XP piora projeção para o Ibovespa no final de 2022, mas quadro pode não ser tão ruim; entenda
O mais recente Raio-XP, análise sobre a Bolsa feita pela equipe de especialistas da XP, enfatiza que junho foi mais um mês volátil para os mercados, com preocupações cada vez maiores dos mercados em relação a uma recessão econômica. Com o Ibovespa não foi diferente. A bolsa brasileira sofreu junto com os mercados internacionais, caindo -11,5%, acentuado pela queda forte nas commodities. A XP reduziu projeções para o Ibovespa — mas ponderou: o índice pode se beneficiar de alguns aspectos da economia do país e fechar o ano em patamar mais alto que o registrado em junho.
O crescimento da preocupação com o risco fiscal do país aumentou a percepção e temores de investidores sobre os rumos no mercado de renda variável. No entanto, o relatório enfatiza, mesmo com a baixa do Ibovespa em junho, a maior retração mensal desde o início da pandemia, em março de 2020: “O Brasil continua com uma da melhores bolsas quando comparada com o resto do mundo.”
Nesse sentido, um fator importante a ser destacado, lembra a XP, é o impacto da inflação, causada pela rápida retomada econômica após a vacinação contra a Covid-19, o que desequilibrou a balança entre oferta e demanda. Também afetaram o desempenho da Bolsa os choques causados pela guerra entre Rússia e Ucrânia e a adoção da política zero-Covid na China – o que levou a uma nova falta de insumos na cadeia produtiva.
Para conter a escalada de preços, os bancos centrais globais começaram a apertar suas políticas monetárias. Essa inevitável alta nos juros, segundo a XP, pode levar à contração de demanda, desaceleração econômica e ao aperto nas condições financeiras. Com isso, as probabilidades de uma recessão aumentaram significativamente.
O Brasil, no entanto, possui vantagens. No início do ano, as ações brasileiras se beneficiaram de uma tríplice combinação de rotação global de crescimento para valor, forte exposição a commodities e bancos e múltiplos muito atrativos.
Isso levou a um grande fluxo de capital estrangeiro no início do ano, que se enfraqueceu no segundo trimestre em meio a preocupações com o crescimento econômico global e com a queda dos preços das commodities.
“Devemos ver maior volatilidade no segundo semestre com riscos externos e doméstico; atualizamos o preço-alvo do Ibovespa para 120 mil pontos para o final de 2022”, afirma o relatório. O Ibovespa fechou junho na faixa dos 99 mil pontos. A XP havia estabelecido, no início do ano, um preço-alvo de 130 ml pontos.
Lá fora, os mercados devem continuar enfrentando inflação, juros e riscos de recessão. Por aqui, um fator importante são os riscos fiscais e políticos em decorrência do cenário de eleições se aproximando. “Por outro lado, ainda vemos o Ibovespa ainda bastante barato”, ressaltam.