Ibovespa salta 5,5%, maior ganho diário desde abril de 2020; Petrobras (PETR4) sobe 8%
O Ibovespa hoje fechou a segunda-feira (3) em forte alta de 5,54%, na máxima de 116.134,46 pontos. Na mínima, marcou 110.047,56 pontos. O giro financeiro foi bem reforçado, a R$ 46,2 bilhões. Foi o maior ganho diário desde abril de 2020.
Com o surpreendente desempenho do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de candidatos aliados ou simpatizantes ao governo nas disputas por assentos no Congresso e nas administrações estaduais, a sessão do dia foi, desde cedo, conduzida por forte apetite pelo “kit Brasil”, com juros futuros em queda, real em apreciação e Bolsa com o maior ganho diário desde abril de 2020.
A agenda liberal e reformista voltou a ganhar peso nas considerações dos investidores, com destaque para a vitória parcial, não prevista, de Tarcísio de Freitas (Republicanos) no primeiro turno para o governo de São Paulo, bem à frente de Fernando Haddad, do PT.
“As bolsas americanas, em recuperação hoje, abriram espaço para que o Ibovespa apresentasse movimento expressivo, após o resultado das eleições trazer viés positivo para os ativos de risco, principalmente para as empresas mistas e estatais”, diz Ariane Benedito, economista especializada em mercado de capitais.
Ela destaca o desempenho das ações de empresas de varejo e das companhias aéreas, entre as maiores altas e também entre as mais negociadas na sessão. “Esse movimento pode ser explicado pela expectativa de continuidade de deflação para as próximas medições, e com as curvas de juros, tanto os títulos curtos como os longos, registrando queda, combinada a um câmbio mais baixo do que esperado.”
Em dia de muita avaliação sobre desdobramentos políticos da noite anterior, a força mostrada pelos candidatos alinhados ao governo na conquista de assentos no Congresso e nos Estados não passou despercebida, e mantém o atual presidente bem vivo para a eleição em segundo turno, no dia 30, com chance de palanque em estados vitais como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. No Rio Grande do Sul, o ex-ministro Onyx Lorenzoni, próximo a Bolsonaro, passou para o segundo turno na frente do ex-governador Eduardo Leite (PSDB), algo também não antecipado pelas pesquisas.
“O bolsonarismo é muito mais forte do que se imaginou. Sua capilaridade local e sua resiliência asseguraram a candidatos associados a Bolsonaro uma vitória tranquila, por vezes maiúscula. Das Assembleias ao Senado, teremos legislaturas ainda mais conservadoras que em 2018”, observa o cientista político Guilherme Casarões, professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo.
Ele acrescenta que, mesmo que Lula seja eleito, a capacidade de governar tende a ficar “muito estreita”, levando em conta Legislativo e governadores na oposição, o que dificulta discussões sobre questões vitais e que dividem opiniões, como as reformas fiscal e tributária.
“A disputa entre Lula e Bolsonaro no primeiro turno veio com uma margem bem mais apertada do que se antecipava. A definição, em segundo turno, virá do redirecionamento dos votos dos demais candidatos, como Simone (Tebet) e Ciro (Gomes). O segundo turno leva adiante esse acirramento, que deve trazer mais volatilidade para os papéis, setorialmente, na medida em que a disputa ingressa agora na etapa final”, diz Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos.
Bolsas de Nova York
Os mercados acionários de Nova York fecharam com ganhos robustos nesta segunda, com investidores atentos aos preços do petróleo, que impulsionaram o setor de energia, e também a indicadores. Em dia de ganhos em todos os setores, a ação da Tesla foi exceção, com baixa de 8,61%, pressionada após a companhia registrar crescimento em suas entregas de veículos no trimestre encerrado em setembro, mas com resultado abaixo do previsto por analistas.
- Dow Jones: +2,66%, aos 29.490,89 pontos;
- S&P 500: +2,59%, aos 3.678,43 pontos;
- Nasdaq: +2,27%, aos 10.815,43 pontos.
O dólar à vista fechou em baixa de 4,09%, a R$ 5,1737, após oscilar entre R$ 5,1544 e R$ 5,3118.
Os contratos futuros de petróleo fecharam com fortes altas nesta segunda-feira, em uma sessão marcada pelas indicações de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) deverá realizar cortes na produção em sua reunião desta semana. Uma série de veículos de imprensa noticiou que o grupo planeja na quarta-feira reduzir em mais de 1 milhão de barris por dia sua cota de produção para novembro, buscando dar impulso aos preços da commodity. Caso concretizado, o corte seria o maior desde o começo da pandemia.
O petróleo WTI para novembro fechou em alta de 4,95% (US$ 4,14), a US$ 83,63 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para dezembro avançou 4,19% (US$ 3,72), a US$ 88,86 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
O contrato mais líquido do ouro fechou em alta nesta segunda, em uma sessão na qual o metal é impulsionado por uma trégua no avanço do dólar e dos rendimentos dos Treasuries. Indicadores nos Estados Unidos apresentaram uma perspectiva de que o Federal Reserve (Fed) pode ser menos agressivo em seu aperto monetário. Ao longo desta semana, investidores ficarão atentos aos dados do mercado de trabalho americano, com destaque para a publicação do payroll de setembro, na sexta-feira. Enquanto, isso, a prata teve avanço ainda mais forte, subindo mais de 8%.
