Juros nos EUA: Fed terá de ser duro para mostrar credibilidade, diz gestor

Na última sexta-feira (2), o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos divulgou que a economia norte-americana criou 315 mil vagas de emprego em agosto, em termos líquidos. O resultado ficou acima das estimativas do mercado, que estimava criação de 300 mil postos. Na visão de Celso Pereira, diretor de investimentos da Nomad, a comparação do relatório com o último mês mostra um “processo gradual de redução da exaltação do mercado de trabalho”, em esforços adotados em política mais dura para aumento de juros nos EUA pelo Federal Reserve, diz em entrevista ao Suno Notícias.

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Em julho, a geração de empregos nos Estados Unidos foi de 526 mil, muito acima das projeções de apenas 250 mil. A ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Federal Reserve, divulgada em 17 de agosto, registrou que a autoridade monetária vai acompanhar os próximos indicadores da economia para tomar decisões sobre os próximos aumentos dos juros nos EUA. A inflação e o mercado de trabalho costumam ser balizadores na análise do banco central norte-americano sobre o momento econômico.

A taxa de desemprego dos EUA avançou para 3,7% em agosto, contra 3,5% em julho. Ainda assim, o mercado de trabalho norte-americano continua sendo visto como forte, o que vai na contramão da postura do Federal Reserve.

“Vemos um PIB dos EUA em recessão técnica e um mercado de trabalho forte. Um paralelo que fazemos é que há uma empresa com um certo número de funcionários, e que diminui sua receita em um mês por menos vendas. A produtividade por funcionário, então, diminuiu. Com a economia do país, é a mesma coisa: há uma queda na produtividade média do trabalhador, em um cenário que não é muito sustentável”, observa Pereira. Seguindo a analogia, assim como ocorre nas empresas em uma situação típica, deve haver uma redução no número de trabalhadores.

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Juros nos EUA: Aumento mostra comprometimento com queda da inflação

Para o diretor de investimentos da Nomad, o Federal Reserve precisa mostrar credibilidade subindo os juros, mas sem gerar grande estresse na economia. Um dos termos muito utilizados no exterior é o ‘soft landing‘, o recuo no aquecimento da economia sem gerar uma crise. Há a possibilidade de ‘hard stop’ também, que acarretaria uma recessão com a queda dos empregos.

O Federal Reserve encara um dilema, segundo Celso Pereira: é preciso desaquecer a economia para conter a inflação, mas sem disparar uma crise de confiança. “Há um compromisso com a estabilidade monetária, embora com o nível de empregos”, explica.

Para a próxima reunião da autoridade monetária, em 20 e 21 de setembro, a elevação dos juros nos EUA deve ser de 0,75 p.p., segundo o especialista. “O banco central norte-americano perdeu credibilidade no ano passado e no primeiro trimestre deste ano por ter demorado muito para subir os juros e combater, de fato, a inflação. Agora, o Federal Reserve adota uma postura bem mais conservadora, deixando claro que a inflação é a prioridade. O aumento mais agressivo dos juros pode ser uma simbologia do comprometimento a qualquer preço”, pondera.

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Beatriz Boyadjian

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