Calote pode ocasionar perdas de até R$ 7,8 bilhões para varejistas
Grandes varejistas como Assaí (ASAI3), Magazine Luiza (MGLU3) e Renner (LREN3) têm aumentado a sua provisão para perdas com práticas de calote por consumidores. As informações são do Valor Econômico.
Segundo levantamento realizado pelo jornal, nos balanços das dez maiores redes de capital aberto, foram R$ 7,79 bilhões em provisões para calote de janeiro a junho, uma alta de quase 22% frente aos R$ 6,4 bilhões registrados ao fim do ano passado e 42,2% acima do apurado de janeiro a junho de 2021.
O peso das provisões de crédito de devedores duvidosos passou de 4% receita líquida total das empresas analisadas na metade de 2021 para 4,92% neste ano – em dezembro, o valor estava em 3,9%.
Segundo o levantamento do jornal Valor Econômico, 12,5% foi o peso do varejo no total das dívidas por segmento no país em junho.
A taxa de inadimplência dos brasileiros na aquisição de bens foi de 3,69% para 4,71% no período de um ano, reflexo de um país com deterioração na renda e escalada da inflação.
Confira a mudança da provisão para devedores duvidosos nas companhias de janeiro a junho, versus um ano antes:
- Carrefour (CRFB3): 37,8%
- GPA (PCAR3): -17,5%
- Assaí (ASAI3): 100%
- Grupo Mateus (GMAT3): -15.0%
- Americanas (AMER3): 41,9%
- Via (VIIA3): -8,4%
- Magazine Luiza (MGLU3): 53,4%
- Renner (LREN3): 89,4%
- Riachuelo (GUAR3): 76,6%
- C&A (CEAB3): 97,4%
Segundo economistas consultados pelo jornal, não há risco para a saúde financeira das companhias, como se viu no final dos anos 90, pois a concessão de crédito está mais controlada e existe mais caixa disponível.
As maiores impactadas, entretanto, podem ser pequenas e médias cadeias fora do radar do mercado.
Como funciona a provisão para calote
As provisões para perdas funcionam como uma conta redutora do ativo, já que afetam a linha de contas a receber e ainda têm efeito direto no fluxo de caixa e na relação lucro/prejuízo da empresa.
Em termos contábeis, a perda é considerada como uma despesa comercial — quando a rede considera que o consumidor não irá pagar, provisiona esta perda e segue critérios específicos para tal, mesmo que ainda tente receber os recursos.
Uma dívida com atraso superior a 180 dias já é considerada na conta.
O levantamento mostra uma maior entrada de novas perdas do que pagamentos de dívidas em atraso sendo feitos.
De janeiro a junho, as dez empresas adicionaram provisões para calote no valor de R$ 1,59 bilhão e saíram, na forma de “reversão”, cerca de R$ 1,1 bilhão no mesmo período, o que ocasiona um déficit de R$ 500 milhões.