Vale: CPI de Brumadinho aprova quebra de sigilos de Fábio Schvartsman, ex-CEO da empresa

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (4) a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático de Fábio Schvartsman, ex-presidente da Vale. A CPI investiga a tragédia em Brumadinho (MG).

Schvartsman presidia a Vale quanto houve o rompimento da barragem, que ocorreu em 25 de janeiro de 2019. O mar de lama provocou 245 mortes e deixou inúmeras pessoas desabrigadas.  A assessoria da mineradora informou que Schvartsman agora é diretor-executivo e está afastado do cargo.

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O requerimento foi aprovado nesta quarta-feira e foi apresentado pelos deputados Áurea Carolina (PSOL-MG) e Rogério Correia (PT-MG). De acordo com o documento, é necessário quebrar os sigilos de Fábio Schvartsman para investigar se ele tinha conhecimento da instabilidade da barragem que rompeu em janeiro.

“Dos depoimentos prestados perante essa Comissão, percebe-se claramente uma tentativa dos gestores da Vale de imputar toda a responsabilidade pelo acidente aos funcionários que atuavam na ponta, os quais não ocupavam posição de chefia e não detinham poder de decisão, devendo se reportar aos gerentes aos quais eram subordinados. Esses, por consequência, devem se reportar aos seus superiores na cadeia hierárquica, sendo que todos se subordinam, em último nível, ao presidente da empresa”, diz o requerimento aprovado.

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Análise

No último dia 9 de abril, a engenheira Cristina Malhereiros, da Gerência de Geotecnia da Vale depôs na CPI. Na ocasião, Malhereiros disse que a análise técnica não indicou que a barragem poderia se romper.

Malheiros foi convocada pela CPI porque, segundo depoimento, tinha conhecimento da situação da instabilidade da barragem. A engenheira foi presa em fevereiro desde ano. Logo em seguida, o Superior Tribunal de Justiça determinou a soltura dela.

“A minha assinatura se restringe a fazer análise técnica no campo e, diante dessas inspeções, eu não tinha nenhuma observação de anormalidade que pudesse indicar um possível rompimento. Eu me sentia segura com os documentos que eu tinha”, afirmou a engenheira à CPI.

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“No acompanhando que eu fazia, nenhuma anormalidade me chamou a atenção de um possível rompimento até a última inspeção que eu fiz no dia 23 de janeiro. Estávamos em dez pessoas inspecionando a barragem. E nada foi alertado sobre um possível rompimento”, acrescentou Cristina Malheiros na ocasião.

Renan Dantas

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