Ibovespa cai 2,07% e volta aos 98 mil pontos; Vale (VALE3) perde 3,41%
O Ibovespa hoje fechou a segunda-feira (11) em queda de 2,07% aos 98.212,46 pontos, após oscilar entre 97.854,22 e 100.282,06 pontos. O índice chegou a ceder mais de 2,4 mil pontos, voltando no encerramento a acumular perdas no mês (-0,33%), que elevam as do ano a 6,31%. Muito fraco, o giro foi de R$ 16,5 bilhões na sessão.
A aversão a risco nesta abertura de semana se estendeu da Ásia à Europa e aos Estados Unidos, afetando também emergentes como o Brasil, em dia de apreciação do dólar frente a referências como euro, iene e libra, que compõem, com outras moedas, a cesta do índice DXY.
“O cenário ainda é de muita cautela, que deve se estender pela semana. O Ibovespa renovou mínimas ao longo da tarde, acomodando-se abaixo dos 98 mil pontos com os temores sobre novos lockdowns na China, bem como sobre a inflação e o risco de recessão nos Estados Unidos. O dólar foi a R$ 5,37 na máxima do dia, em alta de 2%”, diz Davi Lelis, economista e sócio da Valor Investimentos. “A discussão, hoje, não é mais sobre se haverá ou não recessão nos Estados Unidos, mas quando acontecerá e em que intensidade”, acrescenta.
Em meio às dificuldades na Europa e ao processo de elevação de juros nos Estados Unidos, analistas apontam alto risco de que o euro caia para a paridade, ou mesmo abaixo do dólar, com a perspectiva de agravamento das interrupções no fornecimento de gás europeu resultantes da invasão da Ucrânia pela Rússia. Os temores em torno do fornecimento de energia na Europa se intensificaram no fim de semana depois de o ministro de Finanças da França, Bruno Le Maire, ter dito que o governo está se preparando para um corte total do fornecimento de gás russo.
“No velho continente, as principais bolsas operaram no terreno negativo nesta segunda-feira, com a repercussão dos possíveis movimentos de Lockdown na China e com a apreensão dos investidores em semana de divulgação de dados econômicos na Zona do Euro e nos EUA. A expectativa do mercado é que os indicadores de inflação continuem acelerados e tragam mais urgência ao Banco Central Europeu para atuar na taxa de juros, trazendo, mais uma vez, o risco de resseção para o radar dos investidores”, afirmou Leonardo Neves, especialista em Renda Variável da Blue3 Investimentos.
Por sua vez, o petróleo foi pressionado abaixo em parte do dia, em sessão na qual as commodities também refletiram temores sobre a demanda chinesa, ainda às voltas com surto de subvariantes da covid-19 – em um quadro de atividade já enfraquecido para a economia global, exposta ainda a pressões inflacionárias.
No noticiário do dia, o índice de indicadores antecedentes composto da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) continua a mostrar perda do impulso no crescimento econômico na maioria das grandes economias do grupo, informou a OCDE nesta segunda-feira. Na leitura mais recente, recuou de 99,69 em maio para 99,51 em junho.
Aqui, o governo trabalha até o momento com a inclusão, a partir de agosto, de cerca de 2 milhões a mais de novas famílias no programa Auxílio Brasil. Com o aumento, o número de famílias contempladas pelo programa social pode subir para um patamar próximo de 20,15 milhões, segundo apurou o Estadão/Broadcast. O texto da PEC Kamikaze, que amplia e cria novos benefícios sociais, estabelece o início do pagamento da parcela adicional de R$ 200 em 1º de agosto. Uma folha extra em julho não poderá ser rodada, apesar da expectativa de aliados do governo.
“Após mais uma semana marcada pela volatilidade e incerteza, investidores começaram a segunda-feira já de olho na quarta – dia em que será divulgado o resultado da inflação ao consumidor referente a junho nos Estados Unidos”, observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos. “A alta de preços está no epicentro dos movimentos de mercado nos últimos meses, com todos os olhos voltados para o desfecho do processo de alta de juros na economia americana, e no resto do mundo. Se muito forte, pode acabar mergulhando os Estados Unidos em uma recessão; se muito fraco, a inflação reduz o poder de compra e aumenta a incerteza”, acrescenta.
