Rainha Elizabeth II morre aos 96 anos; veja o que acontece agora

A rainha Elizabeth II faleceu nesta quinta-feira (8), aos 96 anos, no Castelo Balmoral, na Escócia, após apresentar piora em seu quadro de saúde, conforme divulgaram fontes oficiais do governo.

RAINHA ELIZABETH II MORRE AOS 96 ANOS | Breaking News

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Mais cedo, a Família Real foi convocada às pressas para o Castelo Balmoral, onde a monarca estava em férias há mais de uma semana. Os quatro filhos da rainha do Reino Unido – o príncipe Charles, herdeiro do trono, Andrew, Anne e Edward, viajaram para o local. Os príncipes William e Harris também foram até lá.

Até então, segundo informações oficiais do governo, a rainha Elizabeth 2ª encontrava-se confortável, mas médicos tinham preocupação quanto ao seu estado de saúde.

Mensagem oficial pelo Twitter diz que “a Rainha morreu tranquilamente em Balmoral nesta tarde. O Rei e a Rainha Consorte permanecerão em Balmoral nesta noite e retornarão a Londres amanhã”.

Rainha Elizabeth morreu após apresentar problemas de saúde

No poder há sete décadas, a rainha da Inglaterra morreu após apresentar diversos problemas de saúde nos últimos meses e, devido a isso, desmarcando uma série de compromissos oficiais.

O evento mais recente foi a cerimônia de nomeação da primeira-ministra Liz Truss, na terça-feira (6). Na ocasião, a rainha Elizabeth II transferiu, pela primeira vez na história, a cerimônia para o Castelo de Balmoral, onde ela estava.

Tradicionalmente, todos os premiês são nomeados no Palácio de Buckingham, em Londres.

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O que acontece depois da morte da rainha Elizabeth II

Como a monarca com o reinado mais longo do Reino Unido, há uma geração inteira que nunca conheceu a vida sem Elizabeth II. Mas, antes, vários protocolos precisam ser seguidos nos bastidores.

O secretário particular da rainha, Sir Edward Young, será responsável por informar a primeira-ministra antes que a informação seja divulgada para os 15 países onde a rainha é chefe de estado e o restante das 36 nações da Commonwealth. Isso é feito pelo Centro de Resposta Global do Ministério das Relações Exteriores, em um local desconhecido em Londres.

Além de servir como rainha do Reino Unido, Elizabeth II foi chefe de Estado de outras 14 nações independentes: Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Jamaica, Antígua e Barbuda, Bahamas, Belize, Granada, Papua Nova Guiné, Ilhas Salomão, São Vicente e Granadinas, São Cristóvão e Névis, Santa Lúcia e Tuvalu.

A primeira vez que o público toma conhecimento da morte da rainha é quando um aviso é colocado nos portões do Palácio de Buckingham. Todos os funcionários usarão uma braçadeira preta no braço esquerdo, que deve medir três centímetros e meio de largura.

Uma declaração será então divulgada para a Press Association e outros meios de comunicação. Nesta fase, os principais canais de TV puxarão programas regulares e os locutores usarão ternos e gravatas pretos.

Como a rainha morreu no Castelo Balmoral, o corpo será transferido para Holyroodhouse em Edimburgo e depois transportado pela Royal Mile até a Catedral de Saint Giles para um serviço fúnebre real. O público provavelmente fará fila para jogar flores no Royal Train, que levará o corpo de volta a Londres para o enterro. A ponte de Londres ficará inoperante e tem início os procedimentos formais – a Operação London Bridge.

Antes do enterro da rainha

As cerimônias pela morte da rainha Elizabeth vão até o próximo dia 19. Durante esse período, seu corpo permanecerá no Palácio de Buckingham junto à família. Ela será então transferida para o Westminister Hall, onde permanecerá por vários dias para que o público possa prestar homenagens. Mais de 200 mil pessoas visitaram o corpo da Rainha Mãe em 2002.

Então, no 10º dia, o corpo da rainha Elizabeth II será transferido para a Abadia de Westminister para um funeral de Estado. O funeral da rainha contará com a presença de funcionários do Estado de todo o mundo e será coordenado pelas Forças Armadas e pelo Governo.

Dia do enterro

O Reino Unido terá um dia nacional de luto – incluindo o mercado de ações e o Big Ben soará às 9 horas do dia do funeral. As joias da coroa serão limpas naquela manhã. Antes que o caixão chegue à Abadia de Westminister às 11 horas, o país ficará em silêncio.

Quem assume o trono da rainha Elizabeth

Após a morte, o príncipe Charles se tornou rei . Nesta fase, terá lugar uma reunião do Conselho de Adesão no Palácio de Saint James com todas as formalidades.

O agora rei Charles III se pronunciou: “momento de grande tristeza para o Reino Unido”. Segundo o jornal britânico “Guardian”, ele será oficialmente declarado rei, em Londres, ainda sem data definida.

