,02) na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 82,70.

O contrato mais líquido do ouro também fechou em queda, com investidores ajustando posições após os fortes ganhos de terça em reação ao índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos abaixo do esperado.

Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para fevereiro fechou em queda de 0,37%, a US$ 1.818,70 por onça-troy.

Outras notícias que movimentaram o Ibovespa

  • Câmara altera Lei das Estatais e derruba ‘quarentena política’
  • BTG Pactual vai distribuir R$ 750 mi em JCP
  • Rede D’Or: Cade aprova aquisição da SulAmérica sem restrições

Câmara altera Lei das Estatais e derruba ‘quarentena política’

A Câmara dos Deputados aprovou na noite de terça-feira (13) uma alteração na Lei das Estatais, mudando um trecho que prevê uma ‘quarentena da política’ para que alguém assuma como presidente de uma companhia pública.

Essa mudança na Lei das Estatais que foi realizada pelos parlamentares fez com que o tempo mínimo exigido nesta “quarentena” passasse de 36 meses para 30 dias.

Desse modo, se antes era preciso ficar no mínimo 36 meses sem fazer campanha política ou participar de estrutura decisória de partido para participar da presidência de estatais, agora esse tempo passou para 30 dias.

A consultoria Eurasia Group já havia antecipado na semana passada que o presidente eleito Lula (PT) tinha a pretensão de mudar a Lei das Estatais por meio de Medida Provisória (MP).

BTG Pactual vai distribuir R$ 750 mi em JCP

O BTG Pactual (BPAC11) vai distribuir R$ 750 milhões em juros sobre capital próprio (JCP), conforme aprovação do Conselho de Administração da empresa nesta terça-feira (13).

O valor dos JCP do BTG Pactual será de R$ 0,1666 para as units, negociadas sob o ticker BPAC11.

Além disso, os juros sobre capital próprio do BTG Pactual correspondem a R$ 0,05555 por ação ordinária e preferencial.

Os proventos do BTG Pactual serão pagos em 15 de fevereiro de 2023, quando forem deliberados pela empresa.

Somente os investidores posicionados nos papéis do BTG Pactual até o final da sessão em 16 de dezembro terão direito de receber os JCP.

Rede D’Or: Cade aprova aquisição da SulAmérica sem restrições

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a compra da SulAmérica (SULA11) pela Rede D’Or (RDOR3). A aprovação foi realizada sem restrições e de maneira definitiva.

A aquisição da SulAmérica, que está atualmente avaliada em R$ 15 bilhões, teve seu anúncio feito ainda em fevereiro pela própria Rede D’Or.

No mês de novembro, o Cade havia recomendado o aval para a transação sem restrições. A Superintendência de Seguros Privados (Susep) realizou a aprovação da fusão entre as companhias em agosto.

Cotação do Ibovespa nesta terça (13)

O Ibovespa encerrou a sessão da última terça-feira (13) em baixa de 1,71%, aos 103.539,67 pontos, depois de oscilar entre 103.409,27 e 107.561,12 pontos

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João Vitor Jacintho

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