Eneva (ENEV3) ganha vantagem competitiva com leilão, diz BTG; recomendação é de compra
A Eneva (ENEV3) saiu vencedora do 2º Leilão de Reserva de Capacidade na forma de energia (LRCE) de 2022, promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), na última sexta-feira (30). O BTG Pactual (BPAC11) acredita que o leilão foi muito positivo para a empresa.
O BTG mantém a recomendação de compra das ações da Eneva, no preço-alvo de R$ 16.
Junto com a Eneva, a Global Participações Energia também conseguiu entrada na operação. Ao todo, o leilão contratou 729 megawatts (MW) para a região norte do Brasil, com propostas para três empreendimentos: UTE Manaus I, da GPE, e Azulão II e Azulão IV, ambos da Eneva.
O preço médio foi de R$ 444 por megawatt-hora (MWh), sem deságio.
Os analistas realizaram uma reunião com a Eneva e recebeu mais informações sobre a operação.
De acordo com a gestão da Eneva, havia a opção de licitar a totalidade de 1 GW no Norte, mas optou por apenas 591 MW (Azulão II), considerando que:
- Existia risco de enfrentar um concorrente licitando um projeto pequeno com preço menor;
- Apesar de ter reservas suficientes para 1 GW, seria um desafio garantir o fluxo de gás para essa capacidade considerando a inflexibilidade de 70%, exigindo que a Eneva perfurasse poços adicionais e aumentando os custos e a complexidade do projeto;
- Para licitar 1 GW, a Eneva teria que transferir o PPA de Azulão I para a UTE Celse ou Termofortaleza. Teria então dois projetos sendo construídos simultaneamente em estados diferentes, aumentando a complexidade da engenharia; e
- Um projeto maior exigiria capex adicional, pressionando o balanço da empresa.
Sobre o primeiro ponto, o BTG destaca que, pelas regras do leilão, “mesmo que esse player tivesse capacidade menor (que foi o caso da GPE), a competição pelo mesmo MW poderia acabar fazendo com que os preços de todos os participantes caíssem”.
Portanto, a Eneva preferiu garantir o preço máximo de R$ 444/MWh para 591 MW, maximizando o retorno.
Valor presente líquido de R$ 6,23 bilhões
O BTG afirma que, ao consolidar os números do Azulão I e II, em conjunto às premissas fornecidas pela a Eneva, o valor presente líquido (VPL) alcança R$ 6,32 bilhões para o Complexo Azulão, com taxa interna de retorno (TIR) real de 41%.
“Como já tínhamos um VPL de R$ 742 milhões para Azulão I, o leilão de sexta-feira adiciona R$ 5,49 bilhões em VPL, ou R$ 4,3/ação, acima de nossas expectativas antes do leilão (R$ 4,36 bilhões ou R$ 3,4/ação)”, diz o relatório.
A Eneva detalhou ainda outras fontes de upside:
- Dependendo da campanha exploratória em Azulão, não será necessário conectá-lo ao campo de Anebá, levando a uma redução de R$ 400 milhões no capex;
- O despacho em Azulão I poderia ser maior, chegando a quase 50%;
- Azulão I tem capacidade de 360 MW, dos quais apenas 295 MW foram vendidos, restando 65 MW ainda a serem monetizados;
- O Azulão I será composto por uma turbina de ciclo aberto. “Atualmente não é possível expandir o projeto devido a restrições regulatórias, mas a empresa pode obter aprovação para fechar o ciclo da turbina, adicionando 230 MW de capacidade”, explicam os analistas.
Por fim, apesar da companhia não ter conquistado completamente o 1 GW, o resultado do leilão continua muito positivo para a Eneva, “mostrando mais um excelente exemplo de alocação de capital e confirmando a clara vantagem competitiva do modelo R2W da Eneva graças à sua produção de gás onshore”, destacam.
Com o VPL somado aos números do BTG, a Eneva negocia uma TIR real de 9,1%.
Cotação da Eneva
As ações da Eneva fecharam em queda de 2,57%, a R$ 14,07, nesta terça-feira (4).