Ele será nomeado rei após a morte da rainha e depois que seus irmãos beijarem cerimoniosamente sua mão. Proclamações serão feitas e ele visitará a Escócia, a Irlanda do Norte e o País de Gales. Suas primeiras palavras como monarca ocorrerão no Palácio de St. James.

A coroação do rei Charles III será planejada alguns meses após o funeral, e o título de príncipe de Gales poderá passar para o príncipe William, mas não imediatamente.

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Bolsonaro decreta três dias de luto

O presidente Jair Bolsonaro publicou no Twitter nota de condolências à família real britânica e afirmou: “É uma mulher extraordinária e singular, exemplo de  liderança.”

O presidente decretou ainda luto oficial de três dias por causa da morte da rainha Elizabeth II. O ato foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União. Pela legislação, durante o luto oficial a Bandeira Nacional fica hasteada a meio mastro em todas as repartições públicas.

Uma das últimas manifestações oficiais da rainha Elizabeth II foi justamente em relação ao Brasil. Ela publicou mensagem enviando felicitações ao povo brasileiro pela celebração dos 200 anos da Independência. Na mensagem, a rainha disse que lembrava com carinho da visita que fez ao país em 1968.

Nas redes sociais, outras autoridades brasileiras manifestaram pesar pela morte da monarca da Coroa Britânica. “Em nome do Congresso Nacional brasileiro, presto condolências à família e a todo o povo do Reino Unido”, escreveu o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, também emitiu um comunicado. “Ao transmitir nossas condolências ao povo britânico e à sua família real, relembro as históricas ligações entre o Brasil e o Reino Unido, que datam desde os primeiros anos de nossa vida como Nação independente e que se fortaleceram enquanto a Rainha Elizabeth reinou”, escreveu o deputado.

E o vice-presidente Hamilton Mourão foi às redes sociais para se manifestar sobre a morte: “Deixa hoje o nosso convívio a Rainha de nossa geração, dos nascidos na década de 1950 que se acostumaram a vê-la como símbolo do próprio Reino Unido. O momento é de homenagem a essa figura ímpar de estadista”, postou.

Líderes mundiais lamentam morte da Rainha Elizabeth

Os principais líderes mundiais manifestaram condolências e ressaltaram a importância da rainha no cenário internacional. Empossada na última terça-feira (6) como primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss soltou nota oficial na qual diz que “a Rainha Elizabeth II era a rocha sobre a qual a Grã-Bretanha moderna foi construída”.

O presidente dos EUA, Joe Biden, lembrou a solidariedade da rainha após os atentados de 11 de setembro de 2001. “Conhecemos a rainha em 1982, viajando para o Reino Unido como parte de uma delegação do Senado [norte-americano]. No total, ela conheceu 14 presidentes americanos. Ela ajudou os americanos a comemorarem o aniversário da fundação de Jamestown e o bicentenário de nossa independência”, declarou, em nota oficial.

O presidente da França, Emmanuel Macron, ressaltou o importante papel da rainha na manutenção das relações amigáveis entre o Reino Unido e a França. “Sua Majestade, a Rainha Elizabeth II, incorporou a continuidade e a unidade da nação britânica por mais de 70 anos. Lembro-me dela como uma amiga da França, uma rainha de bom coração que deixou uma impressão duradoura em seu país e em seu século”, postou Macron no Twitter.

Já o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, destacou a sabedoria e a compaixão da rainha. “Ao olharmos para trás, para sua vida e seu reinado, que durou tantas décadas, os canadenses sempre se lembrarão e apreciarão a sabedoria, a compaixão e o calor de Sua Majestade. Nossos pensamentos estão com os membros da família real durante este momento mais difícil”, escreveu Trudeau no Twitter. Por fazer parte da Commonwealth, o Canadá tem o monarca britânico como chefe de Estado.

Na Espanha, o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, lamentou a morte e destacou o papel histórico da rainha. “Uma figura de relevância mundial, testemunha da História britânica e europeia”, postou Sánchez no Twitter.

70 anos do maior reinado britânico

No século XIX, em vista da amplitude das possessões do Império Britânico pelo mundo, dizia-se que os ingleses possuíam um “Império no qual o sol nunca se põe”. Várias ilhas e territórios ultramar deram à Inglaterra recursos suficientes para ampliar seu poderio industrial, aposentando as máquinas à vapor e investindo na energia elétrica, na expansão das ferrovias e melhorando sua frota naval. Estávamos no esplendor da chamada “Era Vitoriana”, em homenagem à Rainha Vitória que, de tão longeva, viveu entre 1819 até o alvorecer do século XX, em 1901.

Em 21 de abril de 1926, nasceu, em Londres, a tataraneta da Rainha Vitória, a pequena Elizabeth Alexandra Mary Windsor, primogênita do futuro Rei George VI e da Rainha Elizabeth. Seu pai subiu ao trono da monarquia britânica em 1936, transformando a menina de dez anos em princesa e herdeira do trono do Reino Unido. Educada dentro dos muros do palácio, vivendo uma juventude enclausurada no Castelo de Windsor, a jovem princesa adquiriu os conhecimentos necessários à uma futura monarca.

