Comitê da Petrobras (PETR4) dá aval à indicação de Caio Paes de Andrade para a presidência
O Comitê de Elegibilidade (Celeg) da Petrobras (PETR4) se reuniu nesta sexta (24) e deu sinal verde para à indicação de Caio Paes de Andrade à presidência da companhia. A decisão não foi unânime, mas venceu a maioria. Andrade foi escolhido pelo governo para ocupar o posto depois da demissão, em maio, e da renúncia na última segunda (20) de José Mauro Coelho. No mesmo dia, a companhia nomeou Fernando Borges para presidir interinamente a estatal.
O Celeg disse que Andrade reúne os requisitos para comandar a companhia. A indicação de Paes de Andrade já tinha sido comunicada à estatal havia quase um mês. Mas o processo administrativo de substituição exige que o comitê dê o aval para a indicação.
Na segunda (27) o Conselho de Administração da Petrobras deve chancelar a nomeação de Andrade.
“Foi reconhecido pelo Comitê de Elegibilidade (Celeg) previsto no artigo 21 do Decreto nº 8.945/16, por maioria, o preenchimento dos requisitos previstos na Lei nº 13.303/16, no Decreto nº 8.945/16 e na Política de Indicação de Membros da Alta Administração da Petrobras”, disse a estatal, no documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) após reunião iniciada às 16h desta sexta-feira.
Segundo o comunicado, Paes de Andrade foi indicado aos cargos de conselheiro de administração e presidente da Petrobras, o que precisa ser respaldado pelo conselho de administração da empresa.
Paes de Andrade, que vai assumir a presidência, é secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia. Ele será o quarto presidente da estatal no governo atual. Antes dele, foram presidentes da Petrobras, Roberto Castelo Branco, o general da reserva do Exército, Joaquim Silva e Luna, e José Mauro Ferreira Coelho.
A Petrobras havia anunciado, na segunda-feira (20), Fernando Borges como novo presidente interino da companhia em decorrência da renúncia de Coelho. Borges é diretor executivo de exploração e produção.
Coelho renunciou como presidente da Petrobras e logo depois a companhia anunciou o novo CEO interino. A decisão de Coelho se deu após o reajuste no preço de combustíveis anunciado na sexta-feira (17), o que aumentou a pressão política sobre os executivos da estatal.
A saída de Coelho já tinha sido definida pelo governo Bolsonaro. O CEO sofria pressão de integrantes do executivo para renunciar e acelerar o processo de mudança na companhia. Na semana passada, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), se juntou ao coro e pediu sua saída imediata após o reajuste dos combustíveis.
Segundo Bolsonaro, as altas da gasolina e do diesel são “inconcebíveis”, e o mandatário chegou a propor a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
“A ideia nossa é propor uma CPI para investigar o presidente da Petrobras, os seus diretores e também o Conselho Administrativo e fiscal. Nós queremos saber se tem algo errado nessa conduta deles”, disse.
“É inconcebível se conceder um reajuste, com combustível lá em cima e com os lucros exorbitantes que a Petrobras está tendo”, acrescentou Bolsonaro na entrevista a uma rádio em Natal (RN). Bolsonaro disse também que o Conselho de Administração da Petrobras está “boicotando” o Ministério de Minas e Energia (MME), que é o vínculo entre o Planalto e a empresa.
Novo presidente da Petrobras terá ‘freio para reajustes’ em ano de eleição
O indicado para ser o próximo presidente da Petrobras, Caio Mario Paes de Andrade, não deve ter a caneta em mãos para segurar novos reajustes.
Para ter sucesso em postergar aumentos para depois das eleições como espera o governo, terá de convencer os membros da atual diretoria ou esperar uma renovação completa dos indicados do governo ao conselho de administração da Petrobras.
Só assim conseguirá selecionar um novo alto escalão da estatal e garantir maioria para aprovar pautas desejadas pelo governo e, com isso, atrasar eventuais aumentos nas bombas de combustíveis.
Fontes próximas da estatal consultadas acreditam que o próximo presidente da companhia, que deverá ser confirmado no posto nos próximos dias, deverá tentar segurar um novo ajuste ao menos até as eleições.
Uma fonte que conhece de perto as regras da empresa diz que, se Andrade seguir esse caminho, terá de elaborar uma documentação provando que não houve prejuízos ao mercado ou a acionistas com o atraso de se alcançar a paridade dos preços internacionais.
Se não conseguir, poderá até ser questionado na Justiça “na pessoa física“.
Decisão que escolheu presidente interino da Petrobras ‘irritou governo’
Após a renúncia do presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, o conselho de administração decidiu nomear Fernando Borges, diretor de Exploração e Produção, como presidente interino da empresa.
Segundo informações da coluna de Lauro Jardim, do O Globo, a decisão irritou o governo.
A intenção era que o escolhido já fosse Caio Paes de Andrade, indicado do Ministério de Minas e Energia para substituir Coelho. O Palácio do Planalto preferia que Andrade fosse apontado como interino, para depois ser efetivado no cargo.
Como a indicação de Paes de Andrade à Petrobras já foi comunicada à estatal há quase um mês, daria tempo suficiente, segundo o Executivo, para que a burocracia resolvesse qualquer pendência previamente
Com informações do Estadão Conteúdo