Ibovespa cai aos 107 mil pontos, menor patamar desde agosto; Vale (VALE3) sobe
O Ibovespa hoje terminou a sessão de quinta-feira (8) em baixa de 1,67%, aos 107.249,04 pontos. A pontuação mínima da sessão foi de 106.905,81, enquanto a máxima do dia foi de 109,285,75 pontos. O volume financeiro totalizou R$ 31,2 bilhões.
Saindo dos 109 mil pontos na abertura, o Ibovespa emendou a segunda perda e retrocedeu aos 107 mil pontos nesta quinta-feira, 8, no menor nível de fechamento desde 5 de agosto. O elevador para baixo ocorreu a despeito do dia positivo em Nova York, onde os ganhos variaram entre 0,55% (Dow Jones) e 1,13% (Nasdaq) no encerramento do dia. Na semana, o Ibovespa cai 4,18% e no mês, 4,66%, limitando a alta do ano a 2,31%.
Hoje se observou uma queda forte do índice com dólar perto da estabilidade. O Ibovespa hoje só não cai mais por causa de Vale (VALE3) que subiu mais de 1%, ainda impulsionada pelas medidas de flexibilização das restrições na China, conforme explicou Apolo Duarte, CFP, sócio e head da mesa de renda variável da AVG Capital.
“Na minha visão, o que vemos é uma ausência de direcionadores positivos no mercado que possam levar a bolsa para cima. Ontem tivemos a passagem da PEC no Senado e agora o texto segue para o Congresso. O gasto fora do teto continua sendo um fato que não agrada o mercado”, diz Duarte.
Entre os poucos setores do Ibovespa hoje que estão subindo, temos mineração e siderurgia, sobretudo Vale e Gerdau (GGBR4). Avança também o setor de celulose, com Suzano (SUZB3), relacionado a reabertura da China e flexibilização em relação às medidas mais restritivas relacionadas ao Covid-19.
Há também um movimento positivo nas empresas de petróleo como PetroRio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3), embora não se possa dizer o mesmo sobre Petrobras (PETR4), que está com uma tendência negativa nos últimos meses com o pessimismo ligado ao novo governo.
“Esse cenário sugere, na minha opinião, que os investidores podem estar trocando posições, vendendo Petrobras e diversificando em outras empresas e investimentos”, diz head da mesa de renda variável da AVG Capital.
Um dado de varejo foi divulgado hoje mais cedo, estando em linha com o esperado pelo mercado, mas não ajuda o setor, uma vez que acumula queda forte. Os papéis de varejo e consumo têm queda pesada hoje em meio à alta da curva de juros.
Duarte diz que se observa mais uma continuidade do cenário que continua complicado com o furo no teto de gastos. No radar dos investidores também está a divulgação de amanhã dos nomes de ministros do novo governo, contribuindo para o mau humor na bolsa.
PEC, Copom e nomes do novo governo aumentam incertezas
A aprovação da PEC da Transição no Senado, sem desidratação adicional, mantém as preocupações sobre a situação fiscal em cima da mesa, o que deixa os investidores em ativos de risco, como ações, na defensiva. A tramitação na Câmara promete ser mais complicada, em paralelo ao julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o orçamento secreto – situação que, no limite, pode reviver conflito entre poderes, algo que parecia superado com a derrota do Planalto nas urnas, em outubro.
Conforme apurou o Broadcast Político, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), passou a dizer a líderes partidários da Casa que o texto da PEC da Transição, aprovado ontem no Senado, não foi acordado com deputados.
Amanhã, conforme antecipado hoje pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciará parte dos ministros do futuro governo, aqueles sobre os quais Lula já não tem mais dúvidas. E, de acordo com fontes ouvidas pelo Broadcast, a fila de indicações deve ser puxada por Fernando Haddad, na Fazenda, e por Rui Costa, ex-governador da Bahia, na Casa Civil, dois nomes que, desde novembro, figuravam nas listas de favoritos a ocupar espaço na próxima administração.
O diretor da consultoria americana de risco político Eurasia, Christopher Garman, avalia que o mercado ainda receberá com preocupação a nomeação de Haddad como ministro da Fazenda, caso venha a se confirmar. Para o analista político, o nome do ex-prefeito de São Paulo “entra não inspirando confiança no mercado financeiro”. Ele pondera que o petista pode não ser tão ruim como o mercado teme.