O ouro para dezembro fechou em alta de 1,76%, em US$ 1702,00 a onça-troy, na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex). A prata para dezembro teve alta acima de 8%, a US$ 20,589 a onça-troy.
No Ibovespa hoje, os ativos de estatais se destacaram entre as maiores altas na primeira sessão após as eleições do primeiro turno, com potencial de que essas companhias possam ser privatizadas.
Na liderança do ranking, Sabesp (SBSP3) valorizou 16,94%, movimento apoiado no resultado das urnas, colocando Tarcísio de Freitas na disputa do segundo turno ao governo paulista. O mesmo ocorreu com Cemig (CMIG4), que avançou 10,69%, influenciada pela reeleição de Romeu Zema em Minas Gerais, que reafirmou a disposição de desestatizar a empresa de energia.
Ainda se destacaram entre os maiores ganhos do índice Gol (GOLL4) subiu 12,54% e Azul (AZUL4) ganhou 11,35%, sob efeito da queda do dólar.
Outras estatais que tiveram ganhos elevados foram Petrobras (PETR3, PETR4), com +8,86% e +7,99%, assim como Banco do Brasil (BBAS3) que avançou 7,63%.
A tendência se repetiu entre outros grandes bancos: Santander (SANB11) subiu 5,37%, Itaú (ITUB4) valorizou 6,10%, Bradesco (BBDC3, BBDC4) teve ganhos de 6,62% e 6,91
A Vale (VALE3) registrou +2,72%.
Somente dois papeis fecharam em queda, ambos do setor de educação: Yduqs (YDUQ3) baixou 1,59% e Cogna (COGN3) cedeu 0,34%.
Maiores altas do Ibovespa:
- Sabesp (SBSP3): +16,94% // R$ 58,00
- Gol (GOLL4): +12,54% // R$ 10,05
- Azul (AZUL4): +11,35% // R$ 16,39
- Via (VIIA3): +10,97% // R$ 3,54
- Cemig (CMIG4): +10,69% // R$ 11,91
Maiores baixas do Ibovespa:
- YDUQS (YDUQ3): -1,53% // R$ 14,22
- Cogna (COGN3): -0,34% // R$ 2,93
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- JBS (JBSS3) encerra operação de proteína vegetal nos EUA após 3 anos
- Oi (OIBR3): Vivo (VIVT3), TIM (TIMS3) e Claro querem devolução de R$ 1,74 bilhão
JBS (JBSS3) encerra operação de proteína vegetal nos EUA após 3 anos
Nesta segunda-feira (3), a JBS (JBSS3) anunciou que está encerrando seu negócio de proteína vegetal nos Estados Unidos, Planterra, três anos após o seu lançamento.
A maior processadora de carnes do mundo disse que pretende concentrar esforços em suas operações de produtos à base de plantas no Brasil e na Europa, que estão ganhando participação de mercado.
A Planterra fabrica uma linha de produtos sob a marca Ozo.
O encerramento das operações afeta 121 trabalhadores no Colorado, de acordo com o departamento do trabalho do Estado.
A JBS disse que está conversando com os trabalhadores da Planterra para tentar realocá-los em outras unidades da companhia.
Oi (OIBR3): Vivo (VIVT3), TIM (TIMS3) e Claro querem devolução de R$ 1,74 bilhão
Vivo (VIVT3), Tim (TIMS3) e Claro vão entrar com um processo de arbitragem contra a Oi (OIBR3) para tentar recuperar cerca de R$ 1,739 bilhão na negociação de ativos móveis da operadora em recuperação judicial, conforme informaram as empresas nesta segunda-feira (3).
A arbitragem contra a Oi é necessário, segundo as companhias, “tendo em vista o manifesto descumprimento pela vendedora de determinados termos do contrato após a troca de notificações acerca do ajuste de preço pós-fechamento”.
No dia 19 de setembro, as companhias informaram ao mercado que haviam aberto disputa contra a Oi devido a discordâncias encontradas no contrato, após uma análise realizada por uma consultoria.
As divergências estavam, principalmente, no capital de giro e dívida liquida, Capex, e ajustes na base de clientes.
O ajuste reivindicado pelas teles, de R$ 3,18 bilhões, não foi acatado pela Oi.
Em fato relevante divulgado ao mercado nesta manhã, a Tim informou que, tendo em vista a “violação expressa” dOi aos termos do contrato, as companhias não tiveram outra alternativa que não a arbitragem.
A Vivo e a Tim afirmaram que continuarão mantendo os seus acionistas e o mercado informados sobre os desenrolares da operação contra a Oi.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: +5,54%
- IFIX hoje: -0,26%
- IBRX hoje: +5,59%
- SMLL hoje: +5,13%
- IDIV hoje: +5,36%
Cotação do Ibovespa nesta sexta (30)
O Ibovespa fechou o pregão da última sexta-feira (30) em alta de 2,20%, em 110.036,79 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)