BRF (BRFS3) despenca 11% e lidera quedas no Ibovespa. O que houve?

A ação da BRF (BRFS3) fechou em queda de 11,24%, cotada a R$ 12,24, nesta terça-feira (25).

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A ação da empresa de frigoríficos já tinha recuado 7,7% na segunda-feira (24), sinal de que os investidores estão ajustando expectativas, anteriormente altas, para um terceiro trimestre mais fraco da BRF, diz Leonardo Alencar, head de Agro, Alimentos e Bebidas da XP.

O mercado esperava o 3T22 da BRF — previsto para ser divulgado em 9 de novembro — com margens melhores, com o preço de grãos caindo, ao mesmo tempo em que o preço da carne de frango havia subido e a exportação apresentava desempenho mais robusto.

Mas Alencar explica que conversas com a BRF, em call sobre a prévia do resultado, indicaram que o trimestre poderia vir mais baixo que o esperado.

Toda essa leitura sobre o resultado da BRF era positiva. Quando começou a reverter a expectativa, para um desempenho pior do que o esperado, frustrou os investidores, que deixaram de investir ou venderam o papel”, disse.

O Citi concorda: o banco elevou a recomendação de BRF para “compra”, mas cortou o preço-alvo de R$ 26 para R$ 17. O JP Morgan também reduziu o preço-alvo para as ações de R$ 16,50 para R$ 15.

“A queda da ação da BRF é absolutamente normal e foi impulsionada por esses cortes dos analistas, mas o ativio opera, desde o início de 2022, em queda de 40%”, lembra Eduardo Melo, especialista em finanças e CEO da Prime Investe.

O especialista Leandro Petrokas, Diretor de Research e sócio da Quantzed, também creditou a queda das ações da BRF à expectativa de dados fracos para o terceiro trimestre, tendências desanimadoras sobre os preços de alimentos processados no Brasil e posicionamento do JP e Citi.

“Com inflação acumulada no ano e menor renda disponível, o consumo de produtos não essenciais, alimentos processados, fica prejudicado. Incertezas em relação ao custo de milho também ajudam a pressionar as ações e o resultado da empresa no trimestre”, diz Petrokas.

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Visão da XP para BRF

Embora o curto prazo não esteja tão favorável para BRF, Alencar vê performance melhor no quarto trimestre, com o “câmbio interessante para a exportação, gripe aviária na Europa favorecendo o frango no mercado mundial, queda no preço dos grãos e o fim de ano no Brasil com consumo forte sazonal”.

A XP recomenda “comprar” as ações da BRF, com o preço-alvo de R$ 20,60, vendo o ativo muito barato e podendo desempenhar forte em 2023.

Essa recuperação pode ocorrer com uma leitura de gripe aviária no hemisfério Norte, a dinâmica de grãos no mundo complicada, a produção de frango e suíno na Europa caindo e o custo de energia subindo.

Além disso, o novo CEO Miguel Gularte deve “demonstrar” sua gestão somente em meados de 2023, quando deve haver ganho de eficiência operacional e talvez uma BRF com mais força na exportação, conclui o analista.

Entretanto, em relação a um cenário de gripe aviária, Leandro Petrokas, da XP, acredita que não haverá impacto assim para a BRF: “Talvez o mercado entenda que essa gripe não faça tanto preço. Podemos ter, na verdade, um ajuste de expectativas com relação a isso. E ações que subirem muito em função dessa notícia também podem acabar cedendo”.

Ana Clara Macedo

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