“Tempestade perfeita no momento, resta saber com quem Haddad virá, caso seja confirmado. Mercado já vinha esperando pelo Haddad na Fazenda, mas segue preocupado também com relação, principalmente, à PEC da Transição, com gasto fiscal ainda muito grande”, diz Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos.
Em Brasília, a ex-ministra do Planejamento e integrante do Grupo de Trabalho de Infraestrutura na transição, Miriam Belchior, disse hoje que o governo eleito já está preparando emenda orçamentária para reforçar os recursos para infraestrutura no próximo ano. A sugestão seria apresentada ao relatório do projeto de orçamento de 2023, que será votado após a aprovação da PEC da Transição. O governo Lula conta com a PEC para, além de manter o Bolsa Família em R$ 600, abrir espaço no orçamento para irrigar áreas como transporte, saúde e educação.
O próximo ano será desafiador na avaliação de pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), que participaram do IV Seminário de Análise Conjuntural, realizado nesta quinta-feira, de forma virtual, em parceria com o Estadão. “Acho que 2023 é desafiador porque, do ponto de vista cíclico, precisamos desacelerar”, disse Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do FGV-Ibre.
Nesse sentido, a notícia de que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi sondado por um emissário do presidente eleito Lula para um segundo mandato à frente da autarquia é positiva, por reforçar a independência da autoridade monetária, na avaliação do ex-presidente do BC Gustavo Franco, que participou hoje de evento organizado pelo Itaú Unibanco.
Ontem, no comunicado sobre a decisão de política monetária, em que se manteve conforme esperado a Selic a 13,75% ao ano, o Copom mostrou cautela com relação à situação fiscal, mas em tom dentro do que o mercado aguardava.
“A questão fiscal era esperada, evidentemente é o centro das preocupações. Mas a descrição do cenário internacional, pelo Copom, apareceu de forma mais preocupante, abrindo um espectro de possibilidades amplas, inclusive com relação a questões fiscais no exterior. É realmente um momento de transição pouco transparente para a política monetária, com inflação ainda pressionada nas últimas duas semanas, o que deve persistir no primeiro trimestre (de 2023) em função de reajustes de contratos de serviços indexados, como os de escolas e aluguéis”, diz Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento).
“No cenário doméstico, foi reconhecido, como esperado, o ritmo de crescimento mais moderado por parte do PIB, em conjunto de indicadores divulgados recentemente. Entretanto, assume que mesmo com desaceleração do nível de atividade, a inflação ao consumidor continua elevada. Esse movimento pode ser justificado pelos impactos dos auxílios injetados na economia, que aquecem a demanda interna”, observa a economista Ariane Benedito, especialista em mercado de capitais.
Bolsas de Nova York
Os mercados acionários de Nova York fecharam em alta, em dia de poucos drivers e com os investidores no aguardo de uma definição do ritmo de mudanças das taxas de juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Dados dos pedidos de auxílio desemprego dos Estados Unidos também ficaram no radar.
- Dow Jones: +0,55%, aos 33.781,48 pontos
- S&P 500: +0,75%%, aos 3.963,51 pontos
- Nasdaq: +1,13%, aos 11.082,00 pontos
A cotação do dólar à vista encerrou em alta de 0,20%, a R$ 5,2161, depois de oscilar entre R$ 5,1914 e R$ 5,2531.
Os contratos futuros do petróleo fecharam em baixa nesta quinta-feira, 8, pressionados pelas perspectivas de desaceleração da economia global. A paralisação das atividades do oleoduto Keystone, nos EUA, e o engarrafamento de petroleiros na Turquia chegaram a influenciar os negócios, mas não sustentaram altas nos preços.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para janeiro de 2023 fechou em queda de 0,76% (US$ 0,55), a US$ US$ 71,46 o barril, enquanto o Brent para fevereiro negociado na Intercontinental Exchange (ICE) fechou em queda de 1,32% (US$ 1,02), a US$ 76,15 o barril.
O contrato mais líquido do ouro fechou em alta nesta quinta-feira, 8, em sessão marcada pela desvalorização do dólar e no aguardo de dados importantes, como o Índice de Sentimento do Consumidor dos Estados Unidos, que será publicado amanhã, e a definição da taxa de juros do Federal Reserve (Fed), na próxima quarta-feira.
Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para fevereiro fechou em alta de 0,19%, a US$ 1.801,5 por onça-troy.
No Ibovespa hoje, a maior alta veio com Méliuz (CASH3), que disparou 8,85%. IRB Brasil (IRBR3) avançou 2,94% e a PetroRio (PRIO3), 1,53%. Outros destaques positivos foram Vale (VALE3) e Bradespar (BRAP4), com altas de 1,2% cada.
Na ponta negativa, o destaque foi a CVC (CVCB3), que despencou mais de 10%. Azul (AZUL4) caiu 7,61% e Pão de Açúcar (PCAR3), 6,97%. Já Gol (GOLL4) e Dexco (DXCO3) recuaram mais de 6%.
Maiores altas do Ibovespa
- Méliuz (CASH3): +8,85%
- IRB Brasil (IRBR3): +2,94%
- PetroRio (PRIO3): +1,53%
- Vale (VALE3): +1,23%
- Bradespar (BRAP4): +1,22%
Maiores baixas do Ibovespa
- CVC (CVCB3): -10,23%
- Azul (AZUL4): -7,61%
- Pão de Açúcar (PCAR3): -6,97%
- Gol (GOLL4): -6,82%
- Dexco (DXCO3): -6,50%
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Petrobras (PETR4) amplia perdas após Mercadante falar em “abrasileirar” preço do combustível
- Após forte queda, Vale fecha como uma das únicas no campo positivo do ibovespa hoje
- BB Investimentos recomenda Bradespar (BRAP4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4)
Petrobras cai após Mercadante falar em “abrasileirar” preço do combustível
As ações da Petrobras operaram em queda nesta quarta-feira (8), depois da fala do governo de transição referente a manutenção da desoneração dos impostos nos combustíveis.
O coordenador dos Grupos Técnicos do gabinete de transição, Aloizio Mercadante, diz que a decisão ainda não teve uma definição e que ela depende do preço internacional do petróleo, da movimentação do câmbio e também do ICMS.
Mercadante aponta que o preço internacional da commodity vem apresentando queda e diz apostar em uma melhora no patamar atual do câmbio a partir de janeiro de 2022 para diminuir a pressão sobre os preços dos combustíveis.
Ele também retorna à defesa de investimentos para expandir a capacidade de refino da Petrobras, o que diminuiria a necessidade de importação de gasolina e diesel. “Tentaremos ‘abrasileirar’ o preço do combustível no próximo governo”, aponta o ex-ministro.
Após forte queda, Vale fecha como uma das únicas no campo positivo do ibovespa hoje
A Vale anunciou suas projeções para o ano que vem. A divulgação foi realizada durante evento com investidores na Bolsa de Nova York (NYSE). Após isso, suas ações apresentaram forte queda, mas recuperou parte das perdas na sessão de hoje (8).
A baixa das ações da Vale ocorreram pela revisão das estimativas de produção, assim como pelo desempenho do minério de ferro na China.
Para o ano que vem, a expectativa de produção da Vale é de 310 milhões a 320 milhões de toneladas de minério de ferro. Já para o níquel, a estimativa de produção passará de 180 milhões de toneladas para 160 a 175 milhões e para o cobre, entre 335 e 370 milhões.
A projeção de fluxo de caixa livre (FCF) da Vale para 2026 é de US$ 5,7 bilhões a US$ 12,4 bilhões, dependendo das cotações médias anuais de minério de ferro, níquel e cobre.
BB Investimentos recomenda Bradespar e Metalúrgica Gerdau
O BB Investimentos revisou sua carteira recomendada da semana, inserindo em seu portfólio a Metalúrgica Gerdau (GOAU4) e a Bradespar (BRAP4). Outra empresa incluída foi a BrasilAgro (AGRO3).
Entre as empresas retiradas da carteira estão Weg (WEGE3), Engie (EGIE3) e Ferbasa (FESA4).
As ações mantidas na carteira recomendada da BB Investimentos foram Embraer (EMBR3) e Ambev (ABEV3).
“Na semana, a rentabilidade da carteira foi de 0,56%, enquanto o Ibovespa (índice de referência) registrou variação de 0,18% (38 pontos percentuais acima do benchmark)”, diz o relatório do banco.
Cotação do Ibovespa nesta quarta (7)
O Ibovespa encerrou a sessão da última quarta-feira (7) em baixa de 2,25%, aos 109.401,41 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)