No início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, Elizabeth era ainda uma garota de 13 anos e, mesmo assim, resolveu ajudar o seu país. Sua função era participar de transmissões da Rádio BBC, mandando mensagens com o objetivo de tranquilizar outras crianças britânicas. A princesinha também usava o microfone para falar diretamente aos homens e mulheres que serviam nas forças armadas do Reino Unido, como forma de fortalecer o moral do seu povo.

No final da guerra, em 1945, já com 19 anos, Elizabeth tinha se alistado no Exército. Após concluir um curso de mecânica de automóveis, a futura rainha estava apta a dirigir caminhões, ambulâncias e jipes e a fazer reparos nas viaturas e trocar pneus. O filme A Rainha, de 2006, mostra a monarca (interpretada pela atriz Helen Mirren) dirigindo um jipe por estradas acidentadas nas propriedades da família.

Aos 21 anos, em 1947, logo após o término da Segunda Guerra Mundial, casou-se com um primo de segundo grau, o príncipe grego Philip Mountbatten, na Abadia de Westminster. Tiveram quatro filhos: o herdeiro do trono, príncipe Charles, a princesa Anne e os príncipes Andrew e Edward.

Em 1948, grávida do futuro príncipe Charles, Elizabeth estava na tribuna de honra do estádio de Wembley, quando seu pai fez a abertura oficial dos Jogos Olímpicos de Londres. Certamente não imaginaria que, 64 anos depois, fosse ela quem declararia aberta outra edição das Olimpíadas na capital britânica, em 2012.

Com a morte do Rei George VI em fevereiro de 1952, Elizabeth, aos 25 anos, tornou-se a Rainha do Reino Unido (Inglaterra, Irlanda do Norte, País de Gales e Escócia), Canadá, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Paquistão e Ceilão (uma colônia asiática que deu origem ao atual Sri Lanka), embora a coroação só ocorresse mesmo em junho de 1953.

Visita ao Brasil

Entre 1 e 11 de novembro de 1968, a Rainha Elizabeth II e seu marido, ordenado Duque de Edimburgo, visitaram seis cidades brasileiras: Recife, Salvador, Brasília, São Paulo, Campinas (SP) e Rio de Janeiro.

Por aqui, inaugurou o Museu de Arte de São Paulo, ao lado do idealizador Assis Chateaubriand, presenciou o início das obras da ponte Rio-Niterói e foi ao Maracanã ver em ação o “nosso Rei”. Pelé marcou um gol na vitória dos paulistas sobre os cariocas por 3 a 2. Ao término da partida, ocorreu o encontro entre as “realezas”:

– Majestade, este é o jogador Pelé, famoso mundialmente, disse o chefe do cerimonial.

– Ah, eu sei! Já o conheço de nome. E me sinto muito feliz em cumprimentá-lo, disse a Rainha.

Longevidade no trono

Elizabeth II foi a rainha que serviu por mais tempo em toda a história do Reino Unido: desde sua coroação, presenciou o governo de 15 primeiros-ministros britânicos (de Winston Churchill até Liz Truss) e sete papas passaram pelo Vaticano – em 2014, foi recebida pelo Papa Francisco na sede do governo pontifício.

A monarca viu ainda a dissipação da União Soviética e do Império Britânico e a criação da Commonweath – cujo sucesso muitos consideram uma conquista. Segundo informações da família real, ela se envolveu com mais de 600 obras de caridade, associações militares, corporações profissionais e organizações de serviço público.

Discreta e sem o costume de dar entrevistas, Elizabeth II sempre evitou dar opiniões pessoais e políticas, além de não tornar pública a sua própria avaliação de reinado.

Em 1997, a morte da princesa Diana, ex-esposa do príncipe Charles, em um acidente de carro em Paris, desencadeou uma onda de críticas pelo silêncio da família real ante o ocorrido. Muitos ataques foram dirigidos contra a rainha pessoalmente, já que grandes setores da sociedade britânica exigiam que ela se juntasse à dor que assolava o país.

A monarca ficou em sua residência em Balmoral, na Escócia, onde tradicionalmente passava o verão. Elizabeth II ignorou os telefonemas do então primeiro-ministro Tony Blair, para que ela se dirigisse ao país. Somente seis dias após a morte da princesa de Gales, ela voltou a Londres e falou ao vivo para a nação, vestida de preto fúnebre.

Em abril de 2021, a Rainha Elizabeth ficou viúva. Seu marido de toda a vida, o príncipe Philip de Edimburgo, faleceu, aos 99 anos, no Palácio de Windsor, de causas naturais.

Em junho de 2022, ao completar 70 anos no poder, os ingleses comemoraram por quatro dias o Jubileu de Platina da Rainha Elizabeth II, com desfile militar, sobrevoo da Força Aérea Britânica, missa em ação de graças e um show no Palácio de Buckingham com a participação de grandes nomes da música inglesa.

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(Com informações de Agência Brasil)

Laura Intrieri

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