Ambiente para novos IPOs deve continuar difícil no Brasil, diz Citi
O chefe de mercados de capitais do Citi no Brasil, Marcelo Millen, disse que mesmo após as eleições o mercado deve continuar difícil para novas ofertas públicas iniciais (IPOs). As informações são da Bloomberg Línea.
Em entrevista ao site da agência, Millen afirma que os investidores precisam esperar por definições sobre o tema da equipe econômica do governo eleito. Na visão dele, a perspectiva é de que o primeiro pós-eleição seja bastante desafiador.
Com a preocupação do mercado sobre como será a proposta no campo econômico do candidato vencedor, Millen também sente apreensão sobre ausência de crescimento macroeconômico a partir do segundo semestre de 2022, além da alta da inflação.
“Estes aspectos não devem ser solucionados em três, quatro meses para a gente ver uma volta robusta de mercado de capitais pós-eleição”, disse ao portal.
Com diversos cancelamentos de IPOs ainda no início desse ano, nenhuma empresa decidiu arriscar abrir capital tão perto do período eleitoral, considerado de maior volatilidade pelo mercado.
Millen, porém, acredita que algumas companhias podem se organizar taticamente, aproveitando uma possível janela de oportunidade entre janeiro e fevereiro para abertura de IPOs, mas apenas se “o mercado melhorar muito”.
Já quando se trata de follow-ons, ele ressalta que algumas operações específicas vieram em 2022 e podem continuar com um movimento promissor. De acordo com dados da B3 (B3SA3), 14 ofertas subsequentes de ações foram realizadas somente este ano.
O IRB Brasil (IRBR3) anunciou na semana passada que “avalia diversas alternativas disponíveis para o reforço de sua condição financeira”. A companhia publicou um fato relevante na manhã da segunda-feira passada (15), após as notícias sobre o possível aumento de capital do IRB dominarem o noticiário.
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IPO: Urca quer lançar BDR e captar R$ 500 milhões na B3 (B3SA3)
A gestora Urca, do fundo imobiliário Urca Prime Renda (URPR11), quer lançar IPO (oferta pública inicial de ações) na B3, em que irá tentar captar R$ 500 milhões, segundo o Estadão Broadcast. A oferta se dará na forma de BDRs (Brazilian Depositary Receipts) em uma data próxima ao período das eleições.
O IPO da Urca foi planejado para ser lançado no cenário atual do mercado, em que há uma escassez de ofertas iniciais de ações. Segundo o jornal, a tese que deve motivar o investidor a comprar os papéis é o fato de a gestora dar acesso ao mercado imobiliário americano, em dólar, para engordar sua distribuição de dividendos.
A Urca tem intenção de utilizar os recursos captados no IPO para bancar a construção de empreendimentos nos Estados Unidos, como moradias estudantis e residenciais, além de comprar imóveis na região e adquirir dívida imobiliária. O mercado tem demonstrado grande interesse pelo mercado de construção nos EUA, o maior no âmbito global, o que traz oportunidade para abertura de IPOs.