Renda Fixa: Como ganhar dinheiro com o aumento do risco fiscal?
Com o aumento do risco fiscal dados os acontecimentos recentes, investidores discutem as possibilidades de alocação, especialmente em renda fixa.
A percepção é de que as projeções futuras da Selic podem aumentar com um cenário de maior gastança do governo, dando uma maior vazão para lucratividade em ativos de renda fixa atrelados à taxa básica de juros.
Vinicius Romano, analista de Renda Fixa da Suno Research, explicou como funciona esse cenário em entrevista ao Suno Notícias.
“Basicamente [com o risco fiscal aumentando] o risco país aumenta. O estrangeiro olha o cenário de dívida. Se ele vê uma aceleração forte da dívida, ele passa a olhar com outros olhos”, explica.
Segundo o especialista, desde o início do ano o risco fiscal é colocado como um fator para um fator de pressão altista para a Selic, já que o Banco Central (BC) aumenta os juros para ‘compensar’ o aumento de gastos feito pelo Governo Federal.
“Para a Renda Fixa, traz um lado negativo e um positivo. O negativo é que a economia como um todo sai prejudicada, dada a deterioração de várias variáveis econômicas. Mas, para renda fixa, quem investe em ativos indexados à Selic, acaba ganhando dinheiro, já que é o principal instrumento do Banco Central para conter gastos do lado fiscal”, analisa.
“Se o BC entender que, no balanço de riscos, o fiscal pesou mais, ele pode jogar a Selic para 14%. A pessoa que tem um tesouro indexado à Selic, rendendo a 13,75%, passa a ter um ativo que rende 14% após essa mudança hipotética”, completa.
A próxima reunião do Banco Central ocorrerá em meados de dezembro, e a autoridade monetária, com isso, pode alterar a taxa básica de juros. As expectativas do Mercado Financeiro são de que os juros sejam mantidos no patamar atual, de 13,75%.
No cenário atual de renda fixa, predileção é por pós-fixados
Segundo Romano, a melhor opção no momento é por títulos de renda fixa que sejam pós fixados.
“O pós-fixado acaba sendo mais seguro e, nesses momentos, o mais atrativo, já que você está indexado. E se nesses momentos o Banco Central é autônomo é a ‘principal defesa’, acho que o pós-fixado é uma alocação quase que estrutural na carteira de todo mundo”, comenta.
O ativo em questão, o Tesouro Selic, remunera o investidor com a taxa Selic anualizada somada a uma variação de uma pequena porcentagem, chamada de ágio ou deságio. Ou seja, em suma o ativo paga a Taxa Selic.
Romano explica que nesse cenário o título de renda fixa atrelado aos juros que é pós-fixado é mais atrativo.
“O rendimento é diário. Em um caso de uma Selic de 13,75%, o ativo renderá, todo dia, o proporcional a uma taxa de 13,75% ao ano – o que conhecemos como marcação a mercado. Se a taxa sobe, o fator diário sobe e o título passa render em valor referente à nova taxa, de 14% por exemplo”, afirma.
“O pós-fixado é mais seguro porque se eventualmente a taxa Selic cair para 12,75%, por exemplo, você não perde dinheiro, você simplesmente passa a ter rendimentos menores”, conclui, sobre o cenário de alocação em renda fixa.