Oi (OIBR3) deve trazer surpresas no balanço do 2T22, dizem analistas
A Oi (OIBR3) irá divulgar seu balanço do segundo trimestre de 2022 (2T22) na próxima quinta-feira (11), após o fechamento do mercado. Confira algumas previsões sobre os resultados da companhia.
A Genial Investimentos aponta que, para o setor das telecomunicações, os grandes destaques devem vir com a concretização da venda da Oi Móvel.
“Com isso, a expectativa é de que a base de clientes móveis tanto da TIM (TIMS3) quanto da Vivo Telefônica (VIVT3) contemplem os novos números, ainda que eles não sejam contabilizados dentro da receita. Apontam o período de transição dos antigos clientes da Oi para suas novas operadoras”, diz o relatório da Genial.
Outro ponto mencionado pelos analistas é que os avanços do 5G devem ser vistos nos resultados mais para frente, uma vez que a movimentação começou no final do trimestre.
“A grande surpresa para a Oi deve ficar com o closing da venda da Oi Móvel, bem como a venda do controle da antiga InfraCo (atual V.tal) e a divulgação de seu resultado contemplando tais eventos”, ressaltam.
A Genial reitera a recomendação de compra das ações da Oi, no preço alvo de R$ 1,10.
Visão positiva para o futuro da Oi
Já o BTG Pactual (BPAC11), sem cravar previsões sobre o 2T22 da Oi, afirma que a empresa está seguindo em linha com o planejamento estratégico, que visa a saída da tele do status de recuperação judicial.
Isso decorre da proposta no valor de R$ 1,697 bilhão por parte de uma afiliada da Highline para compra de 8 mil sites de infraestrutura de telecomunicações da operação fixa, sendo o total de R$ 1,1 bilhão a ser recebido na data de fechamento da transação e R$ 600 milhões até 2026.
Os analistas do BTG lembraram, em relatório, que o modelo que seria utilizado no negócio seria de “sale-leaseback”, ou seja: a Oi, a partir do momento da venda, arrendará de volta esses sites da Highline para fornecer seus serviços de linha fixa. Porém, a empresa não deu muitas informações sobre as condições de pagamento dos R$ 600 milhões a serem recebidos em 2026.
“Acreditamos que isso esteja relacionado ao fim da concessão”, afirma o relatório do BTG. “Como esses ativos referem-se à operação de telefonia fixa (STFC), para a qual a Oi tem uma concessão que vai até 2025, a segunda parcela provavelmente está relacionada às métricas de receita que a Highline receberá após o término da concessão”, diz o BTG.
Se a aquisição for fechada, os sites de operação fixa serão vendidos juntos com todos seus ativos, contratos, direitos, obrigações, licenças e demais equipamentos necessários para a sua operação.
Por isso, é preciso avaliar: como a aquisição é de um ativo vinculado à concessão, o processo de venda não é tão simples. “Além da aprovação do Cade, a Oi precisará provar à Anatel que a venda desses sites não terá efeito na continuidade dos serviços de concessão, uma vez que a operação do STFC pode utilizar torres em alguns casos, transmitindo as informações via rádio”, afirma o BTG.
“A proposta vinculante prevê que a conclusão da operação está condicionada, entre outras condições precedentes usuais a este tipo de transação, às aprovações regulatórias aplicáveis, incluindo Anatel e Cade”, esclarece a Oi, em seu fato relevante.
O principal objetivo da Oi é atender necessidades de caixa até 2025, quando a companhia vai pagar os títulos de dívida. A venda deve ajudar a alcançar essa meta, mesmo com possível aumento de despesas de aluguel.
“Nós não temos visibilidade de quanto a Oi vai gastar com locação devido ao novo contrato”, afirma o BTG, ao destacar que a situação ainda será avaliada pelo banco de investimentos e terá um modelo revisado nas próximas semanas.
O BTG Pactual espera que a venda da Oi seja fechada até o final de 2022.
Riscos que podem levar o cancelamento da venda da Oi Móvel
Parecer da Anatel mostra que TIM, Vivo e Claro, as empresas que compraram a Oi Móvel, não estão cumprindo com um dos remédios estabelecidos durante o negócio.
Assim, segundo relatório da Genial Investimentos, esse imbróglio com a compra da Oi Móvel pode ‘culminar com a anulação da transação’.
“Com a justificativa de que as empresas não estariam cumprindo os remédios impostos, a Anatel analisa a possibilidade de revisar a anuência prévia da venda dos ativos móveis da Oi, além de outras sanções que demonstrem o descontentamento do órgão com relação aos desdobramentos do caso”, diz a Genial.
“Enquanto isso, TIM, Vivo e Claro buscam na Justiça uma forma de evitarem prejuízo em decorrência da decisão, para colocar em prática os valores que acreditam ser justos para a continuidade de suas operações relacionadas aos serviços de roaming nacional. Mais informações sobre o caso devem ser divulgadas ao longo desta semana”, seguem os analistas da casa.
Apesar disso, a hipótese de cancelamento da compra da Oi móvel é considerada improvável.
Os analistas lembram que o fechamento do negócio já foi realizado: “A anulação da anuência prévia e consequente cancelamento da compra têm chances remotas de ocorrer em função dos inúmeros efeitos negativos que essa decisão iria gerar”.
Segundo a casa, nesse cenário a Oi não conseguiria sair da recuperação judicial.
“Parte das suas dívidas já foram pagas para os respectivos credores e a migração da base de clientes já está em andamento. Assim, acreditamos que o caminho possível seja um meio termo entre as partes, sem a necessidade de revogação da decisão da venda da Oi Móvel”, concluem.
Veja os remédios da compra da Oi Móvel:
- Contratos de RAN Sharing (Radio Access Network Sharing), que consistem no compartilhamento de recursos entre duas empresas
- Aluguel de espectro, viabilizando que empresas menores possam oferecer serviços móveis (em municípios com menos de 100 mil habitantes na antiga área da Oi Móvel)
- Acordo de Roaming Nacional, permitindo o funcionamento dos serviços móveis fora da área de cobertura da sua operadora em todo território brasileiro
- Acordo para MVNO (Mobile Virtual Network Operator), onde uma operadora compra o direito de utilizar parte da infraestrutura oferecida por uma ou mais operadoras móveis que possuem torres e antenas para fornecer acesso às redes móveis em atacado.
Cotação da Oi
Nesta terça-feira (9), as ações da Oi operam em queda de 3,07%, cotadas a R$ 0,63. No ano, acumulam perdas de 16,00%.