Dólar cai quase 1% com alta de commodities PEC dos combustíveis
O dólar opera em baixa no mercado local nesta quarta-feira (29), ajustando-se à queda frente outras moedas emergentes pares do real em manhã de alta de commodities, como petróleo.
A cotação do dólar opera em queda de-0,96%, a R$ 5,225, enquanto o Ibovespa também recua na sessão de hoje.
A expectativa de definição, amanhã, da última taxa do dólar Ptax de junho pode estar pesando também. Os investidores locais estão à espera da apresentação da PEC dos Combustíveis na Câmara.
Ontem, o preço dólar no segmento à vista subiu 0,60%, a R$ 5,2660, o maior nível desde 4 de fevereiro, e o dólar para julho encerrou a sessão estendida em alta de 0,53%, aos R$ 5,2755, precificando a subida da divisa dos EUA e a percepção de que as benesses do governo devem ser ampliadas na PEC.
No exterior, o índice DXY do dólar ante seis divisas principais ganhou força há pouco em meio cautela com riscos de recessão. Os juros dos Treasuries aceleraram queda, há pouco, após a divulgação da leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) americano no primeiro trimestre. O indicador registrou contração de 1,6%, ligeiramente acima da queda de 1,5% estimada anteriormente.
Já a prévia da inflação ao consumidor (CPI) na Alemanha subiu 0,1% em junho ante maio, abaixo da previsão dos analistas (+0,5%).
No Congresso, hoje, o senador e relator Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) deve fazer nesta manhã a apresentação do relatório final da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Combustíveis, que deve incluir a ampliação de benefícios sociais às vésperas da eleição de outubro. Ontem as taxas futuras do valor do dólar subiram sob influência externa e reagindo mal ao adiamento da apresentação da PEC.
Na última sexta-feira, Bezerra Coelho (MDB-PE) estimou que o pacote de benefícios sociais da PEC deve ter impacto fiscal de R$ 34,8 bilhões fora do teto de gastos, a regra que limita o crescimento das despesas à variação da inflação. Mas o Broadcast apurou que o custo estimado do pacote ronda R$ 54 bilhões, entre aumento de despesas e perda de receitas com desoneração de tributos.
Desse total, cerca de R$ 37 bilhões são de despesas que ficarão fora do teto de gastos para bancar o aumento do Auxílio Brasil (de R$ 400 para R$ 600); a bolsa-caminhoneiro de R$ 1 mil; o reforço no vale-gás (o benefício atual, em torno de R$ 53, deve ser dobrado e passar a ser mensal; hoje é pago a cada dois meses); a gratuidade do transporte público aos idosos; e a compensação aos Estados que reduzirem para 12% o ICMS sobre etanol. Essas falas também podem ter impactado na movimentação do dólar.
A ala política do governo articula a possibilidade também de zerar a fila do programa social que substituiu o extinto Bolsa Família. No radar está ainda a pressa do governo e do presidente da Câmara em aprovar a PEC em dois dias, enquanto pelo rito normal levaria meses de discussões.
A queda do dólar hoje também ocorreu em meio a divulgação do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que acelerou a 0,59% em junho, após alta de 0,52% em maio, mas ficou abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de avanço de 0,70%. O levantamento tinha piso de 0,50% e teto de 0,97%. A inflação acumulada em 12 meses desacelerou marginalmente de 10,72% para 10,70%, também abaixo da estimativa intermediária do mercado, de 10,83%. No ano de 2022, o indicador acumula alta de 8,16%.
O Índice de Confiança de Serviços (ICS) subiu 0,4 ponto na passagem de maio para junho, na série com ajuste sazonal, para 98,7 pontos. Em médias móveis trimestrais, o índice avançou 2,2 pontos. Já o Índice de Confiança do Comércio (Icom) cresceu 4,6 pontos na passagem de maio para junho, para 97,9 pontos, de acordo com a FGV. Em médias móveis trimestrais, o indicador subiu 3,7 pontos, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). Em médias móveis trimestrais, o índice avançou 2,2 pontos.
Última cotação do dólar
O dólar encerrou ontem (28) em queda de 0,53%, a R$ 5.275,50
Com informação de Estadão Conteúdo