“A temporada de balanços está próxima. Tem início nesta semana nos EUA e, na próxima, aqui no Brasil, o que pode trazer mais informações para o investidor dosar o apetite a risco”, aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.
Bolsas de Nova York
Os mercados acionários de Nova York fecharam em queda nesta segunda-feira, em uma sessão marcada pela aversão ao risco. Com uma agenda de indicadores econômicos esvaziada hoje, os investidores começaram a semana monitorando comentários de dirigentes do Federal Reserve (Fed) e o início da temporada de balanços, enquanto ainda persistem os temores de recessão. O foco da semana está na divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI), na quarta-feira.
- Dow Jones: -0,52%, aos 31.173,84 pontos;
- S&P 500: -1,15%, aos 3.854,43 pontos;
- Nasdaq: -2,26%, aos 11.372,60 pontos.
O dólar à vista fechou em alta de 1,96%, a R$ 5,3710, depois de oscilar entre R$ 5,2995 e R$ 5,3755.
Os contratos futuros de petróleo fecharam sem sinal único nesta segunda. A commodity chegou a recuar mais de 2%, com possíveis riscos à demanda no radar, mas depois reduziu perdas, com o Brent ainda marcando fechamento levemente positivo.
O contrato do petróleo WTI para agosto fechou em baixa de 0,67% (US$ 0,70), a US$ 104,09 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para setembro subiu 0,07 (US$ 0,08), a US$ 107,10 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
O contrato futuro de ouro mais líquido fechou em queda, pressionado pelo fortalecimento do dólar no exterior. As perdas, no entanto, foram limitadas por uma maior demanda por ativos de segurança, diante do quadro global de cautela nos mercados.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro para agosto fechou em queda de 0,60%, a US$ 1.731,70 a onça-troy.
No Ibovespa hoje, ações de companhias aéreas sofreram pressões baixistas devido aos custos diante da valorização do dólar e aumento do querosene. Quem liderou as maiores quedas foi Gol (GOLL4), que caiu 11,79% e Azul (AZUL4) perdeu 7,55%.
No ranking, também se destacou Méliuz (CASH3), com -8%, e B3 (B3SA3), que desvalorizou 5,86%.
Entre as poucas altas do índice no dia, Telefônica (VIVT3) subiu 0,80%, seguida por PetroRio (PRIO3), que ganhou 0,74% (R$ 21,92), Assaí (ASAI3), com +0,46% e Magazine Luiza (MGLU3) teve elevação de 0,38%.
O setor bancário do índice encerrou o dia em forte queda. Santander (SANB11) teve -2,00%, Banco do Brasil (BBAS3) caiu 1,64%, Itaú (ITUB4) desvalorizou 1,62% e Bradesco (BBDC3, BBDC4) recuou 2,01%.
A baixa do preço do minério de ferro impactou Vale (VALE3), que recuou 3,41%. Já Petrobras (PETR3, PETR4) caiu 0,06% e 0,49%, respectivamente, reduzindo as perdas ao longo da sessão, diante da volatilidade do petróleo.
Maiores altas do Ibovespa:
- Telefônica (VIVT3): +0,80% // R$ 47,87
- PetroRio (PRIO3): +0,74% // R$ 21,92
- Assaí (ASAI3): +0,46% // R$ 15,35
- Magazine Luiza (MGLU3): +0,38% // R$ 2,63
- Suzano (SUZB3): +0,15% // R$ 47,66
Maiores baixas do Ibovespa:
- Gol (GOLL4): -11,79% // R$ 7,48
- Azul (AZUL4): -7,55% // R$ 11,51
- Méliuz (CASH3): -8,00% // R$ 1,15
- B3 (B3SA3): -5,86% // R$ 10,77
- Dexco (DXCO3): -5,64% // R$ 9,37
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Gol (GOLL4) estima prejuízo de R$ 1,8 por ação; papéis caem 11,7% e lideram baixas no Ibovespa
- Mercado Livre (MELI34) recebe US$ 233 mi do Goldman Sachs para aumentar oferta de crédito
Gol (GOLL4) estima prejuízo de R$ 1,8 por ação; papéis caem 11,7% e lideram baixas no Ibovespa
A Gol (GOLL4) atualizou suas estimativas para o resultado do segundo trimestre de 2022 (2T22). Agora, a companhia aérea projeta um prejuízo por ação (LPA) de R$ 1,801, assim como um prejuízo por ação depositária americana (LPADS) de cerca de US$ 0,751.
