PF investiga esquema de pirâmide financeira que movimentou R$ 4,1 bilhões
A Polícia Federal deflagrou a operação “La Casa de Papel”, nesta quarta-feira (19). O esquema é de uma organização criminosa que comandava uma estrutura de pirâmide financeira em mais de 80 países. Segundo a investigação divulgada pela PF, o prejuízo estimado aos investidores foi de R$ 4,1 bilhões. As informações são do Valor Econômico.
Segundos informações divulgadas pelas PF, mais de 1,3 milhão de pessoas tiveram seus recursos captados com a promessa de rendimentos diários altíssimos. A operação da PF estima que esquema teria começado em 2019, “estando em curso e pleno desenvolvimento até o momento de deflagração da operação”.
O nome “La Casa de Papel“, como da série famosa da Netflix, foi adotado porque o esquema conta com dois investigados espanhóis e “por terem, artificiosamente, engendrado um plano para montar uma bilionária pirâmide financeira, com o seu próprio banco e a sua própria ‘casa da moeda’, fabricando dinheiro por meio de criptoativos próprios, sem qualquer lastro financeiro e se apropriando de dezenas de milhões de dólares em seu benefício”.
“Os investigados, com utilização massiva de redes sociais, marketing, reuniões por diversos estados e países, centenas de ‘team leaders’ arregimentados, além da estrutura e apoio de entidade religiosa pertencente a um deles, atuavam para captar recursos e, assim, gerir uma empresa que oferecia pacotes de investimentos/aportes financeiros desde US$ 15 a US$ 100 mil, com promessa de ganhos diários em percentuais altíssimos”, diz a PF.
Ainda segundo a Polícia Federal, a operação era comandada por seis pessoas, que tiveram seus mandados de prisão preventiva decretados hoje. A Justiça Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, expediu outros 41 mandatos de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Maranhão, Santa Catarina e Goiás.
“A investigação teve início na cidade de Dourador (MS), em agosto de 2021, com a autuação em flagrante de dois investigados, quando se deslocavam em direção à fronteira do Paraguai com escolta armada. Na abordagem, foram encontradas esmeraldas avaliadas em US$ 100 mil, que estavam ocultas e não tinham origem legal, pois estavam amparadas em nota fiscal cancelada”, pontua a instituição.
A organização investigada pela PF prometia aos futuros investidores rentabilidade de 20% ao mês e de até 300% no ano. Após entrarem no esquema de pirâmide, as vítimas eram convencidos a trazer mais pessoas. Além disso, a organização afirmava ter sociedade legalizada com empresas na Estônia. A investigação declarou que as empresas citadas pelos criminosos não existiam.
“Os investigados não tinham qualquer autorização para a captação e gestão dos recursos levantados no Brasil, na Estônia, ou em qualquer outro país, tendo ainda diversos alertas de órgãos financeiros em vários países, como Espanha, Panamá, dentre outros, no sentido da ausência de autorização e de que se tratava de esquema de pirâmide financeira.”
Além das promessas financeiras de ganhos irreais, o grupo de criminosos criou duas criptomoedas que sequer apresentavam lastro financeiro e em apenas 15 horas o ativo subiu 5.500%. “Foi identificada manipulação de mercado para valorizar uma das moedas artificialmente em 5.500% em apenas 15 horas, com pico de até 38.000%, dias depois. Tudo isso para manter a pirâmide financeira o mais tempo possível em atividade, pois as criptomoedas foram também utilizadas para pagar os investidores”, afirma a polícia federal.
“Contudo, após alta meteórica e especulativa promovida pelos investigados, as criptomoedas perderam todo o valor de mercado e a cotação passou a romper em diversas casas decimais abaixo do centavo de dólar, resultando em perda quase que completa da liquidez.”
Os investigados pelo esquema de pirâmide financeira irão responder pela prática dos crimes de organização, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro por operar sem autorização, execução de pesquisa, estelionato por meio de fraude eletrônica, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, usurpação de bem mineral da União Federal e falsidade ideológica.