O guidance da Gol foi divulgado por meio de atualização ao investidor arquivada na manhã desta segunda-feira (11) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Reagindo aos números, os investidores penalizam as ações da Gol com uma pressão vendedora. Os papéis GOLL4 fecharam em queda de 11,79% e lideraram baixas no Ibovespa.
Vale lembrar que a companhia soma uma baixa de 17,4% somente nos últimos 30 dias.
Ainda segundo o documento de guidance da Gol, a companhia cita que a margem EBITDA no 2T22 está estimada em aproximadamente 10%.
“A receita unitária de passageiros (PRASK) esperada para o segundo trimestre é maior em aproximadamente 50%, comparada ao mesmo período do ano anterior, impulsionada pela forte recuperação de viagens corporativas nas malhas domésticas e regionais da GOL e a retomada de viagens de lazer na malha internacional”, diz o documento arquivado na CVM.
A companhia aérea aponta que a receita da Smiles foi maior em 48% em comparação ao mesmo período de 2019 com um crescimento na base de clientes de 25% versus 2T19.
Já a receita unitária total (RASK) tem um crescimento estimado em 40% neste mesmo período.
Além disso, a alavancagem financeira da Gol (razão entre Dívida Líquida e EBITDA) fechou em cerca de 10x no fim de junho. A liquidez total no final do trimestre está estimada em R$3,6 bilhões, diz a Gol.
Por sua vez, o custo unitário ex-combustível (CASK Ex-combustível) deverá reduzir aproximadamente 40% no comparativo com o 2T21. A gestão da Gol justifica que essa mudança deve se dar por conta do aumento de produtividade (ASKs. utilização de aeronaves e eficiência operacional) e apreciação da moeda brasileira versus o dólar americano no período.
“Os custos unitários com combustíveis (CASK Combustível) deverão apresentar aumento de 73% comparativamente ao 2T21, impactado pelo aumento do preço médio do querosene de aviação (QAV) em aproximadamente 80%, parcialmente compensado por uma redução de aproximadamente 6% no consumo de combustível por hora operada devido a maior parcela da frota composta pelas aeronaves 737-MAX”, diz o documento da Gol.
Mercado Livre (MELI34) recebe US$ 233 mi do Goldman Sachs para aumentar oferta de crédito
O Mercado Livre (MELI34) anunciou que o Mercado Pago – fintech da companhia – recebeu uma nova linha de financiamento privado de US$ 233 milhões do Goldman Sachs. Desse montante, US$ 106 milhões destinam-se à ampliação da capacidade de crédito para pessoas físicas e pequenas e médias empresas no Brasil, e US$ 127 milhões correspondem ao México.
Assim, o Goldman Sachs atinge um total de US$ 485 milhões em injeções de capital no braço de crédito do Mercado Livre entre 2021 e 2022.
As linhas de crédito do Mercado Pago disponíveis na América Latina já atingem a concessão de mais de US$ 7,551 milhões, totalizando 175 milhões de empréstimos destinados ao consumidor e capital de giro para PMEs.
“Vamos continuar a parceria com o Mercado Livre para promover a inclusão financeira e o acesso ao crédito na América Latina. O Mercado Crédito e todo o ecossistema do Mercado Livre são uma plataforma única para melhorar o fluxo de capital para empresas sem acesso a crédito no sistema financeiro tradicional”, afirmou Santiago Rubin, Diretor Geral, Head de Mídia Tecnológica e Telecom para América Latina do Goldman Sachs.
“A possibilidade de ampliar nossa oferta de crédito está no centro do que fazemos: a inclusão financeira se reflete tanto nos novos usuários que terão acesso ao crédito, quanto naqueles que confiam em nós para agregar valor aos seus negócios e projetos”, complementou Cuppi.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: -2,07%
- IFIX hoje: -0,19%
- IBRX hoje: -2,11%
- SMLL hoje: -2,99%
- IDIV hoje: -1,92%
Cotação do Ibovespa nesta sexta (8)
O Ibovespa fechou o pregão da última sexta-feira (8) em queda de 0,44% aos 100.288,94 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)